Cinema – Crítica: Agentes Universitários (2014)
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O cérebro de Hollywood tem ideias estranhas e funciona de uma maneira muito peculiar, parecido ao Krang das Tartarugas Ninja. E em 2012, uma dessas ideias consistia em juntar os realizadores Phil Lord e Chris Miller, frescos do sucesso de animação Cloudy with a Chance of Meatballs, com a dupla de Jonah Hill e Channing Tatum para uma adaptação de 21 Jump Street, um crime drama que colou a cara e o corpo de Johnny Depp em muitas paredes nos anos 80.
Mas alguma coisa não parecia soar bem… mudar por completo o tom da série e ainda por cima com Channing Tatum? E depois o filme foi lançado. Tinha tanto a ver com a série como Friday the 13th: The Series tinha a ver com os filmes (sem contar com os cameos). Mas ao mesmo tempo, foi uma das melhores e mais divertidas comédias de 2012, um sucesso na bilheteira e com os críticos que provou que havia mesmo algo de especial na dupla de Lord e Miller.
Alguns Wolf of Wall Streets depois (mas antes de um Foxcatcher) chega-nos a temível sequela, a inevitável continuação…22 Jump Street – Agentes Universitários! (para títulos portugueses não está mau, mas não poderia mesmo ter ficado 21/22 Jump Street?).
Pouco surpreendentemente, é uma das melhores e mais divertidas comédias deste ano (Lord e Miller são ainda responsáveis por uma outra). Depois de terem concluído o secundário (não soa tão bem como HIGH school, mas ok), os agentes Schmidt (Jonah Hill) e Jenko (Channing Tatum) estão novamente nas ruas a perseguir traficantes de droga até que o Deputy Chief Hardy (Nick Offerman) os decide reencaminhar novamente para o Capitão Dickinson (Ice Cube), agora localizado em 22 Jump Street, que lhes dá a derradeira missão de descobrirem e apreender um novo traficante… na universidade!
Mais do que isto, seria estragar e desconstruir todas as piadas e gags que o filme tem para oferecer (e não são poucos) e se nem todas as piadas podem ter o mesmo poder, nenhuma delas é verdadeiramente desperdiçada e a química entre Jonah Hill e Channing Tatum serve como uma espécie de Flubber para proteger o argumento de possíveis desvios.
Um deles poderia ter sido as várias piscadelas que o filme dá ao facto de esta ser uma sequela, e embora esta não seja a primeira vez que vemos este conceito ser utilizado num filme de comédia, aqui é feito de uma maneira que simplesmente resulta e quando percebemos que o filme percebe a piada tudo se torna ainda melhor. É como se fosse o New Nightmare dos buddy cop movies!
Seria ainda impossível não mencionar o elenco secundário e estou pronto a apostar todo o meu dinheiro numa noite louca em Las Vegas em como: a) Ice Cube é uma das melhores coisas em Jump Street; b) Peter Stormare (sim, é verdade!) é o derradeiro kingpin cinematográfico; c) em como os Lucas Brothers e Jillian Bell terão um bom futuro no mundo da comédia norte-americana; d) Amber Stevens é uma séria candidata a “ser humano feminino perfeito” e f) Foi bom ver o filho do lendário Snake Plissken/Jack Burton/ MacReady no grande ecrã!
Com 4 filmes consecutivos que se destacam como do melhor que se faz no género, mal posso esperar para ver qual o próximo passo que os realizadores Phil Lord e Chris Miller vão dar. É muito difícil não os incluir em listas como “Os realizadores mais originais a trabalhar hoje em dia.” ou em “Quais as mentes mais geek de Hollywood?”.
Resumindo: É rápido, é inteligente, é hilariante. É a sequela perfeita e é dos melhores filmes do verão. Tem ainda os melhores créditos finais na história do cinema. Sim, estou a falar a sério. Muito a sério.
4/5
Tiago Laranjo