Análise: Big Nate “Na Maior” e “Alto e Bom Som”
Big Nate, a série criada pelo norte-americano Lincoln Pierce, teve dois lançamentos num curto intervalo, mas será o suficiente para quem já estava a ressacar de tiras cómicas?
Poucos dias antes de ter conhecimento do regresso de Big Nate às livrarias portuguesas (agora pela editora Nuvem de Letras), comentava num dos meus directos no Youtube (que pode ser visto aqui), com Ricardo Trindade da Zombi TV, o desmedido decréscimo do lançamento deste subgénero de banda desenha no nosso país. Por isso, foi com grande surpresa que recebi a notícia do lançamento de “Na Maior” e consequentemente de “Alto e Bom Som”.
A editora portuguesa vende como “BD para Crianças”, mas será isso mesmo? Muito provavelmente essa estratégia é porque esta personagem, ficou mais popularizada em Portugal a livros de prosa infanto-juvenis do que própria às tiras. A editora nacional anterior começou exactamente com os de prosa, e só depois passou para a BD, e é provável que a franquia tenha ficado marcada com o selo “infantil”. No entanto, Big Nate sai originalmente em jornais dos Estados Unidos, um suporte não vocacionado para crianças.
Mas quem ler as tiras vai perceber que sim, podem (e devem) ser lidas por crianças, mas basicamente é direccionado para todas as idades. Por isso, se tens mais de 16 anos e queres ler tiras cómicas, não tenhas vergonha em experimentar “Big Nate”.
Como teste até meti o meu filho de 11 anos (precisamente a idade de Nate) a ler o primeiro volume, e em conversa com ele, fiquei com impressão de que eu até acho mais piada do que ele. Por isso, fica a minha dica à Nuvem de Letras: Não rotulem como BD de crianças, mas antes como para todas as idades, como por exemplo os livros do Astérix ou Tintin.
Se para os mais novos pode apelar pelos temas que eles vivem em casa ou na escola, já para os mais velhos é o factor nostalgia que irá prevalecer.
Para quem como eu ler pela primeira vez esta personagem, irá reparar que entramos completamente a meio da vida de Nate. À medida que vão aparecendo as personagens secundárias apercebemo-nos que já existe muita história para trás, e isso faz com o arranque na familiaridade para com eles seja um pouco mais lenta e custosa do que se lêssemos desde o início. Mas tenham paciência, pois lá para o meio do livro esse sentimento começa a dissipar.
Isto porque Na Maior é na verdade o 6º álbum da cronologia original. Imagino que a Nuvem de Letras começou por este tomo por ser o primeiro que teve a sua publicação com tiras coloridas, (todas as anteriores foram lançadas a preto e branco) e por algum motivo, não quiseram arriscar lançamentos a P/B, provavelmente por acharem que seria menos atraente para crianças. Por isso, este pode ser um ponto negativo para os coleccionistas.
As tiras compiladas nestes dois livros saíram entre 28 de Agosto de 2006 e 4 de Novembro de 2007 e as tiras de Domingo (supondo que Pierce seguia a regra geral das tiras de jornais, que passam por fazer a dominicais maiores que as restantes), foram ignoradas nestes livros.
“Na Maior” e “Alto e Bom Som” são duas grandes aquisições para quem gosta de tiras cómicas e espero que coloque o sorriso a muita gente para podermos continuar a seguir a vida do jovem Nate nos próximos anos.
A adaptação para musical:
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.