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A tragédia de Anakin Skywalker e como moldou um século

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Os filmes realizados por George Lucas, acoplados com algumas séries animadas tais como Clone Wars e várias bandas desenhadas, contam a tragédia de Anakin Skywalker, um cavaleiro Jedi que sucumbiu àquela que corresponderia a pior versão de si mesmo por motivos relacionados com a condição humana. A história desta personagem é conhecida globalmente e, apesar de coexistirmos com indivíduos que insistem que a sua história é supérflua e cativada por sentimentos básicos, eu creio que haverá uma vertente extremamente profunda à personagem constituída por camadas relacionadas com a imperfeição emocional do ser humano.

Anakin era relutante, imprudente e agressivo, apesar de possuir a sensatez e a nobreza necessária nos momentos mais difíceis. Embora estivesse disposto a sacrificar a sua vida em prol daqueles que amava, o jovem Skywalker era também dominado por outras emoções naturais à nossa existência: ódio, medo, ambição e tristeza imensa. Estes sentimentos são aqueles que nos deterioram psicologicamente, que provocam o fraquejar dos nossos joelhos e a queda da nossa cansada face no chão enlameado pela carência de apoio, isto é, pela inexistência de uma figura que nos devolva o equilíbrio da mesma forma que ele estava destinado a equilibrar a força. Tal como Darth Vader disse, “Anakin Skywalker era fraco” uma vez que era efetivamente na sua essência a encarnação da solidão emocional humana. Por esta razão, os Jedi foram levados a acreditar que a abstração da alma seria uma condição necessária para o acesso a um poder superior.

Todavia, tal como é relevado na saga, esta teoria é refutável pela vitória dos Sith. Com efeito, apesar destes assumirem um culto por vezes exageradamente egoísta e propenso à carnificina, concluíram com sucesso a sua vingança no final do episódio III porque, ao contrário dos entes queridos de Anakin, acediam infindavelmente às suas emoções. Anakin traiu os Jedi dado que estes, acima de tudo, repreendiam-no pela sua natureza. Skywalker perdeu a sua aprendiz, a sua mãe e posteriormente a sua esposa devido em última instância a uma ordem Jedi insensível, arrogante e corrompida pela apatia. Anakin, tal como o ser humano na sua condição mortal e sentimentalista, escolheu abandonar o seu destino e os ideais que lhe foram instruídos toda a sua vida numa última tentativa desesperada de salvar a única forma de felicidade que esses mesmos princípios morais ainda não tinham chacinado.

Envergando o manto de Darth Vader, Anakin mergulhava num oceano de miséria e desgosto a uma velocidade exponencial. Assim, refletindo no seu fracasso em salvar as pessoas que o amavam, Vader era incapaz de evadir ao controlo do imperador, símbolo da sua depressão solitária e sufocante. Efetivamente, durante um longo período, Darth Vader viu-se novamente como um escravo, desta vez do seu passado e da sua mente abandonada e desolada, já sem ânimo naqueles que o rodeavam. Ao contrário de Anakin, Vader perdera a esperança que existisse algo benévolo nele mesmo porque os indivíduos que agora o rodeavam detinham objetivos egoístas e demolidores. Levando este estado anímico crítico da personagem em conta, é compreensível que somente Luke Skywalker fosse capaz de o salvar pois no seu filho residia ainda a esperança incomensurável e uma nova oportunidade de recuperar parcialmente aquilo que tivera perdido. Luke é desta forma, o apoio emocional apropriado que as pessoas que mais amamos nos fornecem e que nos ajudam a ressurgir das cinzas das nossas derrotas. Luke é o catalisador que permite que o escolhido se erga novamente e devolva equilíbrio à forca, à vida e, principalmente, a si mesmo. O jedi que regressa no final do episódio VI é Anakin na medida em que o outrora escravo de Tattoine se revelou capaz de controlar os sentimentos que o dominavam e obter a sua singularidade que o faria o Jedi mais poderoso de sempre.

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Anakin Skywalker é a emoção, a arte e a vida de um indivíduo em toda a sua plenitude imperfeita, condicionada pelas pessoas com que se relaciona e com as restrições que lhe são impostas. Por esta razão, Star Wars será imortalizado na cultura da nossa espécie por ter moldado um futuro que permite que jovens introvertidos, criativos, inteligentes e tímidos assumam a sua voz e floresçam na sociedade em que se inserem. Star Wars é imortal porque tornou o conceito de “nerd” relacionável com qualquer pessoa, cada uma destas com perspetivas diferentes e, obviamente, com potenciais infinitos.

José Diogo Correia

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