Cinema: Como Treinares o teu Dragão 2 (2014) – Crítica
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Levanto a mão e acuso-me de ter sido um dos poucos que não percebeu o entusiasmo que o primeiro Como Treinares o teu Dragão recebeu em 2010 e estou pronto para que me contem como um dos raros terráqueos que fez uma cara de Large Marge ao filme (fãs de Pee-Wee Herman, levantem-se!), e não o fiz por ser um mau filme, apenas achei que já tinha visto aquela história de “filho a tentar ganhar a aprovação do pai” um belo punhado de vezes, o que acabou por não dar espaço para o filme abrir as suas asas e voar mais alto.[fbshare]
Mas a verdade é que eu sou apenas um bloco de insignificante matéria neste vasto Universo (resido actualmente na abandonada Moron Mountain) e o filme foi o maior sucesso de uma não-sequela para a divisão de animação da Dreamworks desde o primeiro Karate K….Kung Fu Panda, o que levou Jeffrey Katzenberg a pedir imediatamente para o almoço mais uma série de TV, alguns espetáculos e umas quantas sequelas.
A primeira delas, Como Treinares o teu Dragão 2, volta a reunir o elenco original e faz obrigatoriamente mais algumas adições que se dão pela forma de um misterioso Dragon Rider (Cate Blanchett) , Eret (Kit Harrington) e Drago (Djimon Hounsou), o vilão residente, que acabam por cruzar caminhos com Hiccup (Jay Baruchel) e Toothless, levando à descoberta de um esconderijo “dracónico” levando atrás Gobber (Craig Ferguson) e Stoick (Gerard Butler), o pai de Hiccup.
Fiz referência à história da primeira aventura me ter desiludido, e embora este não seja o Como Treinares o teu Dragão de David Mamet (como nunca terá sido essa a intenção), a sequela dá-nos um enredo muito mais sombrio, mas ao mesmo tempo mais divertido de acompanhar, em que a única falha vai para Drago, o vilão que acaba por nunca se desenvolver o suficiente à altura da sua reputação maléfica, ficando um pouco perdido no meio do coração do filme.
Mesmo com isto dito, é difícil não levantar o chapéu a qualquer elenco de um filme de animação, seja qual for a qualidade ou orçamento, e seria impossível encontrar aqui uma excepção à regra (a não ser que algo tivesse corrido muito mal e este Dragão tivesse cuspido fogo directamente para o mercado de vídeo), e faço uma vénia a toda a energia e dinâmica do elenco principal que é novamente um dos pontos fortes do filme, principalmente o perneta/maneta Gobber de Ferguson que consegue roubar cada cena em que está.
É importante pôr a pata em cima do facto que o premiado director de fotografia, Roger Deakins volta ao papel de consultor visual, no que é o primeiro filme da Dreamworks a utilizar os dois novos programas de animação e iluminação, Premo e Torch, que resultam num verdadeiro banquete para os olhos permitindo uma melhor animação facial (confesso ter ido pesquisar os detalhes, mas os meus olhos conseguiram notar a diferença).
Resumindo esta selvajaria de palavras: Como Treinares o teu Dragão 2 é uma das melhores sequelas de animação de sempre, que não terá problemas em mostrar um papel azul que diz “Sequela melhor que o original”, justificando-se como sendo um triunfo visual e tecnológico. Só espero que o multi-milionário John Hammond não tenha outra das suas ideias depois de ver o filme…
4/5
Tiago Laranjo
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