Jogos: Análise – Klang 2
Já longe vão os tempos em que os jogos de ritmo dominavam as prateleiras, tempos em que Guitar Hero e DanceDanceRevolution eram nomes constantes no mundo dos videojogos.
Embora globalmente o género tenha caído bastante, continuam a existir certos nichos de fãs fiéis (como os que mantêm vivo o Beat Saber), tal como apostas nesta categoria de jogos que oferecem novas e diferentes formas de abordar o género, como Thumper (recentemente oferecido na iniciativa Play at Home da PlayStation). Além disso, como em tudo o que é entretenimento, vão surgindo aqui e ali as ditas “febres”, e recentemente o jogo de browser Friday Night Funkin’ foi um destes casos, pedindo emprestada a jogabilidade de DanceDanceRevolution.
Klang 2, do one-man-studio Tinimations, segue a linha do seu antecessor, e é fundamentalmente um jogo de combate com ritmo. Assumimos o controlo do herói Klang nos seus combates enérgicos e caleidoscópicos, variando entre os três possíveis ataques controlados com o rato do computador que dependem do ritmo: clicar, clicar e arrastar, e manter premido. Cada nível consiste na execução de um combate com a duração de uma música.
A jogabilidade é dinâmica e depende bastante das capacidades técnicas do computador. A precisão necessária para ir ao encontro dos alvos pode ser comprometida por quedas de framerates ou por uma velocidade mais lenta do ponteiro do rato. E, em condições técnicas perfeitas, depende bastante dos reflexos do jogador, como seria de esperar. Manter o ritmo e assimilar rapidamente o ataque a executar já são por si desafios interessantes, mas quando se acrescenta a isso a necessidade de ver onde são os alvos no ecrã e ir ao encontro deles, a experiência torna-se ainda mais caótica. Divertida, sem dúvida, mas caótica.
A lógica de Klang 2 é simples. Passar níveis de treino com a melhor pontuação possível de modo a ter pontos suficientes para desbloquear o boss seguinte. É bastante linear, funciona, e a dificuldade aumenta progressivamente. Visualmente o jogo é lindíssimo, com cores vibrantes que complementam na perfeição o dinamismo do jogo e a banda sonora electrizante. Por vezes os níveis são tão acelerados que não é fácil acompanhar exactamente o que está a acontecer, mas também não há muito que varie: Klang, a sua espada e os seus poderes, e inimigos a serem chacinados.
A história do jogo é inesperadamente complexa. Para um jogo de ritmo, ser subitamente enfrentado com momentos de extensos diálogos sobre uma trama bastante convoluta foi uma surpresa. E esses momentos, passe-se a expressão, quebram o ritmo do jogo. Certamente que será mais fácil compreender Klang 2 tendo jogado a sua primeira aventura, mas ainda assim, a forma como a história é exposta entre pequenas cutscenes e diálogos que têm de ser acedidos através de um menu, torna a experiência pouco linear (embora seja possível ignorar estes diálogos e simplesmente jogar os níveis).
Em relação à banda sonora, o compositor americano de EDM bLiNd regressa com músicas originais (tendo sido responsável por toda a banda sonora do primeiro jogo). Às suas novas composições, juntam-se vários nomes internacionais da música electrónica, como Nhato e Taishi, do Japão, e cYsmix, da Noruega. Embora eu não seja fã de EDM, o casamento com o ambiente do jogo funciona na perfeição e dei por mim a realmente apreciar artistas que provavelmente de outra forma não conheceria.
Como um todo, Klang 2 funciona bastante bem. Apesar da história complicada e momentos de precisão de movimento mais frustrantes, o jogo brilha na sua proposta a um género progressivamente em queda. Com uma banda sonora que manterá pés e cabeças a marcar o ritmo e gráficos polidos com cores marcantes, Klang 2 manter-nos-á a regressar ao seu mundo de energia fervilhante.
Nota: 7.5/10
Klang 2 está disponível para PC (Steam) e o lançamento para consolas está agendado para 2022.
Se não o encontrarem em cima de um palco, é porque se perdeu dentro das suas consolas. Ou então foi finalmente contactado pelo Nick Fury.