BD Análise: Asphalt Blues

francês, ilustrador e autor de banda desenhada . Nascido a 7 de Maio de 1979 formou-se em Belas Artes em Lyon e foi professor de perspetiva e grafismo numa escola de arquitetura de interiores também em França. Estreou-se na BD em 2007 como designer e colorista, passando já por várias editoras francesas como Les Humanoid Associés, Soleil, Casterman ou Dargaud. 

 

Este foi o meu primeiro contacto com este artista e esta introdução explica muito bem a excelente surpresa que tive ao apreciar esta sua obra Asphalt Blues. Trata-se de um thriler ambiental (se assim o posso chamar) com base num drama psicológico de um casal que se separa e segue vidas distintas. 

 

Na história Mickey e Nina são os protagonistas. Mickey está num grupo de resgate dos oceanos onde passa demasiado tempo a trabalhar o que faz com que perca muitos planos com a sua namorada Nina que carece de atenção. Nina não está feliz com a relação apesar de gostar muito dele, suspeita de eventuais traições embora não seja claro que isso aconteça, mas surpreende ao terminar a relação.

Mickey é agora um nadador salvador, casado com uma dançarina e com filhos. Nina é uma estilista que mora com o namorado Tim que por sua vez trabalha numa empresa que produz água dessalinizada com um “Lobby“ junto ao governo que mistura negócios e política de forma explosiva como nós bem conhecemos na vida real.

 

A esposa de Mickey sofre um acidente de viação e fica gravemente ferida, necessitando de tratamentos hospitalares muito caros. Por esta razão e precisando de dinheiro, Mickey envolve-se numa conspiração com um antigo amigo (líder de uma organização ambiental radical) para destruir a central de dessalinização.

Por sua vez Tim começa a ter problemas com os seus chefes e o governo na medida em que vaza um escândalo noticioso porque a central deveria ser 100% ecológica e obviamente não é.

 

Nina vê o seu orçamento na produção da coleção de roupas reduzido e passa agora muito tempo no trabalho (faz agora a Tim o que Mickey lhe fazia na relação) e Tim começa com ciúmes dos homens com quem Nina trabalha. 

 

Mickey torna-se mais esforçado pela sua mulher e família (o que não era com Nina) levando-o por caminhos perigosos. 

A trama começa a tornar-se interessante com um bom desenvolvimento de todos os personagens. Todas as linhas começam a convergir e a fazer sentido. 

 

Não posso dizer que é a melhor história do mundo mas é extremamente inteligente e interessante, inclusive pelo final ambíguo e que pode levar a perceções e juízos diferentes dos leitores, o que pode ser cativante ou frustrante. 

 

Eu gostei muito e recomendo, mais não posso revelar para não estragar a leitura a ninguém…

Extremamente realista e com os personagens a parecerem modelos fotográficos. O visual é deslumbrante. As cores digitais e as suas nuances nos sombreados são irresistíveis, quentes e tão sexy que deixei que me violassem as meninas dos olhos várias vezes. 

 

O uso de luz e sombra é de mestre e os tons fazem mudar a maneira como vemos certas personagens em determinadas circunstâncias.

 

É aqui também que Salaün nos mostra o que estudou, pois os detalhes da arte no apartamento de Tim e Nina que contrasta com a casa de Mickey e Helen a esposa são excepcionais.

 

A elegância e visão que ele apresenta na sua versão futurista seja nas paisagens , nos eletrodomésticos modernos, nos espaços públicos, na flora, nos carros e viaturas, no guarda-roupa, ruas e edifícios… o jogo de luzes à noite . Todo o controle do significado das cores é magistral. 

 

Tudo no livro é lindo e não me canso de dizer.

 

Por esta razão vou seguir com atenção o trabalho deste autor, a começar pela série de ficção científica Elecboy.