Cinema: Crítica – Evil Dead Rise – O Despertar (2023)
A saga Evil Dead já teve várias iterações, desde uma trilogia variada, culminando em O Exército das Trevas, que levou Ash até aos tempos medievais, um reboot de 2013 onde Fede Alvarez provou o que era capaz, mais tarde realizando o fenómeno Nem Respires; e uma série que trouxe de volta o amado Ash, para combater novas ameaças com novos amigos, uma aventura que durou apenas três temporadas, mas que encheu os corações de fãs, que tiveram oportunidade de ver a mítica personagem num mundo moderno. É por isso que quando surgiram notícias de um novo Evil Dead, este realizado por Lee Cronin (The Hole in The Ground), e que este prometia ser o reboot definitivo, Evil Dead Rise – O Despertar (A Morte do Demônio – A Ascensão, no Brasil) gerou alguma curiosidade e expectativas.
Conhecemos Beth (Lily Sullivan), uma técnica de guitarras que depois de ter se ausentado para uma tournée, decide ir surpreender a sua irmã Ellie (Alyssa Sutherland), e os seus sobrinhos Danny (Morgan Davies), Bridget (Gabrielle Echols) e Kassie (Nell Fisher). Após um terramoto abrir um buraco no parque de estacionamento, revelando um cofre com o livro maldito, é desencadeado o pior pesadelo de sempre.
O que poderia ter sido uma nova abordagem espectacular acaba por ser uma experiência aterradora, mas muito contida. Ao desenrolar da narrativa, somos frequentemente provocados de que algo maior está para acontecer, mas que em momento nenhum chega a tempo para nos salvar da armadilha de um filme que é passado, praticamente na sua íntegra, num só local. Já se tinha gerado durante o ano passado uma discussão em volta de filmes contidos – os brilhantes Something in The Dirt e Host, cada um à sua maneira, convenceram-nos que quando existe criatividade, existe oportunidade.
Acontece que Evil Dead Rise – O Despertar, é uma espécie de reciclagem do seu reboot mais velho, apenas num edificio escuro e claustrofóbico. Enquanto é isto que nos reserva a narrativa, é nas actuações do pequeno elenco onde as coisas ficam mais interessantes, com Sutherland numa posição privilegiada para causar os maiores sustos, e Sullivan do outro lado, a proteger as crianças como pode. As coisas tornam-se grotescas de forma rápida, onde nunca se viu tanto sangue falso a ser usado de forma caótica. Mas a sua narrativa básica torna muitos dos seus elementos redundantes, deixando-nos à espera da grandiosidade que tanto parecia prometer; e Cronin a repetir a dose atmosférica dos seus trabalhos anteriores.
Assim, Evil Dead Rise – O Despertar é uma obra que demonstra algum potencial para o futuro, com muito espaço para inovar, sendo que os primeiros passos são sólidos o suficiente para que tenha uma base fundamentada para sequelas de alto risco num universo maior.
Nota Final: 6/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.