BD: Análise – WATCHERS, de Luís Louro
O Luís Louro terá sempre um cantinho especial no meu coração pois foi ele que me tirou a virgindade… no que de respeito diz a ler banda desenhada de autores portugueses.
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Não me lembro bem qual foi o álbum, se O Corvo, ou Alice, mas sei que o vi, reluzente, numa prateleira de uma conhecida cadeia de hipermercados. O traço, o formato e as cores era algo de muito diferente de tudo o que tinha visto até então na BD nacional. Nesse dia não comprei o livro, mas ficou-me a matutar na cabeça e passado nem uma semana acabei por lá voltar e comprar. Depois fui sempre seguindo a carreira dele e, de vez em quando, comprando livros mais antigos em alfarrabistas ou feiras.
Após 8 anos afastado da banda desenhada, o autor voltou recentemente com dois novos álbuns da sua mítica série “Jim del Monaco” e a 16 de Outubro de 2018 temos então o lançamento de Watchers. Podia ser mais um livro de Louro, mas não é apenas isso – até porque são dois livros! Mas já lá vamos a isso.
Começando pela capa, apercebemo-nos logo da riqueza do detalhe na arte deste novo álbum. E logo na primeira página (de vinheta inteira), confirmamos que não iremos ser defraudados.
O tempo é o futuro e o cenário é a sua eterna Lisboa durante o seu querido Outono, com folhas caídas das árvores a pintar quase todas as 45 páginas. Desde os pontos de vista, aos detalhes e às vibrantes cores, toda a arte é um deleite para os nossos olhos. Na parte gráfica estamos perante um dos melhores, se não o melhor álbum de sempre de Louro. Ah, e não esquecer também todas as referências visuais que podemos encontrar meio escondidas. Alias, até podia ter colocado um passatempo estilo “Encontra as X referências”.
O argumento não podia ser baseado em algo mais actual com crítica social às redes sociais e reality shows, provocando assim uma quebra por completo com os seus anteriores álbuns que têm um “ar” mais retro. Pena as personagens não serem um pouco mais trabalhadas. O texto perde-se demasiado nos comentários/respostas aos vídeos do Watcher (também estes cheios de referencias a amigos, gente conhecida da banda desenhada nacional e não só), e menos em construir personagens mais sólidas de forma a criar uma ligação mais forte entre elas e o leitor.
Por fim, temos a excelente ideia de ter saído com dois finais diferentes em dois livros diferentes (um deles com consequências tremendamente exageradas para a situação, mas cheira-me que foi a que lhe deu mais gozo em fazer). Mas infelizmente quem vê os livros à venda numa livraria não se apercebe isso. As ilustrações das capas são iguais (que no meu entender deveriam mesmo ser diferentes) e só muda/alterna a cor do título+autor. Não há nenhuma referencia, tanto na capa como na contracapa, que se trata de dois livros diferentes, ou com finais alternativos. É de lamentar, pois esta particularidade deveria ter sido muito bem promovida e trabalhada por parte da Asa.
Nota final? Recomendadíssimo!
Argumento e Arte: Luís Louro
Editor: Edições Asa
Argumento: 6,5
Arte: 10
Legendagem: 6
Encadernação: 9 (capa dura, formato FB)
Veredito Final: 8
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.