Análise: Ideiafix e os Irredutíveis 4 – Os Irredutíveis Vão ao Circo
A quarta entrega de Ideiafix e os Irredutíveis, por parte da editora Asa, traz-nos mais três aventuras dos nossos heróis, dirigidas ao público infantil que se encantou com esta proposta.
Com efeito, temos três diferentes argumentistas: C. Bacconier, Y. Coulon e S. Lecocq, que, tentando seguir a linha de Goscinny, inventam três novas histórias com um humor característico da “série-mãe” Astérix, mas de uma forma mais leve e infantil, pronta para divertir a nova geração e arrancar sorrisos dos adultos que, porventura, estejam a relatar as aventuras aos mais pequenos.
Os desenhos, por sua vez, estão a cargo de D. Étien, P. Fenech (autor também da capa) e Rudy. Todos oriundos da escola de Uderzo, apresentam com competência o traço característico do mestre, não deixando espaço para críticas de um possível desfasamento autoral. Fica claro que este spin-off existe apenas graças ao sucesso eterno da obra-prima da dupla original, que se tornou icónica no meio artístico e cultural em todo o mundo.
Vamos às histórias:
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Os Irredutíveis Vão ao Circo (Textos de Yves Coulon e desenhos de Philippe Fenech) – Os nossos caninos são capturados pelos romanos e enviados para o circo, onde terão de enfrentar um leão enjaulado, também ele contra a sua vontade. O romano Labieno abre as hostilidades do circo, e cabe a Ladina e Noturnix levar uma poção que possa salvar os heróis desta confusão. Como sempre, as poções não têm o efeito esperado, mas a coragem dos amigos prevalece nos momentos difíceis, e há sempre uma solução de última hora para que tudo termine bem.
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Ideiafix e a Sopa à Romana (Textos de Simon Lecocq e desenhos de Rudy) – Aqui, os donos de Glutonix são obrigados pelo romano Ângulorasus a preparar uma sopa romana para o centurião Labieno, sob pena de serem atirados aos leões. Cabe a Ideiafix e companhia ajudar o casal, que não faz ideia de como preparar tal prato. Quando tudo parece perdido, os cães conseguem elaborar um verdadeiro petisco, combinando ingredientes típicos romanos e criando uma sopa de comer e chorar por mais.
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Menires no Céu (Textos de Cédric Baconnier e desenhos de David Étien) – O menir de infância dos caninos desapareceu, assim como vários outros. Mais uma vez, Ângulorasus, querendo agradar a Labieno, apreende os menires gauleses para os transformar em belas colunas ao estilo romano. Com a ajuda de uma poção que faz os menires levitar, os nossos heróis conseguem frustrar mais um plano dos romanos e dar-lhes dores de cabeça.
A ideia de dar consciência a Ideiafix e aos seus amigos resultou num sucesso nestas bandas desenhadas voltadas para os mais pequenos, muito ajudado pela série de animação realizada por Charles Vaucelle.
Como fã incondicional de Asterix, a obra que me fez apaixonar pela banda desenhada, fico satisfeito por ver que esta é mais uma forma de fazer Astérix conhecido pelas gerações futuras, através desta versão mais infantil que pode, eventualmente, levar a uma futura apreciação da obra original, que é adaptada a todas as idades.
No entanto, de acordo com o meu gosto pessoal, confesso que este conceito não me seduz minimamente. Ver Ideiafix a adquirir consciência e, de certa forma, substituir Astérix na sua essência — ganhando a sua astúcia, inteligência, valor e coragem — faz com que as aventuras dos personagens humanos sejam transpostas para os animais. Os próprios amigos caninos assumem as características dos personagens centrais da série original. Compreendo que a ideia vende, mas não me atrai. Está muito longe da genialidade que Morris e Uderzo alcançaram com Ran Tan Plan em Lucky Luke, onde a estupidez do cão era expressa nos seus pensamentos, gerando um humor especial e risadas genuínas. Aqui, parece-me extremamente forçado e um uso gratuito dos direitos de Goscinny e Uderzo.
Ainda assim, volto a repetir: não sou o público-alvo, portanto não há muito mais a acrescentar.
A edição da Asa é em capa mole, e o tamanho extremamente reduzido não me agrada, mas talvez seja mais fácil para o manuseio pelas crianças. Contudo, penso que se perde muito valor nos desenhos com vinhetas tão pequenas, ainda mais reduzidas pelas grandes margens brancas nas páginas — algo que sinceramente não entendo. O papel brilhante adapta-se bem, e as cores resultam satisfatoriamente na impressão.
Venham mais aventuras para os mais pequenos!