Análise jogos: Shattered Heaven
O Central Comics mergulhou nas entranhas do inferno em Shattered Heaven. Nesta senda divina, ficámos surpreendidos com o que descobrimos.
Sinopse de Shattered Heaven
Mergulha num sombrio e implacável mundo de fantasia em que tens de enfrentar terríveis criaturas para progredir numa história incrivelmente profunda.
Shattered Heaven é um deck builder/card battler roguelike com elementos de RPG desenvolvido pela Leonardo Production e lançado a 31 de maio pela Leonardo Interactive e pela WhisperGames.
Análise de Shattered Heaven
À primeira vista, Shattered Heaven remete-nos para títulos como Slay the Spire ou Darkest Dungeon, mas assim que começamos a jogar, percebemos que não é bem o caso e que temos pela frente um jogo que aposta fortemente na narrativa e nos dá uma variação RPG muito bem encaixada no conceito deste título.
Com uma mecânica bem afinada e o próprio jogo otimizado já ao nível de uma versão 1.0 bem decente, o que mais me impressionou em Shattered Heaven foi a arte e o estilo. Os card battlers estão para mim como os campeonatos nacionais de futebol estão para o Sporting — não é bem a minha coisa, mas muito esporadicamente, lá marcha um. Contudo, o nível artístico deste título, aliado ao lore incrível, atraiu-me muito.
Existem alguns aspetos negativos, que já descreverei abaixo, mas no geral, fiquei bem impressionado com o jogo.
História de Shattered Heaven
Em Shattered Heaven, somos lançados num universo tenebroso em que deus morreu. As várias fações que habitam este mundo competem entre si para elevar as suas próprias criaturas míticas, os Vestas, a deus, e assim dominarem os restantes povos. Para tal, têm de se aventurar por catacumbas místicas pejadas de armadilhas e criaturas terríveis de forma a encontrarem os elementos de que necessitam.
Achei o lore e as linhas narrativas do jogo extremamente cativantes, complementadas por eventos interessantes (por exemplo, eventos aleatórios nas catacumbas que se apresentam na forma de adivinhas), diálogos bem escritos, apesar de algumas gralhas no inglês, e de um elenco de vozes que varia entre um nível bom e um nível Zezé Camarinha.
Jogabilidade de Shattered Heaven
A forma como avançamos nas catacumbas de geração procedimental em Shattered Heaven segue a minuta dos party-based roguelikes, com um mapa geral onde podemos escolher em que câmara entramos a seguir, cada uma com uma surpresa à nossa espera (mesmo que a surpresa seja não acontecer absolutamente nada).
É no combate que descobrimos as influências aos títulos de referência do género. O nosso grupo é disposto em linha, sendo que cada personagem tem um conjunto de cartas e habilidades que pode utilizar contra um inimigo que segue a mesma disposição. Mas há algumas variantes muito bem-vindas, como o facto de não dependermos tanto das cartas e do RNG devido ao sistema de árvore de habilidades desenvolvida ao longo do jogo, assim como a mecânica que nos apresenta desafios específicos em cada combate, com as devidas recompensas se os cumprirmos. Após cada combate, recebemos novas cartas que podemos usar nos seguintes.
Quando terminamos cada catacumba — temos de encontrar chaves ou matar certo número de inimigos — regressamos à base, onde podemos desenvolver os personagens com habilidades permanentes, usar o saque que obtivemos, ou comprar novas ferramentas, poções, cartas ou até elementos para fabricar o nosso próprio equipamento, num pequeno sistema de fabrico, em troca de ossos especiais que recolhemos e servem de moeda dentro do jogo.
O jogo não é fácil ao início, especialmente com os bosses, mas depressa podemos começar a amontoar poderes e a criar um efeito bola de neve que permite ao nosso grupo levar tudo à frente como se de um arrastão na praia de Carcavelos se tratasse. Não sendo um aspeto terrível, não foi seguramente positivo na minha experiência.
Gráficos e som de Shattered Heaven
Num jogo muito bem otimizado em que não precisamos de uma placa gráfica banhada a ouro para jogar, poderia descrever a arte e o som de Shattered Heaven em 5 caractéres: 10/10.
Como qualquer análise, também este é um aspeto muito subjetivo a cada pessoa, mas a mim conquistou-me na totalidade. O background é deslumbrante, os personagens são credíveis e interessantes, mas o design dos adversários atinge um nível que dificilmente é igualado em qualquer outro título que me lembre.
A atmosfera que a arte e a música criam em conjunto é incrivelmente imersiva, e quase que vale a pena comprar este título só para olhar para ele. Se desse para pendurar jogos na parede, este estaria na sala de estar.
Postas de pescada e um par de botas
O jogo em si, no geral, é bom, sem se destacar por aí além dos seus congéneres. Porém, os artistas que trabalharam em Shattered Heaven merecem uma salva de palmas pela mestria que demonstraram. Parabéns.
+++
Arte e som.
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Gralhas, elenco de voz e dificuldade decrescente.
Classificação: 8/10
Hesitei um pouco em atribuir esta classificação, já que pode ser enganadora — não me parece que este título vá ser o jogo da vida de ninguém e não prevejo mais que umas boas dezenas de horas de conteúdo, mas pareceu-me justo dar 1 ou 2 pontos extra pela arte.
Shattered Heaven encontra-se disponível no Steam a uns justíssimos 14,79 €.
Para terminar, fica a dica indispensável: não pendurem jogos na parede — é parvo.
Plataforma testada: PC
Trailer de Shattered Heaven:
Gamer inveterado que não dispensa uma boa série e nunca diz ‘não’ a uma sessão de cinema… Com pipocas, se faz favor!