Cinema: Crítica – Fumer Fait Tousser
Quentin Dupieux está de volta à cadeira de realizador e no comando de Fumer Fait Tousser, mas será que é uma boa aposta?
Quentin Dupieux não é um nome desconhecido ao bizarro e obras anteriores do mesmo, como Rubber e Mandibulas mostram isso mesmo. No entanto, desta vez o realizador francês abraçou o absurdo de uma forma demasiado agarrada, levando a momentos estapafúrdios.
A própria forma como o filme se desenrola acaba por ser bastante enganador. Devo considerar que alguns dos espectadores da sessão do Indie Lisboa também devem ter sentido o mesmo, pois entrei na sala a pensar que iria ver uma paródia a séries como Power Rangers, mas, acabou por sair um pouco ao lado. Sim, a paródia está lá, na personificação da Tobacco Force, um grupo de justiceiros franceses que utiliza o poder dos componentes do tabaco para lutar contra todo o tipo de monstros. No entanto, a verdadeira essência deste filme são o conjunto de histórias que nos são contadas de forma antológica.
Se por um lado os membros da Tobacco Force dão-nos alguns momentos de comédia bastante interessantes, como Gilles Lellouche a interpretar um pseudo-líder com demasiados traços narcisistas e Mercure (Jean-Pascal Zadi) a ser completamente ignorado na maioria dos membros da sua equipa, a verdade é que a maioria das interpretações e histórias contadas nas antologias são um pouco anti-cliimáticas (uma delas de propósito, que acaba por tornar-se um dos momentos mais cómicos e belos do filme), pois tornam-se histórias que são nojentas e parvas sem razão alguma, desde termos uma assassina em série porque decidiu começar a pensar por fez uma introspeção da sua vida, ou, até mesmo um personagem que aparentemente não sente nenhuma dor. São momentos curiosos onde a piada acaba por ser gasta passado alguns minutos, o que leva o espectador a ficar aborrecido.
Com isto, não quero dizer que é um filme completamente mau, tem uma espécie de crítica ambiental e disfarça bastante bem o seu contexto anti-tabagismo. No entanto, considero que é mais uma obra de Quentin Dupieux em que ele volta a perguntarmo-nos “Por que razão acontece isto num filme? Porque sim!”, algo que aborda de uma forma bastante poética e incrível no Rubber.
Por fim, gostava de referir que o final do filme é o pior momento dele, não porque acaba, mas a forma como acaba. Não existe ponta por onde pegar naquele final. Se o tivessem concluído momentos antes era completamente compreensível, mas, é neste momento que são abraçados o absurdo e o anti-cinema característico do realizador. Fiquei sem reação quando a tela de créditos apareceu, pois foi no momento menos necessário possível.
Resta concluir que, Fumer Fait Tousser é um filme que divide um pouco a minha opinião e, por consequente, irá dividir a daqueles que o assistirem: por um lado gostei do lado absurdo do mesmo, mas, ao mesmo tempo sinto que existem momentos-chave que eventualmente faltariam ali para dar mais contexto à coisa. Para fãs de Quentin Dupieux está perfeito, para os outros, nem por isso.
Nota Final: 6/10
Fumer Fait Tousser foi visto no âmbito da cobertura da 20ª edição do IndieLisboa.
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.