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Análise: A Galeria dos Corações Partidos

Mesmo sabendo que o caixote do lixo possa ser o destino final, todos nós guardamos objectos que mais tarde nos trazem recordações. Um bilhete de cinema, um bilhete de avião, postais, uma palheta de guitarra, uma lata… Lucy (Geraldine Viswanathan) não é excepção, mas acontece que após anos de acumulação, o seu quarto tornou-se uma espécie de antiquário. As peças principais: pertences dos seus ex-namorados.

A Galeria dos Corações Partidos começa num momento promissor da vida de Lucy. Contudo, numa noite apenas, o seu namorado volta para a ex, perde o seu emprego de sonho e acaba por apanhar boleia de um estranho chamado Nick depois de ter entrado no seu carro por engano.

A Galeria dos Corações Partidos

Surpresa das surpresas e porque se trata de uma comédia romântica, depois de semanas a tentar recuperar do abalo   e já a tentar resolver o seu problema de acumulação, Lucy volta a cruzar-se com Nick (Dacre Montgomery). Este revela ser um jovem ambicioso e trabalhador cujo sonho é construir “The Chloe Hotel”, um hotel cuja temática é inspirada na própria cidade de Nova Iorque. Quando algo inesperado acontece, Lucy percebe que “The Chloe Hotel” é um espaço onde os corações partidos da cidade poderiam deixar à guarda os seus objectos de relações passadas. Os dois chegam a um acordo: Lucy ajuda na construção de forma voluntária e Nick oferece parte do espaço do futuro hotel para montar a “Galeria dos Corações Partidos”.

Fugindo à dependência dos arquétipos que têm feito as nossas as nossas delícias quer seja a ver Notting Hill, When Harry Met Sally ou Sleepless in Seattle, mas sem deixar de brincar com eles, a realizadora e argumentista, Natalie Krinsky,  oferece experiências com que uma nova geração se pode identificar. Lucy e Nick são duas pessoas que se encontram em momentos semelhantes da vida. Jovens, com idades entre os 25 e os 30, procuram estabilidade não só romântica, mas profissional e financeira. Procuram encontrar um caminho mais certo para as suas ambições. Sim, não podemos esquecer que a raiz do filme está no coração partido de Lucy, mas esse é apenas o mote para um filme não só sobre consertar corações partidos, mas também sobre aprender a seguir em frente, a dar tempo ao tempo e a perceber que cada um de nós tem o seu ritmo. Podia ser cliché, mas não é. É possível acreditar até ao fim que estamos perante uma situação real (apesar de não estar certa que alguém no mundo já tenha entrado no carro de um estranho e que este não se tenha importado de lhe dar boleia).

A Galeria dos Corações Partidos

Infelizmente, falta um equilíbrio de emoções em A Galeria dos Corações Partidos (The Broken Hearts Gallery). Faltou dar mais importância às não tão pequenas coisas que nos dão a conhecer o porquê de Lucy e, principalmente, Nick serem quem são quando se conhecem. Parece haver uma certa relutância em deixar respirar os momentos mais íntimos para que não destruam a aura bem disposta que o filme quer passar. Servem o seu propósito, mas correm o risco de ficarem esquecidas. O que é pena, pois o filme tem quase duas horas e ficamos sem saber se mais uns minutos bastavam ou se as cenas divertidas podiam ser condensadas.

Foram quase dez anos de espera para A Galeria dos Corações Partidos ver a luz do dia. Se não contarmos com a dúvida que fica em relação à sua duração, é uma comédia romântica fresca que conta com personagens carismáticas e cheias de presença.

Classificação 6/10

A Galeria dos Corações Partidos estreia a 24 de Setembro


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