BD Análise: Les âges perdus (Dargaud)
Les âges perdus (As eras perdidas), da Dargaud, de Jerome Le Gris no argumento e Didier Poli no desenho é uma série de Fantasia Heroica que já tem 2 volumes em França. Leiam aqui a nossa análise.
A sinopse é a seguinte: na véspera do ano mil, o fogo do céu é lançado sobre a Terra (cometas a arder) e esta mergulha na noite eterna. Todas as cidades são completamente destruídas, alguns humanos refugiam- se em cavernas e só sobra a escuridão. Alguns milhares de anos depois deste evento cataclísmico, o sol reaparece e a vida recupera os seus direitos, mas o velho conhecimento desapareceu.
Existem agora vários clãs nómadas, caçadores por sobrevivência que compartilham recursos de acordo com regras estabelecidas entre eles.
Primus é o líder de um desses clãs, que possui alguns pergaminhos dos tempos antigos com resquícios de conhecimento sobre como trabalhar a terra entre outras coisas.
Pretendendo cultivar cereais irá, sem saber, condenar a maior parte da sua tribo a várias perdas e a sua filha Elaine ao exílio e uma aventura incrível.
Le Gris que é já para mim um dos meus argumentistas preferidos, consegue no primeiro tomo, criar um universo primário e selvagem fazendo apagar uma parte da história da humanidade para depois a reescrever como quer. Assim sendo, um herdeiro de saberes ancestrais leva a que a filha acredite que a fome possa ser colmatada com a horticultura em vez da caça de animais já por eles escassos. No entanto, isso implica um sacrifício enorme que contraria a essência das tribos nómadas.
A protagonista Elaine vai se ver numa demanda muito difícil num ambiente pós apocalíptico que também tem algumas feras selvagens. Terá também que lidar com a brutalidade dos diferentes grupos que por si só seguem a lei do mais forte.
Ao desenho, temos Didier Poli que tem um traço fino, muito dinâmico e realista nas quais as cenas de ação são espetaculares, associando uma tela de cores opacas que sublinham na perfeição o ambiente hostil. Alguns “desbotamentos” de cor dão profundidade aos raros momentos de esperança, tranquilidade e amor na história. 0 vento, a luz do sol velada, os céus carregados com nuvens ameaçadoras, as cordilheiras recortadas pela luz do dia, as tochas acesas, tudo é feito com mestria do colorista.
No segundo tomo, e depois de umas inesperadas surpresas (o que me agrada imenso em Le Gris), esta bela ucronia apocalíptica continua muito envolvente com um ritmo de tirar o fôlego de emoções, deixando em suspense o que virá a seguir.
A série está planeada para quatro volumes pela editora francesa Dargaud e eu aconselho vivamente a seguir.
Boas leituras
Uma montagem não oficial da capa para português:
Estou na Suissa. Hoje numa livraria estive a ver a série. Apesar de conhecer os autores d e que gosto, acabei por não comprar. Mas a sua crítica é muito positiva… . Essa capa é um devaneio ou uma proposta para a edição em português.?