Cinema: Crítica – Águas Perigosas (2016)
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Termina a Guerra do Vietname. Saturday Night Live estreia na NBC. E o cinema americano nunca mais será o mesmo. [fbshare]
O blockbuster nasce com o intocável Jaws, baseado na obra de Peter Benchley e com um jovem Steven Spielberg na sua terceira longa-metragem.
Dois anos depois, Peter Yates traz-nos The Deep – a segunda adaptação ao grande ecrã de Benchley. Uma excitante caça ao tesouro com Nick Nolte, Robert Shaw, Eli Wallach e Jacqueline Bisset.
A verdadeira estrela do filme? A t-shirt molhada de Bisset. O produtor Peter Guber afirmou, “essa t-shirt fez-me um homem rico”. O seu efeito é ainda sentido por esse mundo fora.
E já daqui a uns dias poderá ser sentido nas calças de muitos dos espectadores que escolham ir ver este Águas Perigosas – o mais recente shark attack do realizador Jaume Collet-Serra – com Blake Lively no papel principal, numa simpática mistura entre uma forte personagem e o seu inegável sex appeal.
Nancy Adams (Lively) decide visitar uma praia isolada nos confins do México – a mesma que era visitada pela sua mãe. Mas Nancy não está sozinha. A fazer-lhe companhia estão inúmeras criaturas do mar. Entre elas, um grande tubarão-branco.
A premissa é simples, eficaz e como disse, Blake Lively está dinamite. A câmara sabe exatamente que ângulos escolher para tirar partido da sua forma perfeita e perdoem-me por me estar a babar em pleno, mas acho que é esse mesmo o objectivo. Um ponto para ti, filme.
Juntem a isso uma personagem bem construída, com um arco narrativo claro e bem definido, e já temos bases sólidas para um pedaço de entretenimento funcionar a um nível básico.
A ideia não é original, mas não tem de o ser para ser contada de forma sábia, com a medida certa de suspense e um pulso forte na tensão.
Mas este é o segundo acto do filme. O terceiro é uma terrível conclusão para a história, que descarta todo o momentum que o filme andou a construir para o terminar com uma desapontante batalha de Lively vs. criatura CGI que parece ter saído do Deep Blue Sea. Não estraga o filme, mas tira-lhe uma perna.
Collet-Serra gosta de decorar a frame, trazendo elementos que de outra forma não veríamos, diretamente para os nossos olhos. Videochamadas, troca de mensagens e relógios são alguns dos seus elementos preferidos. Chamem-me velho mas é o equivalente de ter alguém a acenar um telemóvel à nossa frente, no meio de uma paisagem linda, só para chamar a nossa atenção (sim, ele utiliza-os para desenvolver a história e as personagens, mas mesmo assim…).
Por falar em paisagens, a fotografia de Flavio Labiano é possivelmente a melhor que já vi nos cinemas este Verão. Somos completamente submersos em algumas das imagens mais belas e paradisíacas que a Austrália e a Nova Zelândia têm para nos oferecer, para não falar dos vermelhos vivos que tingem a água cada vez que uma personagem conhece o seu trágico destino.
Uma última nota. Se este é o The Blake Lively Show, ele é (quase) roubado por uma adorável andorinha com um nome ainda mais adorável. Meus caros, é algo capaz de derreter o mais duro dos corações.
Mas se não gostam do vosso derretido talvez gostem dele a palpitar. Águas Perigosas é uma agradável surpresa, com boas doses de suspense, um fantástico sidekick e uma excelente Blake Lively que tem aqui não só o seu momento Jacqueline Bisset, como o seu Ryan Reynolds em Buried.
E agora, vá lá. Vão sentir essa sensação engraçada nas calças para um cinema mais próximo.