Cinema: Crítica – Fala Comigo (2023)
O cinema de terror é possivelmente dos géneros onde pode haver mais espaço para novos cineastas terem maior controlo criativo sobre as suas obras, oferecendo histórias alternativas, muitas vezes que levam ao limite o imaginário mais assustador. No caso da dupla de Danny e Michael Philippou, dois youtubers australianos, mais conhecidos como RackaRacka, a transição entre o online para o grande ecrã é feita na forma de Fala Comigo.
O filme segue um grupo de adolescentes, entre eles Mia (Sophie Wilde), Jade (Alexandra Jensen), Hayley (Zoe Terakes), Joss (Chris Aloisio) e Daniel (Otis Dhanji), que decidem ligarem-se aos mortos através de uma mão embalsamada, dizendo as palavras mágicas.Enquanto Mia está ainda de luto, após perder a sua mãe, esta experiência sobrenatural ofereceu-lhe uma oportunidade que dá uma reviravolta imprevisível no grupo, indo mais longe do que alguma vez deveria.
Altamente focado, Fala Comigo aborda de forma eficaz o género com uma curiosidade imensa, agarrando numa base relativamente básica, e torcendo-a em algo frequentemente chocante e violento, capaz de causar muitos arrepios, sem complicar em demasia, e com muito pouco entre mãos. Na verdade, o uso inteligente de um orçamento de 4.5 milhões de dólares contrasta de forma perfeita como a dupla cria desde do primeiro passo um potencial filme de culto, que certamente terá os seus seguidores daqui em diante.
Se por um lado a exploração do conceito permite a introdução de elementos novos, e arriscados, à narrativa; percebemos que estamos perante dois criativos com muita vontade em serem as próximas referências do seu país de origem, um gesto que acabou por vir na forma de um compromisso da dupla em fazerem mais obras na Austrália, e aproveitar toda a riqueza da sua cultura, em comparação com outros países.
Com um elenco relativamente desconhecido, é fácil deixarmos-nos levar pelo terror vivenciado pelas diferentes personagens que estão a passar por esta experiência sobrenatural; com Wilde a ser o grande destaque, e quem mais acompanhamos entre mudanças ao longo da história, convencendo-nos de forma muito real que o medo existe.
Assim, Fala Comigo é facilmente uma das grandes surpresas do ano, que com certeza ficará na mente de todos aqueles que se atrevem a viver este grande filme de terror, no que será uma das estreias nas longas-metragens mais memoráveis dos últimos tempos. A tensão existe e nada, absolutamente nada, nos deixa preparados para onde este filme nos leva, até ao limite.
Nota Final: 8/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.
