Análise: Black Panther: Wakanda Forever (SEM SPOILERS)
Wakanda Forever já chegou aos cinemas nacionais, mas estará este novo capítulo do universo Marvel à altura das espectativas?
O rei está morto, após sucumbir e transitar para o reino dos seus antepassados, T’Challa(o falecido Chadwick Boseman) deixa à sua mãe Ramonda(Angela Bassett) e à sua irmã Shuri(Letitia Wright), a responsabilidade de salvaguardar a sua nação, com o auxílio de aliados como as Dora Milaje(Lideradas por Danai Gurira no papel de Okoye) e os Jabari de M’Baku(Winston Duke).
O filme não demora em apresentar-nos o conflito: Na sua ganância por obter Vibranium, várias nações pelo mundo fora procuram o elemento dentro e fora das fronteiras de Wakanda cruzando caminho com os Talokan no processo.
Os Talokan são prontamente apresentados como uma verdadeira ameaça, este poderoso povo subaquático é liderado por Namor(Tenoch Huerta Mejía), um homem carismático e calculista com poderes divinos e intenções sinistras.
À medida que as tensões internacionais sobem, cabe à família real navegar o seu luto enquanto protegem a sua terra-mãe.
Técnicamente falando, é mais do mesmo, um tanto mais competente que o primeiro Black Panther em termos de efeitos especiais, mas um pouco mais pobre pela cinematografia derivativa. Os únicos momentos verdadeiramente diferentes são aqueles passados no reino de Namor, e pecam pela semelhança visual a todos os filmes submarinos que vieram antes. Queriam a comparação a Aquaman? Está aqui.
Mas essa comparação é também um bom ponto de partidas para o debate da narrativa.
Não é segredo que estes filmes são escritos “por comité”, entenda-se que meia-dúzia de pessoas dão uma lista de tarefas aos argumentistas e “boa sorte com isso”. Nessa lista estaria sem dúvida o interesse de apresentar Namor e, arrisco a dizer, é o que o filme faz melhor. Nas BD, embora os seus poderes tracem uma comparação mais rápida (e, por conseguinte, superficial) com Artur Curry da DC, a verdade é que, em termos de personagem, Namor está muito mais próximo do Adão Negro.
Um anti-herói, líder de uma nação antiga que pretende mantê-la separada do mundo exterior e dos seus fúteis conflitos, assumindo a sua terra (ou neste caso, oceano) como superior aos restantes. Nesse aspeto temos um Namor muito mais fiel à sua origem do que o “Dwayne Johnson com Super-Poderes” do mês passado.
Infelizmente o filme começa a pecar cedo pela inclusão de muitas personagens que alongam a metragem sem particular necessidade ou crescimento.
É nos apresentada Riri Williams(Dominique Thorne), uma jovem prodígia que consegue inventar quase tudo, um bom paralelo à Shuri mas que claramente só está aqui pela “coesão estratégica do Universo Marvel”, entenda-se: é mais prático introduzi-la aqui do que em “Armor Wars” ou qualquer outro futuro projeto que a queira incluir.
Somos também sujeitos a uma terceira dose do Everett Ross (a não confundir com Thaddeus) de Martin Freeman que, embora perspetive Wakanda como vista pelo “lado de fora”, serve de muito pouco fora tentar “martelar” mais a Val de Fontaine(Julia Louis-Dreyfus) neste universo. Personagem essa que tem substituído o Nick Fury de Samuel L. Jackson durante a fase 4 para os menos atentos às séries da Disney+.
Por outro lado, temos muito desenvolvimento de personagens como Okoye e M’Baku que demonstram bem o seu crescimento entre filmes, especialmente durante este abanão do status quo da sua nação.
Isto vem acompanhado de poderosos desempenhos do elenco principal, que ecoam sem dúvida o choque da perda de Boseman nesta sentida homenagem ao seu trabalho no universo Marvel.
O filme traz ainda uma cena pós-créditos que surpreendeu positivamente, focando-se no lado mais pessoal e intimista deste universo, relembrando-nos que o mesmo também cresce fora dos conflitos entre heróis e vilões.
Não posso deixar de mencionar que desta vez a banda sonora não surpreende tanto quanto em Black Panther, aqui é muito menos emotiva ou trabalhada, não traz tanto talento à mistura e peca muito por isso.
Mais um a não perder para quem todos acompanha, mais um que entretém quem os vê de vez em quando. Podia ser melhor com um argumento mais afinado, um dos poucos mas principais pontos em que a sequela perde para o seu antecessor.
7/10
Jovem dos 7 ofícios com uma paixão enorme por tudo o que lhe ocupe tempo.
Jedi aos fins-de-semana!