BD: Crítica – TRILLIUM #1
Precisei de alguns dias para digerir TRILLIUM #1. O mais recente titulo de Jeff Lemire tem tudo de bom a que já nos habituamos e tudo de mau, que tínhamos visto na sua ultima on-going da vertigo (Sweet Tooth).[fbshare]
As primeiras páginas desta revista são maravilhosas e é um enorme prazer olhar para elas e “saborear-las” como verdadeiras obras de arte que são.
Nota-se que têm um pouco mais de texto do que o habitual, mas isso leva a que a caracterização do universo criado por este autor seja ainda mais detalhada e rica.
A revista está dividida em 2 partes, na primeira parte seguimos Nika, a cientista que vive num futuro onde apenas sobreviveram 4000 humanos vitimas de um vírus que ameaça aniquilar todos os humanos do universo.
Na segunda parte conhecemos William, um veterano de guerra que sofre de transtorno de stress pós-traumático – esta parte ocorre no passado, por isso temos duas personagem separadas no tempo por alguns séculos.
Ambos tem em comum uma obsessão por um templo, que vai estar na origem do seu encontro, na realidade enquanto Nika entra deliberadamente nesse templo (com o intuito de encontrar uma cura para a humanidade), William corre para esse mesmo templo a fugir dos indígenas que mataram toda a sua equipa de exploradores.
Ambas as histórias (e ambas as partes da revista) começam por não ter nada em comum para terminar com as personagens a encontrar-se e a criar a expectativa de que as restantes revistas desta série tenham estas duas personagens mais presentes e com maior interacção (afinal de contas a sinopse antevê que esta será uma historia de amor…). A divisão na organização desta historia é muito relevante porque leva a uma diferença substancial no tipo de desenho de Jeff Lemire e nas cores de José Villarrubia e é precisamente este ponto que me foi difícil de engolir.
[ad#post-largo]
Voltando um pouco ao que disse no inicio desta critica, esta revista está a ser difícil de digerir – As primeiras páginas recordaram-me Saga #1. Sim, são 14 paginas extraordinárias e que prometem tudo de bom que pode ser visto em revistas de comics. O traço de Lemire e as cores de Vilarrubia tornam a historia ainda mais intensa e emocional, e também nos deixam completamente desamparados para o que vemos na segunda parte da historia. Isto porque há uma mudança radical de tipo de desenho e de cor. É certo que essa mudança serve fins narrativos (porque existem vários flashback’s e é necessário diferenciar a cronologia com diferentes cores/desenhos) mas a qualidade desses desenhos é atroz – imaginem o que é fazer uma viagem a a conduzir um BMW e a meio mudar para uma 4L – Eu nunca fui bom a dar exemplos e realmente não vejo motivos para mudar….. 🙂 mas estão a ver a imagem, certo? Não quero ser excessivamente injusto com a 4L, perdão, com a segunda parte desta historia, mas esta primeira revista (como um todo) podia facilmente ser uma das melhores revistas do ano. Mas dificilmente vai ser e com muita pena minha. Mesmo assim recomendo a sua leitura, sobretudo pelo que promete e pela ligação emocional que consegue estabelecer com o leitor e que é rara noutro tipo de revistas.
E tu já leste alguma revista escrita pelo Jeff Lemire? Partilha connosco a tua opinião!
Historia e Arte de Jeff Lemire
Cores de Jeff Lemire, Jose Villarrubia
Balonagem de Carlos M. Mangual
Capa de Jeff Lemire
Editora: Vertigo
Nota: 8 em 10
[ad#cabecalho]
Dário é um fã de cultura pop em geral mas de banda desenhada e cinema em particular. Orgulha-se de não se ter rendido (ainda) às redes sociais.