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Jogos: Análise – The Sims 4: Cottage Living

Bem-vindos a Henford-on-Bagley! Uma aldeia pacata onde os Simmers, os jogadores de The Sims, poderão finalmente viver a vida de campo que há tanto pedem aos criadores do jogo. Mas terá sido esta espera demasiado longa, ou a nova expansão The Sims 4: Cottage Living veio exactamente quando precisávamos?

The Sims 4: Cottage Living

Se há coisa que a pandemia nos proporcionou, foi tempo para estar em casa – algo que sendo tão habitual, pareceu uma novidade – levando-nos de volta a ambientes que a correria pré-Covid-19 nos retirara. E assim, no conforto e aconchego dos nossos lares, vimos o ressurgimento de um movimento estético: o cottagecore. Romantizando a necessidade de estar em casa, esta moda está profundamente associada ao conforto e calma de zonas rurais e actividades artesanais, à nostalgia que os móveis de madeira trazem às nossas casas progressivamente mais modernas. Com o álbum folklore de Taylor Swift a preencher o silêncio enquanto jogávamos Animal Crossing: New Horizons, estávamos o mais próximos da febre do Farmville que já havíamos estado desde a sua fatídica queda em desinteresse.

The Sims 4, sendo um simulador da vida real, não podia ficar atrás. Fechando o ciclo de The Summer of Sims com uma chave artesanal, Cottage Living traz ao jogo o ambiente rural que os fãs há muito pediam e que a EA parecia ignorar.

The Sims 4: Cottage Living

Oferecendo, como já é habitual, novos objectos e novas formas de jogar, a expansão revela-se mais profunda do que aparenta. No modo Create-a-Sim, o conteúdo traduz na perfeição o ambiente da expansão, muito embora seja um pouco escasso, principalmente no que toca aos Simmers que prefiram um estilo masculino. A qualidade das roupas e cabelos é notavelmente superior à que o jogo nos ofereceu na sua estreia em 2014, o que torna a sua falta de variedade uma pena. Seja um vestido perfeito para um ambiente caseiro dos 60’s ou umas calças arregaçadas e um cardigan, rapidamente poderemos cruzar-nos com alguém em Henford-on-Bagley com um estilo muito semelhante ao nosso (no qual depositámos horas a criar).

The Sims 4: Cottage Living

Falando nisso, Henford-on-Bagley (vá, vou fazer um esforço e ver o título em português do Brasil… Avelândia do Norte. Ugh. Podemos voltar para o inglês?) é um mundo cheio de cenários bonitos, pouco interactivos, mas que tornam o jogo visualmente muito agradável. Constituído por três bairros, apenas oferece 12 lotes, um número que apesar de baixo vai em linha com o que as últimas expansões têm oferecido. E é num destes lotes que podemos criar a quinta com a qual sempre sonhámos, pois Cottage Living oferece ao modo de construção uma panóplia de objectos que reflectem a estética do pacote em todos os seus traços, tendo uma pequena quantidade de conteúdo em quase todas as categorias. Foi neste ponto em que questionei o lançamento em Março de The Sims 4: Country Kitchen Kit, visto que se enquadraria plenamente nesta expansão e que pouparia à EA a crítica habitual de estar constantemente a sugar o dinheiro dos seus jogadores. Os novos móveis, onde predomina a madeira e quase conseguimos sentir o cheiro a naftalina a sair pelo ecrã, são muito eficazes no ambiente que pretendem criar, e embora alguns dos objectos sejam uma delícia visual, não se justifica que no 39º DLC do jogo ainda existam objectos com utilização existente no jogo (ex.: beber chá) que são apenas decorativos (ex.: Legacy Tea Set).

The Sims 4: Cottage Living

O cottagecore emana em ambos os modos de criação neste novo pacote, mas é na jogabilidade que Cottage Living realmente brilha.

As possibilidades para viver a vida de campo no conforto do nosso sofá são inúmeras. Caso faltem ideias, o jogo oferece uma nova aspiração – Country Caretaker – que nos pode guiar nos primeiros passos campestres. E, se em expansões anteriores a aspiração incluída servia quase como um tutorial, nesta apenas explora o pack pela metade, dando especial relevo à relação do Sim com os novos animais com os quais pode interagir. Sejam galinhas, vacas, lamas ou coelhos, raposas e aves selvagens, viver rodeado de animais é cuidar de mais personagens, tornando o jogo mais caótico mas também mais divertido (sendo notável a ausência de cavalos). Não demorou até que a minha Sim, distraída a fertilizar as suas plantinhas, recebesse um aviso de que duas galinhas estavam a pensar ir embora por estarem fartas de ser negligenciadas. Culpe-se a minha ousadia em encher o galinheiro até ao seu máximo de 8 galinhas ou a atitude implacável de duas delas, a verdade é que rapidamente larguei os espinafres para ir dar atenção às madames. Mal sabia eu que mais tarde uma delas pereceria pelas mãos de uma raposa selvagem. Ah, a calma vida do campo…

Tivesse a minha Sim continuado a cuidar das suas plantações, poderia ter nas suas mãos um produto vencedor na Finwick Fair, um evento semanal que funciona como os festivais da expansão City Living. Lá, as melhores galinhas, ovos, vegetais, tartes, entre outros competem para levar para casa o prémio. E se o meu ovo de qualidade “pobre” me deu uma medalha de participação, imagine-se o que levará o primeiro lugar. Só foi pena os poucos Sims que compareceram, principalmente quando comparado aos movimentados festivais de City Living. Mas caso competir não seja aliciante, o novo desafio de lote Simple Living permite que o frigorífico se mantenha vazio até ser abastecido pela produção caseira dos habitantes, o que torna todo o ciclo de criação de animais e plantações algo relevante e essencial e não apenas mais uma funcionalidade que perde a graça ao fim de um mês a jogar.

Para rematar as novas funcionalidades do pacote, está a estranha ausência de uma nova profissão. Dentro desta temática, as opções para uma profissão activa seriam infindáveis, e talvez exactamente por isso a solução oferecida seja ainda melhor. No lugar da responsabilidade chata de cumprir horários e tarefas para ascender cegamente numa carreira, Cottage Living oferece a nova interacção de fazer “favores” aos habitantes de Henford-on-Bagley: pequenas tarefas que permitem encher um pouco a carteira ao mesmo tempo que mostram muito a personalidade do Sim que estamos a ajudar, trazendo ainda mais vida à aldeia. Seja a procurar fofocas para Agnes Crumplebottom ou a ajudar Rahul, o moço das entregas, a ser mais popular, há sempre algo para fazer e para descobrir sobre um mundo aparentemente pequeno. E na eventualidade de os Simoleons ganhos pelos favores saberem a pouco, há sempre a possibilidade de vender os produtos caseiros, sejam vegetais cultivados, ovos, leite, ou lã adquiridos pelos animais, conservas ou artesanato feitas através da novas habilidades canning e cross-stitching.

Cottage Living é um pack para amantes de jogabilidade, ainda que os fãs de construção e criação de Sims consigam tirar algum proveito do seu conteúdo. Henford-on-Bagley é um mundo vivo, que respira o ar puro do campo e das tarefas a este associadas. Facilmente um dos melhores num mar de pacotes progressivamente mais pobres, a expansão campestre demorou a chegar, mas promete boas horas de diversão e, se aliada com outras expansões, um leque de novas possibilidades nas vidas dos Sims.

The Sims 4: Cottage Living está disponível por 39,99€

Nota: 8/10

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