Cinema: Crítica 300: O Início de um Império (2014)
“SWOOSH! ARGHHH! [Litros de sangue]”
7 anos depois de uma aparente mera adaptação da graphic novel de Frank Miller dar uma injecção de adrenalina no género de sword-and-sandel, originar inúmeros rip-offs e wannabes (estou a olhar para vocês Immortals e Spartacus) e ainda meter em qualquer conversa a frase “This is Sparta!” chega-nos uma prequela, uma sequela, nenhuma das duas opções anteriores e ambas ao mesmo tempo.[fbshare]
300: O Início de um Império, uma equal de acordo com o realizador Noam Murro que substitui Zack Snyder (aqui produtor e co-argumentista), passa-se antes, durante e depois do primeiro filme, contando a história da batalha naval de Salamina entre as tropas persas de Xerxes (Rodrigo Santoro) e Artemisia (Eva Green), filhos do Rei Dario (Igal Naor), entre as tropas gregas lideradas por Temístocles (Sullivan Stapleton).
A história é basicamente isto, e acho que ninguém pediu mais quando estamos a ver um filme como este (e isto não é um ataque disfarçado, é um elogio!). O segredo está na receita e o filme prova isso com bastantes sequências em câmara lenta, sangue digital, gritos de guerra e ainda uma adequada dose de nudez.
E, se o primeiro filme era conduzido pela história de Gerard Butler como Leonidas, este filme mostra mais interesse nos vilões persas do que nos heróis gregos e espartanos, construindo a história à sua volta e deixando as personagens de Lena Headey e David Wenham (Gorgo e Dillios, respectivamente) no background, o que nos introduz a várias cenas dedicadas totalmente às origens de Xerxes e Artemisia.
Embora Rodrigo Santoro esteja em plena forma, também ele tem um papel menor comparado com o de Eva Green, que é uma força da natureza durante todo o filme!
Entre o sotaque britânico e uma atitude (e guarda-roupa) de plena dominatrix, Eva Green mostra-se mais do que pronta para comandar o filme (e quem sabe os seus próprios guerreiros persas) estando sempre dividida entre o terrivelmente sexy e o mortalmente atraente. Se eu precisasse de mais razões para ver o próximo Sin City, iria certamente gritar o nome Eva Green.
Talvez este foco nos vilões seja acidental ou talvez tenha a sua razão de existir por não haver um herói tão carismático como Leonidas para suportar o filme.
Isto não quer dizer que Sullivan Stapleton e os seus abdominais não cumpram os seus papéis, mas ambos não têm a mesma presença que Butler mostrou ter no primeiro filme e o mesmo pode ser dito para o resto do batalhão grego, que é definitivamente um dos pontos fracos do filme (infelizmente este filme não tinha um Michael Fassbender a completar o elenco).
Mas são as pequenas diferenças que tornam toda a experiência mais divertida e afinal isto é uma batalha naval, logo o filme é dominado por azuis e cinzentos que contrastam com as cores do primeiro filme e com a brutal quantidade de gore que vemos (falando nisto, seria assim tão difícil ter feito baldes e baldes de sangue em vez de encher o filme com CGI vermelho?).
[ad#post-largo]
Mesmo sem Zack Snyder a realizar, o estilo do primeiro filme é transportado de maneira perfeita para este segundo filme, que apesar de sofrer em termos de personagens, contém bastantes sequências de acção para satisfazer o cliente que paga. E claro, compensa por ter uma Eva Green que não me vai sair da cabeça durante algum tempo.
Qualquer filme que acaba com uma versão qualquer da “War Pigs” dos Black Sabbath merece logo uma recomendação automática e quem gostou do primeiro filme (como eu) voltará para ver 300: O Início de um Império. Quem o achou um exercício em excesso irá sentar-se numa sala ao lado – que por azar, vai estar a passar a versão em 3D do filme.
_
AINDA NOS CINEMAS