Análise: The Boys T4 completa (SEM SPOILERS)
Os Rapazes, a equipa de intervenção anti-“supes” de Billy Butcher, regressou ao Prime para a mais aguardada e controversa temporada jamais vista.
Lentamente os pesadelos dos nossos protagonistas têm-se vindo a concretizar: os podres dos mais poderosos seres na Terra finalmente vieram ao de cima, e o público continua a apoiá-los cegamente. Cabe-lhes então prevenir a sua continuada ascensão ao poder e claro, dar conta do Patriota de uma vez por todas.
Não era inesperado que esta temporada seria divisiva. Embora Eric Kripke e companhia sempre tenham sido transparentes sobre os temas e a mensagem da série, muitos optaram por continuar a acompanhar e estão agora dessatisfeitos com o conteúdo da mesma e, principalmente, a sua mensagem política.
O véu de brutalidade e violência gratuita serviu para ofuscar a muitos a mensagem antifascista da série, pelo menos aos menos perspicazes. E esses mesmo agora, compreendendo que se enquadram no que a série tem vindo a pintar como vilões, estão a levar a peito e a ultrajar-se.
Tem sido esse o principal tema de conversa e, por conseguinte, a continuada qualidade da série está a ser posta de parte a favor de debater a sua mensagem política. E note-se, a série sempre foi política, só tem vindo a ser cada vez mais transparente na sua paródia de acontecimentos reais.
Por outro lado, muitos também têm vindo a discutir a sexualidade de Frenchie, visto ter sido revelado no início da temporada que o mesmo é bissexual. Não querendo de todo apontar dedos, num mundo pós-Herogasm, eu pessoalmente não acho que um personagem bissexual seja o fim do mundo, mas cada um sabe de si.
The Boys mantem os padrões de qualidade esperados, A Irmã Sage de Susan Heyward é, em particular, uma excelente adição ao elenco presente e, provavelmente, a melhor personagem desta temporada.
Em comparação ao que veio antes, embora haja muitos momentos geniais, o auge continua a estar assente na terceira temporada que tudo mudou e destabilizou. Contudo, a quarta temporada é fascinante na forma como eleva a fasquia em preparação para o desfecho desta história.
Sobram ainda as saudações a Anthony Starr, que desde o primeiro episódio tem dado imensa profundidade ao seu papel, um amoral vilão que adoramos odiar. Que quando menos esperamos nos suscita empatia só para nos recordar rapidamente o monstro que verdadeiramente é.
Cada vez mais difícil se torna conter o entusiasmo, até porque Starr e Heyward não estão de todo sozinhos nos seus pódios, todo o elenco se dá às suas personagens com uma dedicação invejável, e a equipa de escrita é qualquer coisa do outro mundo. A evolução d’Os Sete é terrível, hilariante, curiosa… E tal como com o Patriota há sempre empatia súbita e rapidamente perdida, algo muito parecido ao que acontece com Os Rapazes, que pela série fora nos lembram porque é que gostamos tanto deles e queremos tanto que saiam triunfantes ou, pelo menos, vivos.
Também de louvar as piadas à custa dos monopólios do entretenimento, sejam eles as transparentes alusões à casa do Rato Mickey ou às absurdas propostas da própria Amazon num caso em específico. É preciso ter os dedos no pulso e uma coragem e génio muito próprios para escrever este tipo de humor sem dar a série ao cinismo. Até porque com um projeto como The Boys, cujo material a adaptar é “menos que simpático”(para não dizer “chocante só porque sim”), é preciso manter e alimentar aquele núcleo de esperança que nos tem trazido de volta à série com cada temporada que passa.
Por fim as saudações a Karl Urban(Billy Butcher) e ao jovem Cameron Crovetti(Ryan Butcher) pelas suas profundas e tensas interações, especialmente nesta temporada. Toda a tragédia que os envolve cria aqui um dos principais catalisadores para a narrativa, uma das principais iscas que nos pesca todas as semanas para ver mais um episódio e que, continuamente, nos motivará sempre que formos rever a temporada.
Fica complicado aprofundar muito mais estas e outras ideias num contexto livre de spoilers, pelo que ainda vamos ter muito que falar.
Isto dito, acredito que, embora não seja a melhor temporada da série, continua a haver aqui muita boa televisão para cativar os públicos, desde que estejam dispostos a ver The Boys para lá da sua violenta e gratuita superfície.
Classificação: 7/10
Jovem dos 7 ofícios com uma paixão enorme por tudo o que lhe ocupe tempo.
Jedi aos fins-de-semana!