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Análise jogos: Dave the Diver

Dave the Diver
Dave the Diver

Óculos de mergulho, botija de oxigénio, barbatanas, fato de mergulho, arpão e barriga de cerveja: o Central Comics preparou-se a rigor para mergulhar em Dave the Diver, um hino aos videojogos.

Sinopse de Dave the Diver

Mergulha num descontraído RPG premiado em que exploras o mar durante o dia e geres o teu restaurante de sushi durante a noite, enquanto conheces montes de personagens animados que te vão ajudar a descobrir os mistérios do imenso Blue Hole.

Lançado a 28 de junho de 2023, Dave the Diver é um jogo desenvolvido e distribuído pela MINTROCKET.

Blue Hole.

Análise de Dave the Diver

Não fui dos primeiros a chegar ao barco de Dave the Diver. De facto, só embarquei neste jogo depois de ver a reação da comunidade, que não se cansava de o elogiar, e de decidir descobrir qual era, afinal, a razão para tanto entusiasmo. Entrei no jogo sem me impressionar muito — jogar na pele de um tipo «gorducho» que faz caça submarina e tem um restaurante de sushi não é exatamente algo que me chame a atenção. Após uma hora de jogo, estava completamente viciado e, agora, passadas cerca de 17 horas a jogar, posso dizer-vos que Dave the Diver já ocupa um lugar muito especial no meu coração.

Este não é um AAA com uma extensa equipa de produção, mas é um jogo que transpira carinho, humor e — desengane-se quem acha que os gráficos pixelizados significam menos investimento de tempo — incontáveis horas de dedicação de uma equipa de desenvolvimento ao seu projeto de paixão. Tudo em Dave the Diver foi feito com intenção e coração. O resultado é um jogo praticamente perfeito em termos de equilíbrio que nos leva numa história cativante, com uma arte absolutamente deslumbrante.

Deslumbrante.

História de Dave the Diver

A história é mesmo essa: somos um mergulhador «gorducho» que recebe uma chamada de um antigo contacto a pedir-nos que formemos parceria com ele para abrir um restaurante de sushi. A ideia é ele investir e nós mergulharmos para caçar o peixe que será preparado por um chef caído em desgraça, mas com um talento inigualável.

Antes de me cancelarem por utilizar o termo «gorducho», percebam que é intencional, já que o jogo faz questão de o referir constantemente, mas sem ser num tom depreciativo nem qualquer intenção de body shaming — pelo contrário, o jogo está cheio de personagens de todas as formas e feitios, todas elas muito interessantes e todas elas a apontarem para o facto de que nós não somos o típico herói. No entanto, Dave sai sempre por cima e é, de longe, o mais sensato e empático. Num leque de personagens que inclui celebridades, nerds, génios, sereias, ninjas, militares e muito mais, não há ninguém que eu queira ser que não o «gorducho».

Não me posso alongar muito neste aspeto, já que Dave the Diver é um jogo muito assente na narrativa e não quero spoilar nada. Poso, contudo, dizer que a escrita está fenomenal e o humor está a um nível superior, sem precisar de ser ofensivo nem violento. Já usei o termo acima, mas vale a pena repetir — o sentimento que a história e os diálogos (e tudo o resto) de Dave the Diver mais estimularam em mim foi: carinho.

Personagens de todos os tipos.

Jogabilidade de Dave the Diver

A narrativa é muito importante nos RPG, mas cai por terra se não for acompanhada por uma boa jogabilidade. Ora, não é que o «gorducho» nos proporciona uma jogabilidade altamente viciante e recompensadora! O loop principal do jogo consiste em mergulhar durante o dia (e a tarde) para apanharmos peixe e servi-lo à noite, no restaurante que também temos de gerir.

A parte da caça submarina é muito divertida, com dezenas e dezenas de peixes diferentes, consoante a profundidade e as condições atmosféricas, que apresentam desafios específicos para serem capturados. À medida que progredimos, vamos melhorando o nosso equipamento, o que nos permite alcançar novas profundidades e almejar outras caças.

A parte da gestão do restaurante, durante a noite, também entretem muito, já que nos cabe descobrir receitas para os peixes que vamos capturando e servir os clientes que vão aparecendo. Quanto melhor nos sairmos, melhor será a nossa reputação, o que atrai novos clientes e algumas VIP com pedidos especiais.

Durante os mergulhos e o serviço de restaurante, vamos encontrando diversas linhas narrativas que abrem mistérios a serem explorados, pelo que há sempre algo a fazer no jogo. Porém, por muitas linhas narrativas que tivesse de seguir, nunca me senti assoberbado e fiz sempre as coisas ao meu ritmo, sem grandes pressões para fazer isto ou aquilo. O equilíbrio entre dificuldade e recompensa também está a um nível praticamente perfeito, em que tive de me aplicar para ultrapassar certos desafios, mas nunca me senti frustrado por não o conseguir.

Além de tudo isto, existem ainda minijogos que temos de ir completando, numa progressão que acompanhamos com o nosso fiel smartphone.

Enfim… há muito mais a escrever sobre a jogabilidade de Dave the Diver, mas não me parece adequado fazê-lo num artigo de análise com este formato. Além disso, deixo-vos descobrirem por vós as inúmeras surpresas que o jogo reserva.

Muitos surpresas à nossa espera.

Gráficos e som de Dave the Diver

Se achavam que esta parte ia ser menos positiva, podem tirar o cavalinho da chuva!

Os gráficos e a arte de Dave the Diver deviam ser emoldurados. O público do Central Comics vai adorar o estilo do jogo, com inúmeras referências e piscares de olho a cultura pop, animé, k-pop, etc. As animações estão de tal modo trabalhadas que dão vida a personagens e a um cenário com uma palete de cores e uma saturação lindíssimas, a transbordar de vida. Não me consigo recordar de nada a este nível em qualquer outro videojogo.

Não estando ao mesmo nível, o som não deixa de ser excelente, ao acompanhar na perfeição os momentos mais descontraídos e os de maior ação. O jogo conta até com uma banda sonora específica que podemos revisitar no tal smartphone que nos acompanha.

Um mundo a transbordar de vida.

Postas de pescada e um par de botas

É cada vez mais comum serem lançados títulos que prometem muito e desiludem em igual, ou maior, medida. Contudo, volta e meia, surge um título que arrebata a crítica sem praticamente ter sido anunciado. É este o caso de Dave the Diver, um dos melhores jogos que joguei nos últimos anos — e o género RPG nem sequer é um dos meus favoritos!

Aparte de gostos pessoais, penso ser incontornável reconhecer que o desenvolvimento de Dave the Diver acerta na mouche em praticamente todos os aspetos do jogo — prova disso é ter vencido os prémios Steam na categoria de jogo mais relaxante. Não consigo imaginar ser possível haver alguém que não goste deste título.

+++

Praticamente tudo (história, diálogos, arte, estilo, animações, sons, música, mecânicas, minijogos, etc…)!

A ter de escrever aqui algo, talvez alguns personagens pudessem ser um pouco mais desenvolvidos e a parte dos mergulhos pudesse ser mais refinada de forma a ter de ser mais curta (obrigar a tomar decisões sobre o que explorar). Além disso, o jogo tem pouca, ou nenhuma repetibilidade (temos de aguardar pela sequela).

O menu inteiro é uma delícia.

Classificação: 9/10

É-me difícil não atribuir 10/10 a Dave the Diver. Contudo, em boa consciência, não o posso fazer tendo em conta as horas que vou passar neste jogo (pelo que investiguei, pouco menos de 50) em comparação com as centenas e centenas de horas que passei (e vou passando) em, por exemplo, Rimworld, Hearts of Iron IV, Stellaris, Civilization VI e alguns outros. Provavelmente, é uma questão de preferência pelo género, mas também tem algo que ver com as horas de conteúdo que obtemos pelo preço que pagamos.

Dave the Diver está disponível no Steam por 19,99 €.

Para terminar, fica a dica indispensável: nunca mais critiquem uma boa barriga de cerveja.

Plataforma testada: PC

Trailer de Dave the Diver:

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