Análise: O Guardião – Agente Secreto do Vaticano 1-4
O Guardião – Agente Secreto do Vaticano, é uma das séries mais vistosas da Gradiva, ou não falássemos de uma obra de 2 autores “peso-pesados” da BD franco-Belga: Sente e Boucq
Apesar de fazer mais sentido fazer análises individuais ou de, neste específico caso escrever sobre os 5 primeiros tomos (que perfazem o primeiro ciclo, ou arco de histórias), a verdade é que li estes 4 volumes iniciais todos seguidos. E como a Gradiva ainda não lançou o quinto (espero que esteja para breve), nem sai quando sai, desabafo já sobre o que li e perspectivo o final.
Nesta série ficamos a saber que foi criado no início do século XXI, pela Secretaria de Estado do Vaticano, um serviço de zeladores (Janitor, no nome original), conhecido como “Guardiões”, que têm como objetivo proteger e limpar nas sombras e de forma discreta, os bastidores da Sé Apostólica.
Há doze guardiões, nem mais, nem menos, e quando o terceiro desaparece numa missão, o chefe dessa organização, o Padre Soffranello, substitui-o por Vince, até então o seu protegido.
Está apresentado assim o nosso protagonista destas aventuras de espionagem e acção com cariz religioso. E a sua primeira missão não é fácil, pois defronta uma organização secreta que tem membros infiltrados na Santa Sé. Por isso tudo está envolto em várias camadas de mistério, que o nosso herói terá de ir “descascando” para tentar resolver o problema.
Nos primeiros 2 tomos vejo aqui um paralelismo com James Bond. Temos um homem charmoso, a trabalhar para uma agência ultrassecreta em casos que requerem uma condição física para além do normal e, tal como os filmes do 007, logo nas primeiras páginas tem da boa e “velha” acção, neste caso com uma trepidante perseguição de carros. Temos também a característica da aventura que se desdobra por vários pontos do mundo. E não esquecer que Vince tem até as suas “Bond girls”, com quem vai flirtando aqui e ali.
No entanto, à medida que história avança, o estilo começa a desviar-se do da criação maior de Ian Fleming. Outros elementos vão surgindo no enredo: desde as grandes reviravoltas no argumento (que não quero contar para evitar spoilers), até à revelação das origens de Vince, passando por elementos aparentemente sobrenaturais (falta confirmar se sim ou se não, mas que devemos confirmar possivelmente no quinto e final volume da história). Contudo, e apesar de adorar James Bond, fico contente por se desviar um pouco do género, pois torna “O Guardião”, mais original e especial.
A história escrita por Yves Sente é então bastante interessante, mas o seu pesado mistério prejudica a quem lê os livros com intervalos grandes entre cada um. Mesmo assim, lendo estes quatro em poucos dias, é preciso uma boa dose de concentração para não perdermos o fio à meada. O livro em si não é muito palavroso, mas nas poucas sequencias que o é, a leitura não custa assim tanto. A boa tradução acaba por amenizar um pouco essa possível entrave. Mas é apenas uma questão pessoal, pois não gosto de demasiado texto na banda desenhada.
Aguardo assim com expectativa a conclusão deste ciclo, esperando que consigam embrulhar de forma convincente todas as pontas soltas lançadas até agora.
Na arte temos o nosso conhecido François Boucq (New York Cannibals, Face de Lua), que nos garante aquele selo de qualidade habitual nas suas obras, embora aqui ele opte por um estilo mais realista, e por conseguinte menos interessante (para o meu gosto pessoal), do que por exemplo em Bouncer, onde tem um traço mais solto e detalhado.
O Central Comics publicou uma pequena entrevista aos autores, que podem ler aqui.
O livro é num tamanho típico franco-belga, com papel brilhante e capa dura, apenas tendo como negativo o facto da mancha da BD ser demasiado pequena para o formato, causando assim umas margens a branco demasiado grandes.
No todo “O Guardião” é uma excelente opção para quem gosta de acção, aventura e mistério, e estou convencido que será uma boa adicção à vossa bedeteca pessoal.
Argumento: 7.5
Arte: 8
Tradução: 8
Legendagem: 6
Veredito final: 7.5
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.