Central Comics

Banda Desenhada, Cinema, Animação, TV, Videojogos

Adeus, Central Comics Fest! – O fim de uma era

Anunciamos publicamente e oficialmente o fim do evento Central Comics Fest, complementando o que já tinha sido anunciado em Fevereiro deste ano. Fiquem aqui a saber os motivos para esta decisão.

Há mais de 15 anos que ajudo na promoção da banda desenhada e da cultura pop em Portugal. Quando inaugurei o portal Central Comics (CC), em conjunto com o meu amigo Nelson Castro, não havia outro local, na web, onde os leitores de BD pudessem estar a par do que se ia fazendo na área no nosso país. A excepção era o site da Bedeteca de Lisboa, que, apesar de cumprir o seu propósito, era pouco abrangente. O CC foi sempre um projecto não lucrativo, dirigido aos fãs, logo, dependente do meu tempo livre (e das pessoas que, ao longo dos anos, contribuíram com as suas colaborações).

Esta minha outra área  de acção no sector – a organização de eventos – está dependente dessa mesma situação – o meu tempo livre. O primeiro evento que organizei foi o Yukimeet 2, em 2008, herdado de um meeting precisamente com o nome Yukimeet, organizado por um grupo de jovens fãs, um ano antes – e cujo final foi passado na nossa loja Central Comics no Porto. A partir daí não parei mais , e tenho organizado eventos anualmente, geralmente por altura do verão.

2008: Yukimeet II, VI Troféus Central Comics (especial) ; 2009: Yukimeet III; 2010: Jap Xpress, Super X-Press, Fantasy X-Press; 2011: 80’s X-Press, Sci-Fi X-Press, X-Mas X-Press, Anigamix (o primeiro evento de cultura pop decorrido na Exponor, em Matosinhos); 2012: Portusaki I e Portusaki II; 2013: Central Comics-Con; 2014: Central Comics Fest; 2015: Central Comics Fest II; 2016: Central Comics Fest III.

Ao longo deste tempo tive altos e baixos, mais ou menos tempo para me dedicar a eles, etc. Os maiores sucessos foram o Anigamix (Exponor, 2011) e o Central Comics-Con (Hard Club, Julho de 2013), tanto a nível crítico como financeiro. Mas este mundo é muito pequenino e este tipo de actividade dá azo a muitas picardias e azedumes. Por entidades singulares (vulgo “haters”), mas também por entidades do meio – cujo poder comercial lhes proporciona um vasto leque de acção, e que, com notável manha, foram tentando, em diversas ocasiões, boicotar os meus eventos e colocar-me fora de “cena”. Nunca fui uma real ameaça para ninguém, pois nunca almejei produzir eventos para milhares de pessoas. Sempre quis apenas fazer as minhas iniciativas, sem grandes aborrecimentos – por isto, não compreendo a necessidade de determinadas pessoas e empresas terem optado por certos comportamentos– receavam, talvez, que os beliscasse…?

No entanto, posso orgulhar-me do trabalho que fiz, invariavelmente sem apoio estatais ou autárquicos, realizando tudo a nível privado, e é com prazer que afirmo que, com orçamentos minúsculos (quando comparados com a maioria dos demais eventos do mesmo período), singrei onde tantos outros fracassaram, pois todos os eventos que promovi obtiveram lucro.

Num país que a certa altura ficou saturado de pequenos e médios meetings e eventos, sempre tentei, em cada um dos meus, trazer algo de novo e original. Muitas das actividades que comecei a implementar foram sendo copiadas noutros eventos pelo país fora, mas nunca me aborreci com isso. Pelo contrário, encarei sempre o sucedido como sendo uma espécie de elogio. No entanto, fazia sempre elevar a dificuldade para o ano seguinte, cujo desafio era pensar em algo fresco e novo. Essa era a parte mais divertida dos eventos: criar um programa rico e variado, e fugir gradualmente da supra-explorada temática oriental (manga/anime), sem que, com isso, fizesse com que esse público deixasse de aparecer – e isto era um desafio e tanto.

Portusaki 2
Foto de Andreia Alves

Apesar de o Portusaki II ter sido já um evento de cultura pop variado (ao contrário do primeiro, focado maioritariamente na cultura japonesa), o nome “Portusaki” continuava a soar demasiado nipónico e não fazia jus à sua programação. E foi no ano seguinte, quando tive a lucidez de mudar o nome do evento para “Central Comics-Con”, usando o nome do meu site e acrescentando o sufixo “con”, que tudo começou a mudar. Quando antes era eu que abordava as entidades com convites e apresentações do meu “produto”, começaram a ser estas a vir ter comigo e proporem-se a estar presentes com apresentações, colaborações, etc. De facto, as palavras “Comic(s)” e “Con”, quando juntas, são mágicas. Já toda a gente percebeu isso, não é?

Passaram-se poucos meses após o Central Comics-Con que recebi o convite por parte da CITY – Conventions in the Yard para colaborar com a Comic Con Portugal (CCPT). Deixando-me levar por um projecto ambicioso e por uma verdadeira enxurrada de elogios à minha pessoa e ao trabalho que vinha a realizar (aparentemente – pensei – alguém estava atento…), acabei por aceitar a proposta, embora os tivesse alertado para o facto de que, devido ao meu passado como divulgador de notícias e promotor de eventos, tinha “coleccionado” alguns “ódios profissionais”, que podiam (ou não) ser interessantes como presença no evento deles. Não obstante, feita a parte que me competia, reiteraram que “eu, Hugo Jesus, era uma pedra fundamental para o projecto.” O interesse na minha participação estendia-se não apenas à minha experiência na promoção de eventos ou contactos no sector, como também na adopção do Troféu Central Comics, então realizado há mais de dez anos, como uma das mais valias do evento. É claro que, mal o meu nome foi revelado, como colaborador do CCPT, tiveram início os alegados problemas… Dentro de 6 meses fui “convidado” a rescindir o contrato de trabalho que tinha assinado com a CITY, em Janeiro de 2014.

A partir daqui, nada foi o mesmo – comecei a não tirar prazer da organização de eventos e já o fazia apenas pelo encaixe monetário que estes proporcionavam. No entanto, posso afirmar, que nunca descurei o projecto e fiz sempre o melhor que pude, tanto a nível de condições, como a nível de conteúdos.

Mas o cansaço começou a pesar, e a necessidade que sentia de o organizar  diminuia, até que comecei a ter de recusar trabalhos para poder dedicar-me aos eventos. Posto isto, os prós começaram a ser largamente suplantados pelos contras.

Gostava ainda de desabafar o seguinte. Apesar de ter sempre um programa rico e muito mais variado do que muitos e muitos eventos do género (tinha sempre o palco do auditório ocupado com actividades, por exemplo), tive de, muitas vezes, “gramar” com “bocas” que diziam que os meus eventos não tinham programação. Isto inclusive por parte de organizadores de eventos do género cujos conteúdos sempre foram claramente pobres. Depois, nunca consegui chamar na quantidade desejada, um estilo de público que gostaria e que os meus eventos mereciam. Marcado definitivamente por um passado mais dedicado à cultura oriental, era este o público que maioritariamente os visitava. E este tipo de visitantes estão mais interessados em conviver com os amigos e tirar fotos, do que propriamente em apreciar e valorizar a vertente cultural do que se passava no auditório, estando este, muitas vezes, cheio… de lugares vazios.

Por isso, e visto que financeiramente também já não me seduz, decidi, logo após ter terminado o CCFest 2016, que me reformaria nesta altura, deixando para trás um historial de que, apesar de tudo, me orgulho. Na altura, só alguns dos meus voluntários e pessoas mais próximas souberam desta decisão, e apenas a tornei pública em Fevereiro de 2017, numa entrevista à Rádio Universidade de Coimbra – que podem ouvir aqui. (link)

Este ano, ainda organizei o Eurocosplay Portugal, em colaboração com o Fantasporto, o que me deu imenso prazer, pelos moldes em que foi realizado. Posso também já adiantar que também o Troféus Central Comics irão sofrer alterações (mais sobre isto em breve).

Embora não deva explicações a ninguém, devido à grande adesão e apoio que o público e fãs sempre me conferiram, senti a necessidade de, com este comunicado, desabar publicamente o fim do evento. Espero, igualmente, que compreendam os meus motivos.

Por fim, queria agradecer a todos os que acreditaram nos eventos, aos que os visitaram, aos artistas que fizeram magníficos pósters originais, aos incansáveis voluntários que tive nestes anos todos e a todos os apoios e parceiros que apoiaram das mais diversas formas.

Obrigado.

‘Tá tudo dito!

Hugo Jesus


As Novas revistas Marvel da Goody sob análise
(Homem-Aranha #1 e Vingadores #1)

E para  não perderes nada sobre o Central Comics no Google Notícias, toca aqui!

Além disso, podes seguir também as nossas redes sociais: 
Twitter: https://twitter.com/Central_Comics
Facebook: https://www.facebook.com/CentralComics
Youtube: https://www.youtube.com/CentralComicsOficial
Instagram: https://www.instagram.com/central.comics
Threds: https://www.threads.net/@central.comics

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Verified by MonsterInsights