Análise: Tribos (curta/2020)
Era uma vez três americanos: um branco (Jake Hunter), um de ascendência africana (DeStorm Power) e um de ascendência árabe (Adam Waheed). Apesar de parecer uma daquelas piadas que estamos a ouvir constantemente desde pequenos, o cenário é bastante real e sério. Os três entram armados numa carruagem de metro para assaltar os tripulantes. Mas ninguém prevê que a situação descambe quando os três percebem que não querem assaltar os da própria raça.
Inteligentemente absurda pela forma como estabelece relação com o seu espectador, Tribes é a nova curta-metragem de Nino Aldi com argumento de Andy Marlatt. Satírica e cómica, mas sem se tornar impertinente, trata-se de um estudo social que mostra o quão insensato é traçar uma linha que separa os indivíduos. Nino Aldi afirmou que se interessou por este projecto pela forma como aborda a questão do separatismo enquanto problema actual da nossa sociedade, e a forma como sentimos que somos diferentes daqueles que nos rodeiam.
Como diz o slogan de Tribes, “self-identity is a bitch” e não importa a raça, o género, a orientação sexual, a cor política ou a classe social quando percebemos que o nosso vizinho do banco do metro, ao contrário de nós, pode gostar mais de cães do que de gatos. Dentro uma “tribo” existirá sempre outra “tribo”. A questão está em saber ver como é que essas opiniões nos afastam ou nos aproximam do outro. Afinal de contas, o “concordar em discordar” não se estende a tudo.
Será, então, que estes três companheiros de assalto serão bem-sucedidos? Independentemente da resposta, o filme é.
https://www.youtube.com/watch?v=g6LpiofOt_A
Tribes está na corrida para qualificação aos Oscars e será apresentada no Pavilhão Americano durante a 74ª edição do Festival de Cannes.
Ainda este ano, estará no LA Shorts Fest e estará disponível para visualização a partir de 6 de Outubro.
Classificação: 10/10
O amor pela comida é uma constante. O gosto pelo chá de cidreira é variável. Os musicais são uma adi(c)ção crescente. A paixão pelo cinema multiplica-se. Teresa é muito dividida.