Cinema: Crítica – Bem Bom
Após sucessivos adiamentos causados pela pandemia da COVID-19, Bem Bom chegou finalmente às salas de cinema portuguesas. Terá valido a pena a longa espera?
No ano de 1979, um grupo de quatro jovens composto por Bárbara Branco (Fátima Padinha), Lia Carvalho (Teresa Miguel), Ana Marta Ferreira (Laura Diogo) e Carolina Carvalho (Helena Coelho) forma uma das primeiras girlsband no mundo e o principal e mais revolucionário grupo feminino português até aos dias de hoje e que, através das suas músicas com letras provocadoras e visuais arrojados, irá abalar o Portugal conservador dos anos 80.
Inspirado livremente em factos verídicos, Bem Bom, realizado por Patrícia Sequeira, acompanha o nascimento e crescimento das Doce, quatro mulheres com personalidades vincadas, explorando as relações que estabelecem entre si e a sua evolução musical desde a sua génese até ao auge da carreira, com a vitória no Festival da Canção de 1982.
Tendo em conta o orçamento limitado, os valores de produção são muito bem conseguidos para aquilo a que o cinema português nos vinha a habituar, com uma realização sóbria, um argumento interessante q.b., figurinos deslumbrantes e adaptados à época e, acima de tudo, interpretações superlativas das quatro protagonistas que, sem tentar emular ao pormenor todos os trejeitos e características físicas das quatro congéneres “reais”, conseguem oferecer uma profundidade dramática que faz com que o espectador sinta proximidade com elas.
No entanto, a película tem falhas notórias, sendo a mais grave a pobreza das sequências musicais, que parecem ter sido todas filmadas no mesmo local (talvez devido à falta de recursos financeiros), deixando um sabor agridoce, uma vez que as cenas que deveriam ser o clímax do filme acabam por se revelar o ponto mais fraco. Ainda assim, a intemporalidade das canções é capaz de deixar um sorriso na cara dos espectadores, que decerto perdoarão estas deficiências, ainda para mais sendo elas consequência dos recursos limitados e não de qualquer erro da equipa de produção.
Nota Final: 7/10
Apaixonado desde sempre pela Sétima Arte e com um entusiasmo pelo gaming, que virou profissão.