BD: Crítica – Zona Nippon 2
O 2º livro dedicado a B.d. de influência japonesa, a Associação Tentáculo lançou em Maio o Zona Nippon 2, um pequeno livro de 90 páginas que volta a reunir autores nacionais, estabelecidos e novos, e convidados estrangeiros. Há muito para gostar nesta edição, lavando um bocado o mau gosto do primeiro livro, que reuniu autores talentosos mas onde os trabalhos sofreram por não se adaptarem bem ao tamanho reduzido do livro, coisa que já não acontece neste.[fbshare]
Mas também há detalhes a criticar. Para começar, apesar dos livros Zona terem acabamentos impecáveis, há falhas no design. Não vou apontar tudo, mas, apesar de não me chatear o conceito de meterem o índice antes da ficha técnica, porque raios foram abrir o conteúdo com …uma entrevista?! Tinha resultado melhor no final do livro, como extra, para ele não acabar em seco, dando nós de caras com a contracapa, ainda para mais após uma B.d. que acaba em cliffhanger e que é da autoria da autora entrevistada! Não faz sentido. Se queriam favorecer a autora porque não abrirem os conteúdos com essa B.d., aligeirando-se o facto de arrancarem o livro com a entrevista? É que quem vê a 1ª B.d. pensa que é da autoria da entrevistada, o que não é o caso. Má decisão editorial ou má paginação, decidam vocês.
De seguida, não me agrada que a leitura das B.ds, já de si curtas, seja constantemente cortada por galerias de ilustrações que na minha opinião pouco valor acrescenta à antologia. Refiro a inclusão de ilustrações soltas, não à qualidade dos trabalhos em si. Se os autores não contribuem com B.d., usar ilustrações é interessante mas só como curiosidade, mais adequado a uma galeria no final do livro. Isso é que seria tirar proveito das ilustrações, porque ajudava o leitor a desengrenar a leitura para não terminarmos o livro de chofre! A meu ver, foi outra má decisão.
Como nota periférica, também desgostei da introdução do editor Fil. Uma introdução não deve ser como um comentário de blogue ou de Facebook, devia de existir por si mesma, apresentar os autores e defender o livro, em vez de falar do status quo da associação ou dar desculpas pelo livro ter saído como saiu, seja por que razão for. O público não precisa de saber o que correu mal ou o que foi mudado no tema do projecto, nem de ter desculpas para lapsos dos quais não estamos a par de qualquer forma. Haja brio, sff.
Fora isto, o livro saiu bem e no geral a recolha de autores foi Ok. Vou destacar o que mais gostei: A história de abertura, “Sayonara”, da Susana Resende, que foi a que mais assumiu o desafio do tema, não merecia ser ensanduichada entre a entrevista e 1ª galeria de ilustração. O argumento é feito ao estilo de Haiku e complementa a narrativa que evoca o rescaldo de “evento verídico” devastador (Fukushima?), num conto slice-of-life que me faz lembrar Jiro Taniguchi. O grafismo e técnica da Susana, num estilo inspirado na estampa japonesa, é notável, e os cuidados vão de acabamentos na moldura dos painéis à distribuição dos espaços. Soube a pouco.
A B.d. mais longa da antologia, “Basket 666”, das promissoras Catarina João e Daniela Viçoso, também marcou, embora seja menos esmerada. O texto cativa e sabe ter piada, ao ponto de ficar com curiosidade pela 2ª parte, mas a ligação com o oriente deve-se mais ao traço espontâneo da Daniela, que é solto e expressivo, mas dá noção de ser atalhado, havendo ali talento escondido para a fasquia ser posta mais alta.
Para acabar, a história “There will be Bones”, da Selma Pimentel, autora entrevistada nesta edição, recupera a heroína Bone Crush. É uma B.d. de continuação, mas confirma a Selma entre as mais aptas mangakas nacionais e agora também ilustradora no ramo do infanto-juvenil, só deixando a desejar por não haver mais desenvolvimento da B.d. ou maior clareza na estrutura do guião.
Ficava contente se pudesse ter um álbum de fôlego de cada uma destas autoras, cada qual igual a si mesma e com mais por oferecer.
Aponto também a boa arte da autora da capa, Paula Almeida, e restantes autores. Uns mais originais ou hábeis do que outros, não posso dizer que as ilustrações não tenham mérito, embora surjam em alturas inoportunas. Como prefiro ler B.d. do que ver galerias, preferia que improvisassem soluções de narrativa para dar mais pertinência às imagens soltas. Por exemplo, os desenhos do Nuno Frias podiam ter tido um texto complementar sobre samurais, atando esses desenhos soltos num todo mais cativante, como B.d etc.
O saldo final é positivo, apesar de desequilibrado. Fico a pensar que numa altura em que a crise leva os criadores a optar por e-book e webcomic, projectos valiosos como o Zona, que assumem riscos e levam B.d. ao público geral deviam ter cuidado para maximizar as valias e apresentar mais coesão nos conteúdos. Fazer livros com temáticas é um bom caminho para começar e dá carisma a essa edição, mas é preciso mais para os leitores continuarem a apoiar estas edições.
A minha dica como treinador de bancada era, das duas uma, fazerem uma edição com menos qualidade de acabamentos mas mais páginas, para podermos ter mais conteúdo de leitura, ou criarem uma só história, como fez o grupo do Murmúrios das Profundezas por exemplo, ficando cada um num capítulos ou com outras divisões de autoria. Para mim isso era mais apelativo à compra do que ter um mix desigual de B.d.s curtas, sobre um tema que pode ou não ser abrangente a todas.
Nota: 6/10
Dário Mendes
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Dário é um fã de cultura pop em geral mas de banda desenhada e cinema em particular. Orgulha-se de não se ter rendido (ainda) às redes sociais.