Análises de indies para jogar na rentrée
Com o fim do verão a chegar, a rentrée deixa-nos já com algumas saudades. No entanto, o Outono está a chegar, e com ele muitas oportunidade de jogarem alguns dos indies que têm sido lançados nos últimos meses, entre eles a versão 1.0 do incrível Turbo Overkill, Ravenlok, After Us, SENSEs: Midnight, The Red Exile – Survival Horror, Save Koch e The Bridge Curse: Road to Salvation.
Turbo Overkill (versão 1.0)
Ainda em Maio tínhamos falado da versão de Acesso Antecipado de Turbo Overkill, com o primeiro episódio a ser muito bem recebido. Vários meses passaram, e o jogo chegou finalmente à sua versão 1.0, e com uma trilogia de episódios já completos e disponíveis para todos os jogadores.
Seguimos a história de Johnny Turbo, um homem desfeito e reconstruído com uma perna com uma motosserra, que ao chegar à sua cidade-natal de Paradise, percebe que a população foi possuída por Syn, uma inteligência artificial que seguiu fora do plano, e que está prestes a planear uma dominação intergaláctica.
Se aquando o seu lançamento inicial em Acesso Antecipado o jogo já deixou uma grande impressão, as actualizações constantes ao longo deste período de tempo, que não só incluiu correcções de bugs e os ajustes normais. O segundo episódio expandiu a história para novos horizontes, com mapas maiores, mais densos e com inimigos mais variados, algo que continuou com a chegada do terceiro episódio, dividido em duas partes. Invejo quem jogar Turbo Overkill pela primeira vez, num formato agora dito completo, pois irá encontrar um dos retro-FPS mais incríveis da nossa geração, o quão bem conseguido o mesmo está.
Há muito para descobrir neste jogo, para além de uma história agressiva, de deixar-nos de sangue a ferver, há também muito para matar, despedaçar, com uma mistura perfeita de plataformas e puzzles que exigem a nossa concentração máxima; como também objectos secretos que desbloqueiam outros níveis, onde podemos combater inimigos em fases, um excelente complemento ao modo principal.
É impossível não gostar daquilo que Turbo Overkill tem para oferecer, esperando que terá direito a mais sequelas para nos dar mais oportunidades de utilizar a perna motosserra. Nada mau para a equipa que contém um dos mais prolíficos criadores de mapas de fãs do DOOM original.
Nota Final: 10/10
Turbo Overkill está disponível para PC (versão testada).
Ravenlok
Ravenlok é talvez uma das surpresas mais agradáveis dos últimos tempos, um jogo curtinho mas cheio de energia e boa disposição, misturando combate com um sentido de descoberta, como poucos jogos têm conseguido. Desenvolvido pela Cococucumber, este é um dos jogos imperdíveis deste Verão.
Seguimos a aventura de uma rapariga que, ao encontrar um espelho mágico com uma passada para um mundo paralelo, esta acaba no meio da missão de derrotar a Caterpillar Queen, e por fim ao seu reino de terror.
Com uma câmera semi-fixa, somos postos à prova num mundo repleto de cor e magia, derrotando todo o tipo de inimigos que desafiam o nosso poder do imaginário. É na maioria do tempo uma experiência bastante fluida e divertida, com raros momentos da câmara nem sempre ajudam da melhor forma. O facto de o sistema de combate ser bastante rápido, faz com que os momentos mais animados passem numa altura em que estamos prestes a sentir mais conforto.
Assim, Ravenlok é um jogo perfeito tanto para miúdos como graúdos, com muita aventura à espera para ser descoberto. A sua duração, ainda que limitada, permite que o jogo seja uma experiência contida bastante agradável.
Nota Final: 7/10
Ravenlok está disponível para Xbox (versão testada) e Windows PC. O jogo também está disponível no Xbox Game Pass.
After Us
Há jogos que parecem sonhos, acabando por serem experiências éteras, onde o jogador quase vive o jogo de uma forma muito pessoal. Em After Us, jogamos com Gaia, o Espírito da Vida, enquanto exploramos um vasto mapa de escuridão, à busca de almas de animais extintos, e recuperar a vida de outrora.
Logo de imediato, o jogo apresenta-nos com um cenário desolante, criando logo uma certa urgência e importância na nossa missão. Isso traduz-se num sentido de propósito, recorrendo a vários recursos; desde mapas astrais, que nos ajudam a encontrar os animais perdidos, como a possibilidade de rejuvenescer a natureza, combatendo a escuridão, que existe na forma de devoradores cobertos de petróleo.
Tal como Arise: A Simple Story, o jogo leva-nos numa aventura muito emocional, com uns visuais e uma banda sonora rica, e uma jogabilidade bastante fácil de aprender e masterizar, deixando-nos focar na narrativa e em cumprir os nossos objectivos.
Ainda que o sistema de combate não seja o mais acessível – o único ponto menos bom deste jogo – existe tanto para descobrir em After Us, que é um aspecto facilmente ultrapassável. É uma experiência que pode ser cumprida em cerca de seis horas, mas aqueles que quiserem levar com mais calma, e explorar os cenários, irão decerto aproveitar muito mais tempo neste mundo.
Nota Final: 9/10
After Us está disponível para Xbox Series X|S (versão testada), PlayStation 5 e PC.
SENSEs: Midnight
No meio de tantas propostas indie que exploram a ideia de cyberpunk, um bocadinho às costas do tão conhecido Cyberpunk 2077, nem sempre acertam no alvo, ainda mais quando abordam as suas ideias num formato clássico dos survival horror da era da PSOne. Este é o caso de SENSEs: Midnight, sequela autónoma de Sense: A Cyberpunk Story, que pretende ir mais além que o seu antecessor.
Conhecemos Uesugi Kaho, uma estudante membro do clube de investigação do oculto da sua escola. Ao regressar ao Japão, para visitar a sua família, esta acaba por estar no meio de uma conspiração sobrenatural, com uma oportunidade de provar a veracidade de uma lenda paranormal, num parque abandonado.
Naturalmente, no reino das boas ideias, a narrativa de SENSEs: Midnight agarra em muito daquilo que tanto adoramos sobre o género de terror, sobretudo a sua narrativa, mas o jogo em si tem demasiados problemas para levarmos a sério aquilo que tem para oferecer.
Desde controlos difíceis de utilizar e um passo demasiado lento, esta não é uma experiência propriamente positiva, sobretudo quando é óbvio a intenção por detrás dos desenvolvedores. Infelizmente, tudo parece forçado, com muita pouca motivação para avançar
Assim, fica difícil de recomendar SENSEs: Midnight, até aos grandes fãs do género, capazes de perdoar muita coisa em troca de uma experiência que iguale as expectativas. Com algumas melhorias visuais e uma maior fluidez de jogabilidade, talvez era um jogo melhor.
Nota Final: 3/10
SENSEs Midnight está disponível para Xbox One, Xbox Series X|S (versão testada), PlayStation 4, PlayStation 5, Windows PC e Nintendo Switch.
The Red Exile – Survival Horror
Por vezes há jogos cujas ideias nem sempre passam de forma clara, deixando os jogadores com uma experiência onde não conseguem decifrar completamente o objectivo. Este é o caso de The Red Exile – Survival Horror, um jogo de terror de sobrevivência, onde controlamos uma personagem por um labirinto aleatório, em fuga de um monstro com um machado gigante. Simples o suficiente?
A ideia roguelike do jogo baseia-se no seu conceito dos labirintos serem gerados aleatoriamente, oferecendo várias oportunidade de jogar múltiplas vezes, mas rapidamente se torna repetitivo quando não existe nenhum objectivo paralelo, ou metas a cumprir. É literalmente um simulador de abrir portas, e pouco mais.
Os ambientes carregados a vermelho, perfeito para causar dores de cabeça para aqueles que são mais sensíveis à observação de cores únicas durante longos períodos de tempo, juntam-se a um leque de sons sinistros, que vão criando algum tipo de tensão. Mas com a constante fuga de porta em porta, o terror apenas acontece se por mero acaso encontrarmos-nos com o nosso amigo feio.
Fora isso, The Red Exile – Survival Horror não tem muito mais para oferecer, sendo mais uma demonstração de uma ideia para um jogo maior, do que propriamente um produto final merecedor de mais tempo que apenas o estritamente necessário caso queiramos passar pela experiência.
Nota Final: 3/10
The Red Exile – Survival Horror está disponível para Xbox One, Xbox Series X|S (versão testada), PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch e Windows PC.
Save Koch
Imaginem que sabiam que a vossa morte estava iminente, e o culpado estava mesmo debaixo do vosso nariz, mas não conseguem apontar o dedo a quem. É essa a ideia do mais recente jogo da Fun Games, com Save Koch.
Vestimos a pele de Jeffery Koch, o chefe de uma organização criminosa, alvo de um assassinato. Resguardado na sua sala de pânico, temos agora que resolver a conspiração, e perceber quem nos quer morto, e porquê.
Com um fantástico tom de film noir, somos confrontados por um leque de personagens cuidadosamente desenvolvidas, onde todos os pormenores das interações com eles podem dar uma ideia de quem está por detrás da conspiração.
Ainda que com uma apresentação simples, a jogabilidade de Save Koch é longe disso. Com um computador, um telefone, e pouco mais; temos que gerir o nosso império criminoso, enviando os nossos aliados actuar em nosso nome, tudo com um tempo contado. Este rigor dá azo a consequências inimagináveis, que vão alterando a história à medida que a mesma se desenrola, por vezes de forma bastante pesada, tornando-se desafiante nesse sentido.
Assim, Save Koch é um jogo que pode puxar aqueles dispostos a descobrir a narrativa que esconde debaixo da sua mecânica de jogo simples, conseguindo levar a cabo de sangue frio o vosso império, e assumir quaisquer consequências pelas faltas. Ou então podem só recomeçar e corrigir os erros do passado, esperando um final melhor!
Nota Final: 7/10
Save Koch está disponível para Xbox One (versão testada), PC, Nintendo Switch e PlayStation 4.
The Bridge Curse: Road to Salvation
Depois de um grande lançamento em 2022 no PC, The Bridge Curse: Road to Salvation, o jogo adaptado do popular filme de terror taiwanês, que por sua vez se inspirou em lendas urbanas de Taiwan, chega finalmente às consolas.
O jogo conta a história de um grupo de estudantes universitários que investigam uma maldição que se diz ser responsável por uma série de mortes numa ponte. Depois de um acto sobrenatural acontecer sobre nós, temos que fugir dos fantasmas que nos perseguem, e fazê-lo de forma muito silenciosa.
Enquanto utilizamos uma abordagem de stealth para fugir do mal, o jogo oferece-nos também muitos puzzles que temos que resolver, muitas vezes com a pressão do tempo ou de sermos apanhados por entidades sobrenaturais, o que adiciona toda uma tensão sobre a jogabilidade, sendo de cortar a respiração.
Enquanto que os controlos nem sempre são os mais bem conseguidos, há muita tentativa e erro enquanto fazemos o nosso melhor para dar a volta às entidades que nos perseguem. No entanto, The Bridge Curse: Road to Salvation é uma experiência muito envolvente, não recomendado para quem tem coração fraco, perfeito para os fãs do género.
Nota Final: 8/10
The Bridge Curse: Road to Salvation chega agora às consolas Xbox (versão testada), PlayStation e Nintendo Switch. O jogo já está disponível desde 2022 para PC.
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.