Análise jogos: Rendezvous
O Central Comics foi à Indonésia, mas não fomos passar férias. Rendezvous é uma aventura cyberpunk num futuro distópico, mas vale o preço do bilhete?
Sinopse de Rendezvous
Neo-Surabaya dá-vos as boas-vindas! É numa reprodução distópica e futurista desta cidade indonésia que vestimos a pele de Setyo e embarcamos na missão de encontrar a nossa irmã, antes que seja demasiado tarde. Rendezvous é um jogo puzzle de aventura inserido num universo cyberpunk, desenvolvido pela Pendopo Creations e distribuído pela HitCents.
Análise de Rendezvous
Vou começar pelo fim. Rendezvous é feito à medida de um indonésio, ou de alguém que conheça bem a cidade de Surabaya. Sendo este o cenário do jogo, em que temos a oportunidade de explorar uma reprodução moderadamente fiel de um ambiente que nos é familiar, é perfeitamente compreensível. Ainda me lembro bem de Portugal 1111: A Conquista de Soure, um RTS inacabado e um clone falhado, mas que deixou quase tão empolgado quanto os meus cães quando ouvem a palavra «passear», para não mencionar a possibilidade de jogar como Portugal nos franchises Age of Empires, Civilization ou Europa Universalis. Quando qualquer gamer se depara com algo que lhe é próximo, o entusiasmo é potenciado ao máximo. Fora isso, esta é uma história tão marcante quanto uma viagem de autocarro de Cacilhas para o Fogueteiro.
A história e os diálogos de Rendezvous bem que podiam ter sido escritos pela primeira versão do ChatGPT: pouco profundos e repletos de clichés já vistos milhentas vezes, acabando por se tornarem extremamente previsíveis, incluindo nos enredos de traições e conspirações. Mantendo o nível da narrativa, os desempenhos de voz são pouco convincentes e chegam a ser um pouco patetas. Mas aqui tenho de deixar a minha primeira nota paradoxa nesta análise: o nível é mau, sim, mas penso que é importante louvar o facto de que ouvimos a voz de intérpretes locais. Kudoz!
Passando para a jogabilidade, Rendezvous não consegue dar o salto para o nível seguinte e permanece no limiar do medíocre. Os quebra-cabeças não são horríveis, mas também não desafiam, e, além de diversos minijogos amiúde descabidos, o jogo tenta incluir duas mecânicas pouco habituais em jogos de aventura: modo furtivo e combate. Na minha humilde opinião, ambos falham redondamente. E aqui tenho de escrever o meu segundo «MAAAS» — estou apenas a ser honesto quando digo que não me pareceu que estas ideias tivessem resultado, MAAAS acho que é extremamente louvável que quem desenvolve jogos tenha a iniciativa de experimentar coisas fora da caixa. Outro Kudoz!
Será, então, Rendezvous um jogo horrível? De modo algum. A arte do jogo é fenomenal e quase vale só por si o preço do jogo. A palete de cores é incrível e na muche para o género cyberpunk. Não estou qualificado para comentar acerca das referências, mas nos fóruns não escasseiam comentários de locais a elogiar o cuidado que o jogo teve em reproduzir fielmente Surabaya e em incluir dicas culturais adequadas. O som também é excelente e, embora não esteja ao nível dos gráficos, está uns bons furos acima dos restantes elementos do jogo.
A minha experiência com Rendezvous é um pouco agridoce. Se bem que é um jogo extremamente bonito e ousado nas experiências que faz, falha na vertente do entretenimento que proporciona.
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Gráficos e som.
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História, desempenhos de voz, diálogos e jogabilidade.
Classificação: 5/10
Não me vi capaz de dar nota negativa a Rendezvous, mas também tenho de me manter honesto em relação à minha perceção. Se pudesse enviar uma mensagem a quem desenvolveu este título, seria: força! Não desistam e tentem novamente. Desta vez não resultou, mas continuem que tenho a certeza que acabarão por lançar algo inédito e de qualidade superior.
Rendezvous está disponível no Steam por 12,79 € e proporciona cerca de 5 a 7 horas de entretenimento. Um bocadinho menos não lhe faria mal — abençoadas promoções!
Para terminar, fica a dica indispensável: tentem não adivinhar o que vai acontecer a seguir no jogo… provavelmente vão acertar!
Plataforma testada: PC
Trailer de Rendezvous:
Gamer inveterado que não dispensa uma boa série e nunca diz ‘não’ a uma sessão de cinema… Com pipocas, se faz favor!