Análise BD: Katanga (de Fabien Nury e Sylvain Vallée)
Dos mesmos autores de “Era uma vez em França “ (uma magnífica história no decorrer da segunda guerra mundial), surge Katanga, outra verdadeira pérola da nona arte imperdível.
A sinopse de Katanga é a seguinte:
“Em 1960, após 80 anos passados sob o domínio colonial Belga, o Congo proclamou a sua independência; menos de duas semanas depois, a rica província mineira de Katanga separa-se. O Congo e Katanga entram imediatamente em guerra pela posse dos territórios mineráveis. Seguem-se massacres e êxodos civis.
A Organização das Nações Unidas impõe então a sua mediação no conflito e envia os capacetes azuis para o local…
Ao mesmo tempo, uma horda de mercenários desprezíveis é recrutada para libertar as operações de mineração ocupadas… e um servo negro, Charlie, arrisca a sua vida e muda o seu destino ao colocar as mãos num tesouro inestimável, 30 milhões de dólares em diamantes, tornando-se o homem negro mais procurado de Katanga.”
Análise a Katanga:
Esta BD, originalmente editada pela Dargaud em três tomos, mostra-nos mais uma vez um argumento muito inspirado e frenético de Nury (Tyler Cross, West…) em conjunto com o desenho característico e virtuoso de Vallée ( XIII mistery, Era uma vez em França …) .
Com um leque excelente de personagens empáticas sejam elas sem escrúpulos ou não. É irresistível tentar perceber e descobrir qual vai ser o destino de cada uma, num verdadeiro jogo de intrigas, traições, espionagem entre cenas de ação e sexo, que confirmam uma leitura para adultos num verdadeiro ritmo desenfreado e explosivo.
Na verdade o desenho e enquadramento são excelentes, tendo como fundo a colonização de África e a exploração de recursos por grandes corporações multinacionais que corrompem os governos locais mas que nos conta, ao mesmo tempo, a história deste continente com os seus inúmeros ditadores que actuam em nome do seu povo e da descolonização.
A forma cinematográfica que Vallée faz eximiamente, adequa-se na perfeição com a perversidade das linhas cruzadas que Nury tece, trazendo sempre um desfecho impressionante e imprevisível. Posso-vos dizer que personagens como Orsini, Alicia, Cantor ou Charlie são maravilhosas e ficam para a posteridade na mente do leitor.
Ao ler esta banda desenhada não pude deixar de me lembrar do excelente filme Diamante de Sangue de Edward Zwick, com os actores Leonardo Di Caprio e Djimon Hounsou, que, embora ocorra na década de noventa, tem algumas semelhanças com este enredo! Aproveito para recomendar a visualização deste excelente filme para quem não conhece.
Gostaria imenso de ver um integral deste Katanga ou do Era uma vez em França em português, sabendo de antemão que seriam êxito garantido e recomendados como “leituras do ano “ de tal forma a qualidade dos mesmos. Se infelizmente não acontecer, procurem ler em língua estrangeira, seja francês, espanhol ou inglês, há várias opções disponíveis.
Mais uma história formidável e altíssimo nível!
Boas leituras