Cinema Crítica: “13 Minutos”
Ao longo dos tempos, o cinema tem recorrido a cataclismos meteorológicos para as suas histórias.
Existindo nos Estados Unidos da América zonas mais propensas a tornados de enorme destruição é expectável que Hollywood aí encontre uma fonte de receita, à custa da desgraça alheia.
Desde O Feiticeiro de Oz, de 1939, que nos habituamos a ver tornados no grande ecrã.
Contudo, nas últimas décadas têm estreado produções onde a fúria da natureza ganha espectacularidade no ecrã, sendo Twister – Tornado, de Jan de Bont, o possível expoente desta monstra.
O avanço dos efeitos especiais e visuais levaram aos cinemas muitas mais produções onde a fúria da natureza ganha contornos impressionantes, filmes como Categoria Cinco (2018), Dentro da Tempestade (2014), ou até mesmo O Dia Depois de Amanhã (2004).
Sem esquecer a fúria dos ventos em alto mar de filmes como Quando Tudo Está Perdido (2013) ou Tempestade Perfeita (2000).
Os telefilmes da saga Sharknado ainda mostraram os tornados com novas ameaças…, mas isso é já um novo “sub-género” de cinema que teve uma espécie de descendência no grande ecrã em produções como Rastejantes.
Agora, estreia nos cinemas 13 Minutos, e o título indica o período de tempo que a comunidade tem para chegar aos abrigos desde que as sirenes tocaram o aviso de aproximação de tornado.
Este filme independente norte-americano acompanha sobretudo quatro famílias na cidade de Heartland (cidade fictícia no Oklahoma, região onde enormes tornados têm destruído vilas e vidas) ao longo de um único dia, quando um tornado atinge a cidade, e força os caminhos a cruzarem-se na luta desesperada para chegarem em segurança junto das respectivas famílias antes da chegada do tornado.
O elenco é composto por nomes como Anne Heche (6 Dias 7 Noites), Trace Adkins (Cliente de Risco), Thora Birch (Beleza Americana), Amy Smart (Apenas Amigos), Paz Vega (Espanglês), Peter Facinelli (A Saga Twilight: Amanhecer), Sofia Vassileva (As Pequenas Coisas) e Yancey Arias (Die Hard 4.0).
Nos primeiros minutos o espectador assiste a diálogos em espanhol e começa – eventualmente – a questionar-se se no filme a língua inglês é falada.
Contudo, a argumentista e realizadora Lindsay Gossling segue uma fórmula típica do filme-catástrofe, começando por apresentar as personagens na sua rotina, e a mostrar quem está preocupado e até preparado para a fúria da natureza prestes a acontecer.
Ao longo de boa parte do filme acompanhamos o quotidiano das personagens principais e os dramas por eles vividos, e de ventos fortes apenas sente-se ameaça nas conversas da pequena equipa de meteorologistas da televisão local.
Este não é um dia normal para estas personagens: temos o casal de imigrantes prestes a aplicar as economias do trabalho árduo; temos a jovem grávida com dúvidas sobre continuar a gestação; o jovem que está prestes a anunciar a sua homossexualidade; e a menina surda sozinha no caminho dos ventos ciclónicos.
O tornado monstruoso é apenas uma curta interrupção nas histórias desta comunidade, pois o foco do filme está nas pessoas, com as personagens mais ou menos estereotipadas e até com inesperados heróis e vilões. A melhor condição humana também está aqui.
E, como isto de tornados é só uma “passagem”, quando o espectador já conhece os dramas das personagens, 13 Minutos termina, apresentado pouca ou nenhuma resolução para todos os problemas e conflitos que a cineasta tanto tempo passou a mostrar ao espectador.
Os efeitos visuais e práticos usados para recriar o enorme tornado e a sua destruição por vezes conseguem imprimir grandeza, mas a tempestade é apenas um elemento do enredo ou até mesmo uma metáfora no filme. A maior parte do impacto vem das consequências, quando as personagens procuram os familiares ou ajudam estranhos.
Como curiosidade, as filmagens aconteceram em zonas habitualmente fustigadas por tornados, e a produção de 13 Minutos recorreu a antigos bombeiros assim como a pessoas que viveram o impacto de verdadeiros tornados para serem figurantes no filme.
13 Minutos não é um filme catástrofe ou cinema-espectáculo, é apenas um drama com algumas das histórias a roçarem o melodrama.
Nota Final 5/10
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.
É tipo o greenland?
O “Greenland” é o filme catástrofe apocalíptico e onde se assiste a cinema-espectáculo.
O “13 Minutos” é um drama, com o tornado a servir de desculpa para que as histórias das pessoas seja contada e estas vidas se cruzem.
Achei o Greenland pouco “espetáculo”, e mais drama que os normais filmes catástrofe, daí a minha pergunta.
Obrigado