Bem-Vindo ao The Good Place! Vai correr tudo bem!
Imagine-se numa sala de espera com a indicação num ecrã: “Bem vindo! Vai correr tudo bem.” É chamado a entrar, fala com o responsável do sítio que lhe explica que acabou de falecer. Foi atropelado por um carrinho de compras, enquanto comprava ingredientes para fazer margaritas.
Bizarro, certo?! Mas é precisamente isto que acontece à nossa personagem principal, Eleanor Shellstrop (Kristen Bell) e são assim os primeiros minutos de The Good Place.
A série The Good Place estreou em 2016 e Portugal pode ser vista na Netflix ou na Amazon Prime.
O escritor e produtor Michael Schur, conhecido por ter ajudado na adaptação do aclamado The Office (US), escrito o divertido Parks & Recreation e criado o hilariante Brooklyn 99, regressa num tom semelhante com temáticas bastante mais complexas.
The Good Place tem como temas principais a vida depois da morte e o crescimento pessoal do ser humano. Com a exploração de questões morais e filosóficas.
Tudo isto parece estranho resultar. Quem é que se lembra de fazer uma série de comédia sobre o mundo do além e filosofia?! Mas nesta sitcom funciona, com muito humor e parvoíce.
https://www.youtube.com/watch?v=RfBgT5djaQw
É possível encontrarmos as personagens numa cena a discutir questões morais de Kant e na cena seguinte estarem a acontecer situações completamente aleatórias como uma chuva de camarões na rua. A comédia da série funciona de uma maneira absurda mas muitas vezes de forma genial e com sentido.
O elenco principal é composto por Kristen Bell, William Jackson Harper, Jameela Jamil, D’Arcy Carden e Manny Jacinto que representam personagens com características bastante distintas.
Acabados de chegar ao além é que vão ter de trabalhar em conjunto de forma a se tornarem pessoas melhores, ultrapassando várias provas morais, éticas e que até mesmo desafiam as leis do universo.
A acompanhá-los temos também Ted Danson e D’Arcy Carden. Um auto intitula-se de arquiteto do espaço onde as nossas personagens vão parar e a acompanhá-lo temos a sua assistente.
Ambos vão desenvolver um fascínio pela natureza do ser humano e servem de guias para as nossas personagens principais.
Apesar de ser considerada uma sitcom, a série consegue ser bastante consistente, fresca e imaginativa. Cada temporada apresenta um twist que traz algo de novo na série, além de ter um final bastante satisfatório e com o arco de cada personagem resolvido sem pontas soltas.
Mais do que uma série divertida, The Good place é uma jornada que vai levar o espectador a pensar em questões transcendentais (sem ofender os seus princípios morais ou religiosos já existentes), a encontrar algum conforto em temas naturalmente pesados e quem sabe até ajudá-lo a tornar o mundo num local melhor.
Seja num ambiente de escritório, num departamento de parques do estado, numa esquadra da polícia ou num conceito de vida após a morte, Michael Schur continuar a surpreender-nos com a sua escrita, as suas personagens interessantes e o seu estilo de humor humano e familiar.
Na minha opinião merece um 8 em 10. Com especial atenção ao final da série e ao uso da comédia para a explicação de temas difíceis e complexos. Reforçando que o sentido de humor é um dos melhores mecanismos de defesa que o ser humano já criou.
Consumidor de comédia, animação e outras obras da sétima arte. Gamer cujos gostos principais envolvem aquela empresa do canalizador de bigode. Provador de chocolate de forma descontrolada.