Análise jogos: One Military Camp

Sentido! Esquerda, direita, esquerda, volver! O Central Comics apontou baterias a One Military Camp. Acertámos em cheio ou terá sido um tiro ao lado?

Sinopse de One Military Camp

O malvado Dragan conquistou praticamente o continente inteiro e a nossa fação é a única que lhe pode fazer frente. Mas a nossa missão não é pegar em armas e ir para o campo de batalha. Em One Military Camp (OMC), desenvolvido pela Abylight Barcelona e distribuído pela Abylight Studios, temos de expandir e desenvolver uma base militar para preparar os soldados que vão enfrentar as forças de Dragan.

Para isto temos de contratar vários profissionais que nos ajudam a manter o bom funcionamento da nossa operação, como trabalhadores de manutenção, cientistas e seguranças, além dos soldados que temos de gerir e treinar em dezenas de especializações diferentes segundo as competências individuais de cada mancebo, desde velocidade e força até inteligência, com o objetivo final de os enviar em missões que nos permitam derrotar o inimigo.

Análise de One Military Camp

No segundo jogo consecutivo desenvolvido na nossa linda Península Ibérica que tenho o prazer de analisar, arregacei as mangas e fui gerir uma base militar para provar que os senhores do centro de recrutamento estavam completamente errados quando me dispensaram do serviço militar obrigatório por invalidez (e por chorar muito a pedir que o fizessem) — e sim, eu ainda sou desse tempo.

O conceito de jogo de simulação de gestão e base building está mais que visto que é preciso algo muito especial para mostrar algo de novo ou inovador. Embora reconheça a novidade do que apresenta no tema de base militar, também reconheci imediatamente algumas influências bastante marcadas em OMC relacionadas com o estilo de jogo de simulação com humor pateta, como os populares Two Point Hospital e Two Point Campus, uma pitada de Evil Genious, ou até o verdadeiramente original Theme Hospital.

Apesar disso, tenho muito a elogiar e pouco a criticar em OMC. Este é um daqueles títulos em que podemos ignorar completamente o facto de ainda se encontrar em acesso antecipado, já que se apresenta como um produto pronto a consumir, com muito conteúdo disponível e qualidade a suportá-lo. Mas para a Abylight Barcelona, nada de descansar sobre o louros, já que também tenho de louvar o empolgante roadmap que nos mostra, com mais interação na campanha e uma versão sandbox entre as promessas para o futuro.

A jogabilidade assenta numa navegação complexa, mas fácil de dominar, entre menus bem apresentados e organizados — algo absolutamente vital em títulos de gestão e simulação — se bem que sugeriria acrescentar algumas tooltips para ajudar na navegação ao início. Ainda no que toca à jogabilidade, diverti-me durante a minha experiência, mas o ciclo de jogo torna-se um pouco repetitivo ao fim de algum tempo, já que os aspetos de gestão passam a resumir-se a tarefas rotineiras de microgestão quando temos uma base bem estabelecida.

Mas isto é algo que pode ser afinado durante a fase de acesso antecipado. No campo dos gráficos, este é um jogo bonito, bem saturado e com animações muito fluidas que ajudam a conseguir o estilo pretendido. Quanto à música, é adequada, e os sons são surpreendentemente bons para um título deste género.

+++

Jogabilidade, gráficos, som e humor fazem de OMC um jogo sólido e divertido.

—

O ciclo de jogo e a microgestão tornam-se um pouco monótonos passado algum tempo. Também existem alguns problemas de equilíbrio a serem afinados (como os ataques de sabotagem dos inimigos à nossa base e a incrível inépcia dos nossos soldados para os detetar e deter), além de um ou dois bugs completamente aceitáveis para um jogo em acesso antecipado.

Classificação: 8/10

Após passar algum tempo com a equipa e a comunidade de OMC no Discord, posso dizer sem grandes dúvidas que estão muito envolvidos e entusiasmados com o projeto, o que é um ótimo sinal para o futuro do jogo. Quem pagar os 24,99 € de preço de venda no Steam compra uma boa experiência com algumas horas de conteúdo, mas penso que não seria desajustada uma promoção entre 10% e 25% nesta altura do campeonato, de forma a justificar as pequenas falhas que ainda têm de ser corrigidas.

Para terminar, fica a dica indispensável: não se enganem por estarem a preparar soldados altamente treinados — quando chega a hora de defender a própria base, eles são tão úteis quanto um eunuco num banco de esperma, e a única coisa que nos pode salvar é mesmo a força ultraespecializada com os guerreiros mais letais de todas as eras históricas: os seguranças de supermercado!

Plataforma testada: PC

Trailer de One Military Camp: