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Cinema: Crítica – Grand Budapest Hotel (2014)

grand budapest hotel posterNão utilizo óculos à Buddy Holly. Não me visto com roupas coloridas e não tenho um bigode como o Rich Pennybags, nem tão pouco como o Julius Pringles. Mas nada disto me parou de gostar novamente de um filme do realizador Wes Anderson – o texano mais ecléctico e quirky desde Walker, o Ranger do Texas. [fbshare]

Este texano (Anderson, não o Walker) volta com Grand Budapest Hotel, mais um filme completamente embebido e fortalecido com Andersonade (uma bebida energética muito requisitada) que conta as aventuras do consierge do Grand Budapest Hotel, Gustave H. (Ralph Fiennes) e do seu lobby boy Zero (Tony Revolori) enquanto perseguem a herança de Madame D. (Tilda Swinton+ maquilhagem) – uma velha conhecida do consierge. Tudo isto narrado com distinção, classe e requinte por Jude Law (que se está a tornar no narrador mais requisitado de Hollywood desde Morgan Freeman e Keith David).

Mas voltemos atrás no tempo até 2007, ano em que o realizador entrou em algo ainda pouco explorado nos seus filmes ao ter dado os primeiros passos no mundo de stop-motion com a adaptação da obra de Roald Dahl, Fantastic Mr. Fox – lançado dois anos mais tarde. Este filme ampliou o estilo único e excêntrico de Wes Anderson por 100 e deixou no ar um certo elemento de fantasia que viu maneira de se infiltrar em Moonrise Kingdom e não abandonou o realizador desde então (como uma espécie de Poltergeist à la Tobe Hooper).

E é neste mesmo ambiente que o estilo de Wes Anderson se sente verdadeiramente livre para nos levar para o seu próprio mundo, onde podemos encontrar a mais surpreendente das personagens (o Capitão Sharp de Bruce Willis em Moonrise) , a mais chocante das cenas (algo que envolve dedos, neste filme) e uma das perseguições mais originais que vi nos últimos tempos e que me levou a ter um flashback imediato para uma das cenas finais entre o Bond de George Lazenby e o Blofeld de Telly Savalas no On Her Majesty’s Secret Service (e quando um filme nos faz lembrar uma das melhores missões do agente 007 é porque acertou em alguma coisa).

Anderson desafia-nos outra vez a encontrar alguém que não agrade a gregos nem a troianos com F. Murray Abraham, Edward Norton, Saoirse Ronan, Bill Murray e Harvey Keitel a serem alguns dos actores nesta trupe gigante que se pinta com as cores do realizador e se deixa fazer parte do próprio papel de parede do filme e do hotel.
Mas ninguém veste melhor as cores da camisola como o sempre excelente Jeff Goldblum, o surpreendente Adrien Brody e o genial Willem Dafoe (há algo naqueles olhos que me faz gostar do segundo Speed). Vou repetir mais uma vez os nomes destes três actores para que fique bem claro que eles fazem parte de um certo parafuso essencial que faz o filme funcionar como um relógio do Dr. Emmett Brown. Atenção – Jeff Goldblum, Adrien Brody e Willem Dafoe, limpeza na secção dos congelados.

São vários os pequenos detalhes e retalhos que completam a lista de imagens de marca do realizador (a sua lista de compras deverá ser uma leitura interessante), entre os quais: o tradicional humor screwball à Anderson, os seus habituais planos simétricos, as personagens peculiares com curiosos timings, cenários repletos de cor (que deixariam alguém como Randy Savage cheio de inveja), animação em stop-motion, backgrounds em matte e uma banda sonora muito “Andersiana” do compositor Alexandre Desplat (se alguém com tempo quiser criar um dicionário só com “Andersionismos”, por favor não o faça).

Evidente que estes mesmos “Andersionismos” não são para todos os gostos e ainda não sei se são bem para os meus ou não, mas deixem-me trocar este blá-blá todo por outras palavras…

Existem pessoas que decoram as suas casas como filmes do Wes Anderson. São casas que eu compraria? Não. São casas em que eu viveria? Nem por isso. Gostaria de as visitar de vez em quando por curiosidade? Sim, não vejo porque não. Pela principal razão que ninguém decora uma casa tão bem como o próprio Anderson, com todo o tipo de objectos que vão desde Z a A.

starz

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