Análise BD: Fukushima – Crónica de Um Desastre sem Fim

A Gradiva traz-nos “Fukushima – Crónica de Um Desastre sem Fim”, mais um livro de banda desenhada franco-belga ou devo dizer neste caso franco-espanhola, pelo que cada vez mais me limito a pronunciar BD europeia para ser mais preciso.

Isto porque o autor francês Bertrand Galic se junta com o espanhol Roger Vidal para nos contar a história sobre o que se passou na central elétrica de Fukushima no Japão no dia 11 de março de 2011. Nada menos que um desastre nuclear, ao nível do famoso acidente de Chernobyl em 1986.

Uma reação em cadeia que começou num terramoto quee originou num tsunami que por sua vez causou um grande desastre na central elétrica e em toda a região periférica. Para ser mais específico, a origem dá-se no derretimento de três dos seis reatores nucleares da central.

Com isto, milhares de pessoas perderam as suas casas devido à radioatividade que contaminou toda a região de Fukushima.

O argumentista dirige as suas atenções para o chefe da central elétrica, Yoshida, pois é ele o protagonista de várias tomadas de decisão sobre a gestão de risco do acidente nuclear. Decisões como o que fazer com os trabalhadores, o que fazer transparecer para comunicação social japonesa, o que fazer em relação à central e regiões circundantes e os seus habitantes…

O corte de energia e explosões constantes aquando da falha de comunicações causou pânico geral, pois toda a gente já sabia de antemão as consequências tóxicas das radiações que se avizinhavam. O desastre de Chernobyl e as suas consequências devastadoras estava presente na cabeça de todos. Yoshida teve que tomar decisões críticas em pouco tempo. Muitas delas, à rebeldia das suas hierarquias…

O argumentista Galic apresenta-nos ao início, a comissão de inquérito ao trabalhador, dando a este livro dois espaços temporais distintos (um depois e um antes) que funcionam muito bem neste tipo de narrativa e criam empatia com a personagem principal.

Com uma boa dose de ficção à mistura, o argumento é bastante satisfatório, sendo que os desenhos de Vidal são também, muito dinâmicos e eficientes com um traço moderno e uma coloração adequada.

Fiquei agradavelmente surpreendido com esta banda desenhada e com a sua qualidade.

A edição da editora Gradiva é boa, com capa dura brilhante, bem bonita, um papel baço, uma boa encadernação e um dossiê de extras sobre os acontecimentos reais de Fukushima.

Não posso deixar de aconselhar, para quem gostar deste género; ver a excelente e multipremiada minissérie de televisão Chernobyl da HBO criada por Craig Mazin e que dramatiza de forma impressionante os eventos em torno do acidente nuclear mais famoso de sempre. Vencedora de Emmy Awards e com atuações fantásticas de atores como Jared Harris, Stellan Skarsgard e Emily Watson, é imprescindível.

Boas Leituras!