Análise – Red Flower Volume 1: O Jovem Galo e o Sol
Red Flower Volume 1: O Jovem Galo e o Sol faz questão de emular mangá, acertando em vários pontos, mas ficando aquém noutros.
Os manfras — termo usado para definir obras com o traço de mangá, mas criadas noutras partes do mundo (neste caso, em França) — já há algum tempo que entraram no mercado português e podemos encontrá-los na maioria das grandes livrarias. Com isto, quero dizer que o primeiro volume de Red Flower não é a minha primeira experiência neste género.
Devo dizer que, logo ao pegar no livro, algo me deixou bastante impressionado, nomeadamente o facto de nos remeterem à forma de leitura de um mangá tradicional, o que oferece um pouco de autenticidade à obra. No entanto, penso que falha um pouco por falta de uma página de aviso para aqueles que (naturalmente, desavisados) tentem ler no sentido europeu.
Falando agora da obra em si, neste volume temos sete capítulos que funcionam como uma introdução sólida ao mundo de Red Flower. Desde o primeiro momento, conhecemos o nosso protagonista, chamado Kéli, que tem um dos maiores sonhos possíveis: tornar-se um homem aos olhos da sua tribo, algo que só pode acontecer quando dominar a arte marcial do Katafali. Porém, Anansi, o feiticeiro da tribo, alerta para uma visão apocalíptica, o que leva Kéli a iniciar uma aventura de autodescoberta e a compreender o que realmente significa tornar-se adulto.
É com muito gosto que confirmo que temos aqui uma personagem típica de shonen: irrequieta, cheia de energia e com um objetivo bem definido. Além disso, Kéli parece querer sempre saltar etapas, o que pode prejudicar o seu caminho, mas tem um coração bom. Essas características são úteis para a narrativa, especialmente quando levam a momentos em que é necessário estar preparado para o combate. Devo dizer que as cenas de ação, tal como o traço de toda a obra, são especialmente bem executadas, o que talvez se deva ao facto de o autor, Loui, ter ele próprio embarcado numa aventura para aprender a desenvolver o seu estilo de desenho para ser condizente com o estilo nipónico.
Contudo, existem pequenas arestas a limar. Mesmo sendo um volume introdutório, que serve para nos situar na trama, senti que era um pouco “verde”. Não que seja necessariamente má, mas por vezes parece um pouco mais básica do que deveria ser. Em certos momentos da história, já tinha noção do que poderia acontecer. Porém, isto pode dever-se ao facto de ser uma introdução ao universo e, nos próximos capítulos, pode evoluir de forma positiva.
Por fim, gostaria de referir que esta edição da LeYa/ASA é fantástica. É compacta (com 240 páginas), e a encadernação, mesmo sendo mole, tem um design bastante interessante. As páginas são macias e fáceis de ler, além de serem bastante confortáveis à mão.
Em conclusão, Red Flower Volume 1: O Jovem Galo e o Sol não é totalmente o meu estilo, mas tem potencial para se tornar uma boa história, com margem de progressão para evoluir.
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.