BD: Batwoman – e os autores com a mania que são estrelas? (Parte 2)
OK, admito que no artigo anterior fiz muitas perguntas, não fiz? Mas vou fazer mais algumas porque estou muito, mesmo muito curioso e realmente quero aprofundar este tema. Acho importante falar um pouco mais sobre o que significa o “romance” na BD americana e para que serve.[fbshare]
n.e.: Esta é a segunda parte da crónica Batwoman – e os autores com a mania que são estrelas? Para leres a primeira parte, clica aqui.
Será que os leitores querem romance nos Comics?
➔ Sugiro um pequeno exercício mental:
Se o Brian Michel Bendis (que escreve atualmente o evento Battle of the Atom) se decidisse por outro título para este evento e lhe chamasse: O reencontro de Jean Grey e Ciclope: a verdadeira história de amor!, ou se Scott Snyder em vez de escrever um Ano Zero do Batman optasse por finalmente escrever a história da paixão imensa que Bruce Wayne sente pela Catwoman e que o leva a largar a Capa de super herói e a iniciar uma família saudável. (obviamente que na última revista estas personagens todas se iam casar, tal como nas novelas mexicanas)
- Alguém quer ler estas histórias?
- Que tal se estas histórias tiverem 12 revistas a 2.99USD cada?
- Vamos escrever e-mails à Marvel e a DC para executar estas ideias?
- Vamos criar um movimento no Facebook e no Twiter para dar visibilidade a estas ideias.
- E que tal propor estas ideias no Kickstarter?
– FODASSE! NINGUEM QUER LER ESTA MERDA!
Boas histórias conseguem ter elementos que nos são familiares e elementos que nos levam a sonhar.
Boas histórias fazem-nos sentir que conhecemos aquela personagem e que nos identificamos com ela, com a sua felicidade, com a sua tristeza e sentimos a dor que ela sente.
Queremos que essa personagem seja bem sucedida, seja na sua vida pessoal seja na sua luta com o inimigo que também queremos odiar.
Nós queremos ser bem sucedidos e reflectimos isso nesses nossos heróis – no Homem-Aranha, Super-Homem, no Rick Grimes ou seja qual for o herói que mais admiramos.
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- Ninguém investe dinheiro para ler 22 páginas (por mês) de uma história, que nem sequer está completa, se não sentir alguma coisa.
Não existe uma fórmula científica que leve à criação de réplicas do Watchman e por isso, DiDio não tem razão, mas também não está errado.
A propósito desta situação, Brian Michael Bendis (no seu Tumblr) deu algumas pistas sobre a sua relação com o seu editor, diz que um bom editor é honesto e consegue dizer quando uma ideia funciona ou não funciona, providenciando motivos a favor e contra determinada decisão. É função do editor levar o escritor a tomar decisões adequadas sem que este sinta que está a ser pressionado.
Recorda que quando começou a trabalhar no Daredevil tinha planeado matar o Kingpin na sua primeira revista, mas o editor Ralph Macchio (que nem sequer era o seu editor) falou com ele e lhe contou que uma das piores decisões da Marvel foi matar o Norman Osborn. Isso criou um vazio na mitologia do Homem-Aranha e não havia nada para contra balançar a morte dessa personagem tão forte e tão importante.
A sugestão deste editor foi que Bendis arranjasse uma forma de retirar esta personagem da sua história de uma forma suficientemente violenta e que, quando ele ou algum outro autor, desejasse poderia ir resgatá-lo.
Cinco anos depois, quando Bendis estava a preparar a sua 50º revista do Daredevil verificou que ia precisar do Kingpin de novo e obviamente agradeceu o sábio conselho que tinha recebido.
- Termina o seu post com: “mesmo quando um editor tenta convencer o escritor a não fazer alguma coisa, mesmo assim isso ainda pode ser um bom conselho”.
Noutro post muito interessante diz que não existe qualquer formula, nunca houve e nunca vai haver. Se existisse todos iriam seguir essa fórmula e tudo seria perfeito e espectacular. Existem coisas que funcionam, não existem regras.4
Nelson Vidal
[cabecalho]
Dário é um fã de cultura pop em geral mas de banda desenhada e cinema em particular. Orgulha-se de não se ter rendido (ainda) às redes sociais.