BD: Crítica – O Mistério do Traction 22
No passado mês de Dezembro vimos uma nova editora de banda desenhada a lançar álbuns no nosso português. A espanhola Netcom2 trouxe-nos o primeiro volume de Keos e este As Investigações de Margot Vol. 1 – O Mistério do Traction 22.[fbshare]
A trama passa-se em Paris no final da década de 50 e anda à volta de Margot, uma estagiária de uma revista de automóveis, um mundo maioritariamente composto por homens, que cai numa armadilha preparada pelos colegas, que a levam a seguir uma reportagem de investigação sobre mítico 22cv da Citröen, carro que pouco ou nada se sabe e que apenas foram produzidos alguns exemplares, no final dos anos 30. Esta investigação acaba por se tornar perigosa ao ponto de arriscar a própria vida…
Tinha alguma curiosidade com este título, pois foi com a banda desenhada franco-belga de linha clara que a BD se tornou a minha paixão, sendo Tintin e Blake e Mortimer, os líderes entre outras séries.
O argumento de Olivier Marin é bastante linear e bastante simples. Algo previsível e pouco original, a história não consegue fazer-me agarrar ao livro, uma característica importante num guião de mistério. Não que seja má ou mal escrita, mas dá a sensação que falta um ou outro condimento, para tornar tudo muito mais apetitoso.
A arte apesar de aparentemente ser muito “limpinha” e certinha, vendo com mais pormenor consegue-se perceber algumas limitações de Emilio Van der Zuiden em anatomia mas principalmente em perspectivas, sobretudo em alguns casamentos entre as viaturas (geralmente impecavelmente desenhadas) com os cenários. Não é algo que se note de relance, e por isso não mancha o todo ou tira valor ao álbum, mas espero que o artista vá corrigindo esse defeito em futuras edições. O que não percebi foi aquelas situações tímidas de pseudo-erotismo espalhadas aqui e ali durante o livro. Simplesmente não funcionam. E a cena em que Margot vai tomar tomar banho enquanto conversa com outras pessoas e o balão de fala tapa as “vergonhas”… simplesmente ridículo e fora de contexto.
O livro em si é muito bonito. Tradução aceitável, bom papel, impressão e muito boa encadernação. No entanto a legendagem é péssima. Mudam o tamanho da fonte quase de balão para balão, e quando o fazem mantêm sempre o mesmo espaço entre linhas (que deveria também aumentar ou diminuir conforme a fonte); achatam ou esticam a fonte (isso NUNCA se faz); textos mal centrados e textos a tocar e a (quase?) sair do balão. Enfim, um problema técnico que acaba por desvalorizar um pouco a “embalagem”.
Um livro claramente para agradar um público mais velho e fã da linha clara de franco-belga, mas mesmo para estes não acho que este seja um livro imprescindível.
6.5/10
Hugo Jesus
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.