Análise – Capitão América: Admirável Mundo Novo [SEM SPOILERS]
Uma conspiração mundial atormenta o mandato do recém-eleito Presidente americano Thaddeus Ross. Cabe a Sam Wilson desvendar este misterioso plano e salvar o mundo, tudo enquanto combate com as suas inseguranças sobre o seu novo papel como Capitão América.
Em preparação há muito tempo, este filme traz conclusões para vários momentos da saga, sejam a recente “The Falcon and the Winter Soldier” da Disney+ ou o aclamado “Avengers: Endgame”, mas principalmente, pelo forte envolvimento de Ross, faz muitas menções a “Civil War” e até “O Incrível Hulk” de 2008, um dos poucos filmes da MCU não produzidos diretamente pela Marvel Studios.
Esta história apresenta-se bem mais subtil do que o super heroísmo ao qual estamos habituados, remontando ao segundo Capitão América, mas com algo em falta…
Talvez por ser mais do mesmo, talvez pela conspiração ser menos interessante, e em certa medida estragada pela publicidade, ou talvez por saber a pouco no rescaldo do trailer para o próximo Quarteto Fantástico, na antecipação para os vindouros Thunderbolts*(e o seu maldito asterisco) e, principalmente, na sequência de Endgame e da espetacular série de streaming. Falta algo aqui, e o resultado é um filme que só consigo descrever como “agressivamente suficiente”.
Há pontos altos na fotografia, no argumento, até nas representações mas sabe a mais do mesmo, especialmente face à variedade que temos tido da MCU recentemente com projetos como “E Se…?”, “Deadpool e Wolverine“, e tantos outros. Mesmo filmes mais simples a nível narrativo como “Shang-Chi” trouxeram algo muito próprio que sinto faltar aqui, e acredito que a direção também terá algumas culpas no cartório.
A verdade é que estes filmes são formulaicos. Cinema de acção, fantasia, ficção-científica, andam todos a reciclar-se uns aos outros desde que Lucas viu Kurosawa. Já sabemos ao que vamos quando vamos ao cinema. A questão é que no pós-Exclusivo Disney+, sinto que estas histórias precisam de uma pujança e escala diferente para chegar ao cinema, caso contrário saímos a pensar “soube a pouco, para isto via em casa” e isso é algo que a Disney precisa de melhorar.
Não consigo deixar de comparar com os vários “Vingadores”, “Guardiões da Galáxia”, os tais ensemble films com elencos maiores que fazem este universo parecer mais vasto. Depois de Endgame a Marvel nunca mais soube ao mesmo, e embora tenha tido picos criativos em certos projetos, esta nova fasquia tem sido muito mais difícil de alcançar, e acho que este filme não conseguiu.
Outras notas que tirei incluem a infeliz subutilização de Giancarlo Esposito e a estreia de Danny Ramirez como Joaquin Torres, o novo Falcão, uma personagem que infelizmente passa a maioria do seu tempo como personificação dos Marvelismos.(Nota do Editor: Marvelismos são falas que existem exclusivamente para cultivar umas gargalhadas, infamas por estragarem o tom da maioria das cenas nas quais se inserem)
Sobra falar sobre o grande adversário deste Capitão América: A Publicidade.
A história que se conta é que este filme acaba por ser o mais caro da Marvel, devido a algumas dores de cabeça da produção, por isso mesmo, para satisfazer investidores, precisava de se cultivar um sucesso e isso passou em grande parte pelo Marketing, que estraga aquelas que poderiam ter sido surpresas interessantes. Para salvaguardar aquele único leitor que simultaneamente conseguiu fugir aos trailers para não estragar surpresas e teve a audácia de vir ler uma crítica sobre o filme antes de o ver, não vou entrar em detalhes concretos (até porque é óbvio para todos os outros aquilo que estou a mencionar), mas perdeu-se muita tensão e hype nesta brincadeira. Podiam ter sido surpresas muito mais eficientes, mas a Marvel não queria mesmo arriscar o flop.
Nem o guarda-roupa nos dá algo por aí além, honestamente fiquei com saudades do fato de Wilson visto na série de streaming que antecede o filme (mesmo com aquele pescoço de borracha estranho).
Para pontuar tudo, acho que o filme nos conseguiu dar a pior e menos criativa cena pós-créditos, essencialmente ao nível de paródia. Mais valia terem passado um trailer.
Resumidamente, é mais um.
Quem quiser ir ver um filme de ação minimamente competente, quem não conseguir faltar a um filme da Marvel, ou quem viu “Thor: O Mundo das Trevas” e gostou, vale a pena. A todos os outros, esperem que saia em streaming e façam binge a “O Falcão e o Soldado do Inverno” antes de o verem, há de cair melhor…
Como antes disse e agora reforço: “Agressivamente Suficiente”
6/10
Jovem dos 7 ofícios com uma paixão enorme por tudo o que lhe ocupe tempo.
Jedi aos fins-de-semana!