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BD Análise: Batman – Cavaleiro Branco

Minissérie de Banda Desenhada aclamada nos últimos tempos como uma das mais inovadoras histórias independentes de Batman, CAVALEIRO BRANCO é fruto da colaboração entre Sean Murphy (criador de Jesus Punk Rock) e Matt Hollingsworth, dupla que assina a estreia da DC Black Label, focada em apresentar histórias de personagens da DC segundo a visão de vários dos melhores criadores de BD actuais.

Batman: Cavaleiro Branco

O livro

A série a cores, reunida num único volume de capa dura com cerca de 230 páginas publicada pela Levoir, traduzida por Filipe Faria, contando com a legendagem de Hugo Jesus e Rui Alves, revela em maior profundidade alguns aspectos da relação tensa e complexa entre Joker e Batman, destacando a paixão nutrida pelo palhaço do crime pelo herói que visa eternamente provocar e outros detalhes do seu comportamento abusivo em relação a Harley Quinn, mais conhecida por Arlequina, que reconhece a verdade por detrás do seu comportamento psicótico. Mas a premissa principal da história assenta num acontecimento que até antes nunca fora previsto: E se o maior vilão fosse finalmente curado da sua loucura?

Cavaleiro Branco

Quem é Jack Napier?

É desta forma que ficamos a conhecer o homem racional e lúcido por detrás do enigmático palhaço que todos temem, o cidadão Jack Napier, decidido a tornar-se o Cavaleiro Branco de Gotham, expondo a sua própria versão dos acontecimentos dentro de um sistema que considera corrupto e que não protege os interesses das minorias, levando a cabo uma cruzada pessoal para salvar a cidade do próprio Batman, um vigilante fora-da-lei cujos métodos violentos e fórmulas de intimidação são questionáveis.

Cavaleiro Branco

Todavia, mesmo não sendo tecnicamente o psicopata que muitos julgam ser, Jack Napier continua a ser um manipulador com dotes de génio do crime que vai longe demais na sua tentativa de se vingar do homem mascarado que muitas vezes o combateu e esteve perto de o assassinar. E não conta lidar com outro adversário à sua altura que lhe promete sabotar os planos e arrisca destruir a cidade que visa mudar para melhor: Uma vilã que, outrora procurando substituir Arlequina na sua vida, é uma verdadeira apaixonada pelo Joker e assume o seu título enquanto Neo-Joker, figura que destoa de Harley Quin, personagem que nesta história nunca nos deixa de surpreender.

Cavaleiro Branco

BATMAN CAVALEIRO BRANCO

revela até que ponto um herói lida com o peso dos seus dramas pessoais a ponto de arriscar fazê-lo perder as estribeiras, como uma família é capaz de guardar segredos incomensuráveis e como a opinião pública pode mudar subitamente e coloca as autoridades entre a espada e a parede, forçadas a colaborar com aquele que, no papel de vereador legitimamente eleito, supostamente estaria longe de ser considerado um cidadão exemplar e revela frontalmente verdades incómodas sobre quem tira benefícios das lacunas existentes na lei e faz vista grossa à actuação ilegal do próprio Batman.

Cavaleiro Branco

A complexidade das personagens, as suas intrigas, as lutas, dúvidas e frustrações, em que o seu papel se desdobra tanto em posição de vítimas como de salvadores e vilões, onde tantos temem perder o controlo numa cidade com o destino em jogo e repleta de perigos habitada por um considerável número de supervilões, faz de Sean Murphy um argumentista notável, onde a sua arte, aliada à intervenção de Matt Hollingsworth, recheia as páginas com uma boa acção em cenários de edifícios, veículos e mecanismos detalhados, com personagens altamente expressivas entre as quais se destaca um Bruce Wayne/Batman imparável, soturno, reservado mas impaciente (e por isso mais impulsivo) e por vezes bem sombrio, opondo-se a tudo a que em principio procura espelhar um «Cavaleiro Branco.»

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