Análise jogos: Farthest Frontier
Caça, pesca, recolhe, cultiva e extrai para construires uma colónia próspera com uma economia sustentável enquanto proteges os teus aldeões de ameaças externas. Farthest Frontier é a nova coqueluche global dos colony builders.
No final da idade média, o mundo é um lugar cruel. As doenças abundam, a guerra grassa, a miséria é geral e a morte uma fiel companheira. Perante tudo isto, os líderes refastelam-se nos seus hábitos corruptos, ignoram o povo e a esperança apenas pode ser encontrada no horizonte longínquo.
Em Farthest Frontier, lideramos um grupo de colonos que abandona a sua terra natal para fundar uma nova comunidade numa terra distante. O nosso objetivo é desenvolver uma colónia do nada até criarmos uma cidade com uma economia sólida, enquanto protegemos os nossos aldeões dos perigos vindos da natureza e de ladrões que nos querem roubar. Para tal, temos de organizar sistemas de caça, pesca, recolha de alimentos, ervas medicinais e outras matérias-primas não só para sobrevivermos, mas também para montarmos uma economia sustentável e que nos permita efetuar trocas comerciais com os mercadores que nos visitam anualmente com outros bens e nos trazem o ouro de que bem precisamos para pagar os serviços gerais da comunidade.
Farthest Frontier foi lançado em acesso antecipado a 9 de agosto pela Crate Entertainment.
Há algumas semanas, aquando do Steam Next Fest, instalou-se um murmurinho no ar: «Este é dos bons», diziam; «É o novo Banished», anunciavam. Concordo. Este é dos bons! Não faltam por aí city builders/colony builders para dar e vender, uns maus, uns bons, outros horríveis e alguns fora de série. Na minha opinião, Farthest Frontier tem um grande potencial para se encaixar nesta última categoria.
O jogo impressiona imediatamente por ser muito bonito. A arte é excecional e os assets encaixam-se quase na perfeição (deparei-me com alguns entraves de clipping com as estradas, mas nada de grave, de modo algum) e apresentam variedade para não fartar o jogador. Por exemplo, se construirmos duas casas, uma ao lado da outra, as duas serão ligeiramente diferentes, dando aquele toque extra de imersão tão valioso em videojogos. O som também não desilude. Não sendo nada digno de elogios rasgados, cumpre o propósito na íntegra.
No que toca à jogabilidade, este é um título muito bem conseguido. A ideia funciona, Banished já o tinha provado – aliás, há quem diga que esta é uma espécie de carta de amor dos criadores ao clássico (por si inspirado na saga ANNO). Começamos com um centro da cidade e alguns aldeões, e temos de rapidamente construir habitação e estabelecer um sistema de recolha de alimentos e lenha para aquecer as casas no inverno rigoroso. A partir daqui, temos muito conteúdo pela frente até estabelecer uma cidade fervilhante, com 14 diferentes matérias-primas para extrair (madeira, pedra, ouro, barro, ferro, etc.), 17 tipos de alimentos para cultivar e recolher, 32 diferentes tipos de produtos para fabricar e 50 diferentes tipos de edifícios para construir.
Tenho também de mencionar um aspeto em que Farthest Frontier inova. O jogo apresenta-nos um sistema de agricultura ímpar, em que temos de gerir a rotação de culturas e a composição do solo de modo a controlar a fertilidade e a produtividade. É um sistema que, embora bem mais completo que os seus antecedentes congéneres, é muito intuitivo e faz todo o sentido.
A dificuldade é variável, já que a experiência de jogo é personalizável e podemos até desativar as ameaças, que vão desde animais selvagens que atacam os aldeões até ladrões que pilham os nossos recursos. Para nos defendermos, podemos construir muros e torres, e treinar guardas que protegem a colónia, mas temos de os vestir, armar e pagar.
Temos ainda de lidar com várias doenças. Podemos curá-las, mas a ideia é também evitá-las com água potável e uma alimentação variada.
Na minha primeira tentativa em Farthest Frontier, não tomei grande atenção a onde colocar o centro da cidade, até porque não sabia o que procurar, e os meus aldeões foram imediatamente atacados por lobos. Os que sobreviveram ao ataque, não duraram muito, já que morreram de frio quando chegou o inverno. A segunda tentativa correu melhor – consegui construir uma comunidade mais ou menos sustentável, a aldeia cresceu e parecia bem encaminhada, se bem que com muitos problemas e entraves. Seja como for, decidi gravar o vídeo de gameplay, mas não me fiquei por aqui, joguei mais algumas horinhas e tenho-vos a relatar que adorei a experiência.
No seu estado atual, Farthest Frontier promete horas a fio de jogabilidade e conteúdo, sendo que a experiência pode ser repetida em diversos contextos numa boa variabilidade de jogo. Mas confesso que larguei o jogo por agora, já que um dos aspetos mais empolgantes de Farthest Frontier é que, mesmo com tudo o acima descrito, o jogo acabou de sair em acesso antecipado, o que significa que há potencial para muito mais conteúdo ser adicionado, principalmente porque os criadores do jogo parecem ser ativos.
Farthest Frontier brilha em vários aspetos. Desde gráficos e som até jogabilidade e conteúdo, é um título que se destaca no seu género e está longe de ser “só mais um”. Diria que o principal ponto de destaque do jogo é a nova forma de agricultura que apresenta. Não sendo algo completamente revolucionário na forma como o género se joga, é, sem dúvida, inovador e, como bem se sabe, não é nada fácil inovar em videojogos nos dias que correm.
A apontar aspetos negativos, posso mencionar o ocasional problema de clipping das estradas e a ausência de um tutorial sólido, se bem que o jogo até o dispense por ser tão intuitivo. Também podia criticar um pouco o preço, já que este jogo me parece ajustado para uns redondos 20 €, em vez dos 28,99 € atuais, mas basta esperar por alguma promoção para dar a volta à questão.
Classificação: 8/10
Farthest Frontier é já um título muito bom no estado em que está. Trata-se de um jogo que nos apresenta já o pacote completo: bons gráficos, bom som, boa jogabilidade e bom conteúdo. Talvez o preço não seja o mais acessível, mas também não me parece inteiramente injusto tendo em conta não só o que recebemos como também o que podemos vir a receber.
Recomendo Farthest Frontier sem qualquer hesitação.
Para terminar, fica a dica indispensável: quem está de fora, racha lenha! Sem dúvida… quem está de fora, de dentro, de onde for: é preciso é rachar lenha – muita – porque o inverno vem aí!
GameplayFarthest Frontier:
Trailer Farthest Frontier:
Gamer inveterado que não dispensa uma boa série e nunca diz ‘não’ a uma sessão de cinema… Com pipocas, se faz favor!