Análise jogos: Cartel Tycoon
Plata o plomo? Constrói o teu império do narcotráfico num divertido RTS de gestão de recursos. Cartel Tycoon deixa o acesso antecipado a 26 de julho.
O purgatório acabou para Cartel Tycoon. O jogo desenvolvido pela Moon Moose e distribuído pela tinyBuild deixa o acesso antecipado a 26 de julho com a versão 1.0.
Cartel Tycoon é um videojogo em que assumimos o papel de um barão da droga que tem de construir o seu próprio império do narcotráfico, enquanto evita as autoridades e mantém o seu séquito na linha. Com opção de dois modos — História e Jogo Livre (com Multijogador anunciado para breve) — o nosso objetivo é erigirmos uma série de edifícios para criar uma rede de produção e distribuição de drogas e de lavagem de dinheiro, enquanto mantemos as autoridades afastadas com recurso aos nossos capangas, que também temos de controlar com dinheiro ou poder.
No modo de história, temos de ir cumprindo um conjunto de objetivos que nos são propostos pelo jogo para avançar em três diferentes narrativas: uma fácil, que serve de tutorial básico; uma normal, que continua a ensinar as mecânicas do jogo; e uma difícil, com mais horas de conteúdo. No modo de jogo livre, tal como o nome indica, somos livres para seguir os nossos próprios objetivos, histórias e estratégias.
Comecei a jogar Cartel Tycoon tal como se deve: pelo início. O tutorial é muito amigável e fácil de acompanhar, especialmente para os fãs de simuladores de negócios, já que existem inevitavelmente mecânicas transversais a este género de jogos. Ainda assim, mesmo os menos experientes não terão grandes problemas e rapidamente apanharão o jeito ao jogo, com vídeos explicativos e um guia bem composto.
Os gráficos e o som são bem conseguidos, mesmo que não sejam um dos pontos de destaque do jogo. Enquanto tentamos seguir as pisadas a Tony Montana, somos mergulhados num ambiente tropical que complementa a atmosfera de um verdadeiro negócio do narcotráfico. Contudo não pude deixar de notar que todo o design me remete imediatamente para Tropico, uma das mais bem sucedidas séries de videojogos de gestão de recursos. Ou me engano muito, ou os criadores de Cartel Tycoon também são fãs.
Em relação à história, não há muito para contar, até porque seria difícil fazê-lo sem spoilers. Mas posso dizer que não me parece que tenha sido o principal foco deste jogo.
Já as mecânicas de jogo em si, cumprem o que se propõe. Sem grande brilho por aí além, é certo, mas cumprem e compõem um jogo divertido. Começamos por ter de criar a nossa produção com quintas de canábis, ópio e coca em terrenos adequados, e ainda com laboratórios químicos. Depois, há que processar a matéria-prima e vender o produto. Mas, para isto, é necessária toda uma rede logística que passa por montar armazéns e empresas de transporte em locais estratégicos. Para dificultar as coisas, a alfândega anda sempre “à coca” (parece-me a expressão mais apropriada aqui), de modo que temos de dissimular a droga em vegetais, café ou até eletrodomésticos para passar a fronteira sem problemas. Quando tudo parece feito, temos de lavar todo aquele dinheiro sujo que temos em mãos. Toca a comprar negócios de fachada e a subornar políticos. Para isto tudo, contamos com a ajuda dos nossos subordinados, umas autênticas joias de pessoas que têm de ser mimadas com promoções e dinheiro para não nos apunhalarem nas costas enquanto disputamos territórios e poder com outros gangues. Para complementar o caos, temos de ter atenção ao nível de alerta das autoridades, que têm o poder de nos arruinar.
O conceito do jogo é sólido e diverti-me bastante a jogar Cartel Tycoon, mas tenho de admitir que, passadas algumas horas, tudo me pareceu um pouco repetitivo e que o jogo se torna uma espécie de pratinhos chineses, em que nos limitamos a equilibrar tudo de forma a que a coisa não se desmorone. Não penso que haja propriamente nada de errado nisto — há muitas pessoas que preferem este tipo de jogabilidade — mas penso que a vertente estratégica se perde um pouco pelo caminho. Também me convém dizer que, embora tenha passado umas boas horas com o jogo, não explorei todo o conteúdo que este tinha para oferecer, de modo que isto pode ser apenas característica do midgame e que o jogo aprofunde mais, especialmente tendo em conta que os criadores do jogo são muito ativos e prometem não se ficar por aqui no que toca a conteúdo.
Enfim, em jeito de comparação com outros títulos do mesmo género, uso um já mencionado neste artigo: diria que Cartel Tycoon fica uns furos abaixo de Tropico, sem deixar de ser um jogo bem divertido.
Cartel Tychoon apresenta uma narrativa que satisfaz a vontade de muitos de nós. Admitam: quem nunca pensou em proferir as míticas palavras “say hello to my little friend” ou “plata o plomo”? Pois em Cartel Tychoon somos nós quem manda. É a beleza pura dos videojogos: podemos ser quem quisermos, sem fazermos mal a ninguém enquanto realizamos as nossas fantasias. O jogo é divertido, com bons gráficos, boa jogabilidade e boas horas de conteúdo.
Mas não creio que se possa dizer mais que isso: é um bom jogo. Diria que o aspeto menos positivo é a falta de profundidade e alguma monotonia após um certo ponto, retirando-lhe repetibilidade.
Classificação: 7/10
Cartel Tycoon é uma boa escolha para os fãs de simuladores de negócios/jogos de gestão de recursos e para quem quiser viver a fantasia de gerir um império do narcotráfico. Não sei se será a joia da coroa da vossa biblioteca de jogos, mas seguramente que não se limita a ocupar espaço e têm aqui boas horas de diversão pela frente.
Para terminar, fica a dica indispensável: olho nos “lugartenientes”, já que nós não somos os únicos com tiques de Scarface!
Trailer Cartel Tycoon:
Gamer inveterado que não dispensa uma boa série e nunca diz ‘não’ a uma sessão de cinema… Com pipocas, se faz favor!