BD: 2012-2013: Estamos perante um Mini-Boom editorial em Portugal?
No final de 2012, com o início do Ultimate Central Comics, falámos sobre a hipotética passagem do sector de BD português por um mini-boom editorial, que vá consolidar os esforços dos agentes do mercado e, no processo, resgate a área do marasmo sentido. Será só coincidência? Fumo de vista? Ou são fogos de revolução? Com talentos nacionais em trânsito para outros mercados, novas e velhas chancelas a investir em obras de apelo ao grande público e o surgimento de mais convenções, oferendo alternativa ao modelo dos festivais, é caso para antever ventos de mudança.[fbshare]
Foi isso o que perguntámos a editores do sector e promotores da área, que já observaram outros picos no mercado e nos deram a sua opinião sobre o panorama actual. Com a chegada tímida de novas editoras – Contraponto, Levoir, Chiado Editora, Saída de Emergência e Planeta (ambos com obras de Guerra dos Tronos), a Netcom2 (com BD franco-belga de linha clara e títulos periódicos também), mais o regresso da BD Disney mensal com a entrada da Goody e Planeta d’Agostini (com colecção de 70 livros de A Guerra das Estrelas) – será que estamos a assistir a um mini-boom da BD em Portugal, numa altura de crise generalizada?
Na opinião de José de Freitas (ex-editor da Devir e actual editor da colecção Heróis Marvel e Super-Heróis DC, da Levoir), que ficou “surpreendido que alguém ache que estejamos num período de boom da BD”, tal não é real, embora dependa da definição de “boom” de cada qual. “Podemos estar a passar um bom momento para os fãs, em que é possível comprar mais algumas colecções ou títulos, e em que talvez se tenha editado um pouco mais. Mas na verdade, não penso que o momento seja muito bom. Aliás, para mim, a prova disso é que uma só editora, a Planeta D’Agostini, vai lançar em 2013 um total de álbuns igual a metade do TUDO o que se editou em 2012. Quando UMA SÓ editora consegue fazer isso, e com um projecto editorial que claramente não tem muito a ver com a BD, mas antes com o aproveitamento da marca e do momento, e por arrasto de colecções editadas em Espanha, então é sinal de que o mercado está tão diminuto que qualquer coisa que se faça é relevante.”
Posição contrária tem a Maria José Pereira (recém ex-editora da Asa Edições), que considera o mini-boom incontestável, embora diga que “se isso significa que no futuro, e de forma consistente, existirão mais editoras a publicar BD em Portugal, não sei responder,” pondo em causa tal dever-se a uma aposta consolidada ou só pontual.
Adianta ainda que “o facto de estarmos em crise não impede que haja crescimento de determinados segmentos de mercado, que podem inclusive ser «nichos» (pode parecer um paradoxo, mas por vezes acontece; dou-te um exemplo: estamos em crise, mas [a Asa está] a aumentar as suas exportações). Infelizmente, não há estudos específicos para o mercado de BD que nos permitam aferir se isso acontece ou não, pelo que uma resposta concreta à tua pergunta seria, da minha parte, apenas um mero «futurismo».”
Outra editora, Maria Yasmin (responsável pela BookTree) oferece um outro prisma sobre a questão, indicando que as vendas online são residuais e que qualquer boom tem de passar pelo mercado de retalho, o que é problemático já que “os pontos de venda e circuito de distribuição em Portugal estão um verdadeiro cancro. A Sonae está a acabar com o espaço da BD nos hipers; as [lojas] Fnac têm cada vez menos [espaços] (e ouvem-se rumores de que em termos de negócio a coisa está a correr muito mal, portanto oxalá não venha por aí uma má notícia em breve); e das grandes livrarias não resta muita escolha: há as Bertrands e pouco mais, muitas delas cheias de problemas e condenadas a acabarem, mais dia, menos dia.”
Contudo, a Maria refere ainda que persiste uma “enorme quebra de consumo – as pessoas, se não têm dinheiro, evidentemente que não podem comprar livros, pois já basta o esforço enorme que as famílias [fazem] para pagar as despesas de primeira necessidade.”
Já Geraldes Lino (recém ex-anfitrião da Tertúlia BD de Lisboa e editor de Fanzines), observador do sector, indica que, apesar da maior visibilidade, no ano transacto as edições diminuíram face ao anterior, em certa reacção ao estado económico do país. “Mas não só. A par da retracção do público leitor habitual de banda desenhada, há que começar a tomar em consideração o visível afastamento das gerações mais novas em relação ao interesse pela leitura em papel, substituído pelo fascínio dos «gadgets», objectos tecnológicos cada vez mais acessíveis e difundidos, que, irreversivelmente, se tornam moda obsessiva e conferem «status» aos jovens.”
Numa perspectiva diferente, Nuno Ferreira (alfarrabista) comenta que o presente fenómeno lhe passa ao lado, afirmando mesmo que “a crise tem ajudado ao negócio. Como os coleccionadores têm menos dinheiro, não passam férias fora ou pelo menos gastam muito menos dinheiro, e vêm à loja e gastam algum desse dinheiro que poupam em BD antiga para as suas colecções.” Nuno diz ainda que “venho sendo beneficiado nesse aspecto e posso dizer que de momento isto está a correr bem. As colecções que saem com os jornais são também positivas, porque geralmente não são completas e há sempre pessoas a procurar *aqueles livros* que não saíram.”
Ainda no mesmo tópico, observando os operadores do mercado as opiniões também divergem. José de Freitas sugere que “devíamos olhar antes para a diminuição de edições das editoras tradicionalmente ligadas à BD,” como forma de ponderar a existência do mini-boom, “e ver que apenas uma cresceu em número de edições – a Devir Edições – que quase duplicou [a quantidade anual de títulos], o que significou um aumento de… 3 ou 4 livros! A ASA editou bastante menos e a Vitamina BD/BDmania virtualmente desapareceu em termos de edições. E quando se aclama a «força»” de uma editora como a Kingpin, que mais estamos fazer senão a confirmar a quase morte da BD no nosso país? Isto nada tem a ver com a qualidade das edições da Kingpin ou do projecto editorial, mas se considerarmos as tiragens e vendas… Em muitos países estaríamos a falar de fanzines de qualidade e não de edições regulares… Pode ser que dê o salto para uma visibilidade maior no mercado, mas tal ainda não está provado.”
Sem o contrariar, Geraldes Lino mantém uma postura mais positiva, indicando que apesar da realidade inquestionável sobre as novas tecnologias e leitura de BD, nomeadamente os formatos CBR, “há quem teimosamente continue a editar, optando embora por fazer tiragens, ou seja, mais realistas. É o caso de umas tantas pequenas e corajosas editoras – a Polvo, Qual Albatroz, Mundo Fantasma, El Pep, Mmmnnnrrrg, Opuntia Books, Kingpin, Imprensa Canalha, etc – que são exemplos desta política pragmática. E há igualmente quem, imprevistamente, prolongue até à BD a sua actividade editorial, designadamente, as Contraponto e Saída de Emergência, o que veio dar um colorido estilístico diferente ao panorama.”
Paralelamente a frisar iniciativas como a parceria ASA/Público, que “voltou às bancas com a colecção dedicada à personagem Thorgal e, repentinamente, surgiu a chancela Levoir, menos conhecida entre nós, mas que foi responsável pela edição, em volumes cartonados com relativamente boa apresentação, de duas séries de super-heróis Marvel,” às quais se juntou recentemente uma nova, dedicada aos Super-Heróis DC, e faz igualmente menção especial à Devir, relativamente à aposta em títulos de BD a preto-e-branco mas de maior frequência de edições, com as séries “Death Note”, “The Walking Dead”, e também obras de autor, como “Comprimidos Azuis”.
Outro agente deste suposto mini-boom é a Net2Com, que Geraldes Lino descreve como “uma editora especializada em séries clássicas franco-belgas, oriunda de Espanha e publicitada durante o Festival BD da Amadora, que entrou no nosso mercado pela via virtual da Net, mas também com edição em papel.”
Para Maria Yasmin, a ideia é interessante e faz sentido em termos de negócio, pois “a editora espanhola, aquando negoceia os direitos, deve negociar para Espanha + Portugal. Para a editora estrangeira detentora dos direitos, seja Casterman, Dargaud etc, isso é óptimo. E provavelmente imprimem em simultâneo a versão espanhola e a portuguesa, e portanto diluem os custos de impressão.” Todavia, adverte que resta ver como resulta em termos de comercialização, pois “a venda online é residual no nosso mercado e o grosso das vendas terá sempre de passar pelo retalho tradicional – a menos que o objectivo da editora seja manter-se apenas no circuito net, mas isso parece-me pouco realista e viável em termos de lógica de empresa. Mas na verdade a variedade e opção de escolha é sempre positivo. O público e os leitores ficam beneficiados.”
Além do plano editorial da Net2Com, outra boa notícia foi a aposta da Goody, que Maria Yasmin diz ter vindo “suprir com sucesso uma lacuna no mercado.” Sobre as restantes, diz que “no caso da Contraponto, com o Persepolis acho que fizeram um óptimo trabalho e isso deve ter sido um bom encorajamento para prosseguirem com o Fun Home e os Pequenos Prazeres. A Saída de Emergência têm feito um excelente trabalho noutras áreas e faz sentido que com o sucesso da Guerra dos Tronos, se lancem também na versão BD.”
Já José de Freitas observa todas as novas editoras surgidas por igual: “É simples. Esperar para ver. [Apesar de] não considerar chancelas como a Contraponto, Saída de Emergência ou a Planeta d’Agostini como editoras de BD, embora possam às vezes editar alguns livros de BD.” O editor distingue que “a Goody ocupa um lugar especial, o das edições em banca, e veremos qual o sucesso que a Disney obterá este ano de 2013. Quanto a Planeta D’Agostini, também não é (em Portugal) editora de BD, embora já tenha feito outras colecções de BD no passado (p.ex. Dragonball ou uma colecção mais antiga de Star Wars), e será responsável este ano de 2013 por provavelmente quase metade dos títulos editados. O sinal mais verdadeiro da saúde da BD em Portugal será dado, isso sim, pelas editoras de BD tradicionais, ASA, Devir, Polvo, etc e nessa medida talvez só a Netcom2 possa proporcionar uma boa notícia. Veremos.”
Sobre toda esta ampla oferta, Maria Yasmin pondera que “isto também pode ser consequência do facto do mercado nas outras áreas, como por exemplo a literatura (romance, novela, etc) estar tão saturado e com demasiada oferta, que os editores procuram outras alternativas que estejam menos «sobrecarregadas». Não sei se haverá um «mini-boom» da BD, mas actualmente um editor não pode ter todos os ovos no mesmo saco. Longe vai o tempo em que um editor só fazia um género de livros; hoje é preciso ter algum jogo de cintura e ir diversificando o catálogo por outras áreas, ir procurando noutras apostas um caminho que ofereça algum sucesso em termos de vendas e que minimize o risco de outra aposta e investimento falhados. Afinal de contas, as editoras são empresas e para continuarem a existir, precisam de fazer bons negócios. Do ponto de vista dos leitores, isto é óptimo: venha a oferta variada, venham os preços mais competitivos, venha um leque de escolhas para todos os gostos!”
O mesmo sentimento é partilhado pela Maria José Pereira, para quem “o facto de existirem disponíveis no mercado mais livros de BD, é sempre bom para os leitores, pois têm à disposição mais opções de compra.” Ao passo que, para Geraldes Lino, “mesmo em exígua quantitativamente, a produção editorial [do sector da BD] é capaz de ter ultrapassado a capacidade económica de muitos de nós, leitores/coleccionadores compulsivos.”
Apreciando a problemática mais a fundo, José de Freitas partilha: “a minha definição de mercado de BD passa pela existência de algum tipo de plano, de direcção editorial numa editora que se concebe a si própria como editora de BD enquanto «género». Meia dúzia de editoras a editarem alguma BD de modo desgarrado, ao sabor das modas ou das oportunidades, não fazem um mercado de BD, porque não têm projecto de edição que assegure que procurem mais livros para fazer dentro do género, e que quando esta ou aquela moda passarem, continuarão a editar BD. Se não houvesse Guerra dos Tronos e George R. R. Martin, três editoras tinham saído de cena em termos de BD. Se o Público não tivesse decidido arriscar numa colecção de super-heróis, tinham desaparecido do mercado cerca de… 20% dos títulos editados este ano!”
Adianta ainda que, “o último boom que vivemos em Portugal – de 2000 a 2004 – esse foi um boom de facto, porque havia projectos e direcções por trás das editoras que se propuseram editar BD regularmente. Além disso, historicamente, estamos perto do mínimo de BD que se editou em Portugal desde sempre. Houve anos em que se editaram 200 a 300 livros por ano*, e nem sequer estou a falar de tiragens e vendas. Em 2012, pouco teremos passado dos 120.”
(*Nota de Redator: Nesses anos, a Central Comics fazia uma apreciação anual de tendências editoriais e de contagem de edições, que depois servia de base para resenhar por outros canais noticiosos, e que chegou a contabilizar um recorde de 490 títulos, em 2005)
“Dito isto,” continua José de Freitas, “e porque não quero acabar numa nota negativa, há motivos de contentamento para os fãs e nem tudo é mau. Por um lado, há uma tendência agradável por parte de editoras que não têm a ver com o género, de estarem dispostas a editar BD quando isso lhes convém, ou quando identificam uma oportunidade. Obviamente, isso condiciona o tipo de livros editados: serão romances gráficos, ao estilo do Blankets ou Persepolis, etc… que tenham saída junto do público que não é leitor de BD, ou então serão livros ligados a marcas ou licenças que garantam alguma saída, como é o caso da Guerra dos Tronos. Essa tendência da BD chegar a um público mais largo e mais generalista é boa, porque garante que haverá sempre livros a serem editados, mesmo que fora de algum plano mais geral. De igual modo, os anos de 2012 e 2013 foram (são) ricos de colecções de BD em banca: Thorgal, Marvel, Star Wars, talvez mais. Mas mais uma vez, são casos pontuais, e se pensarmos no contexto do nosso país, de profunda crise de distribuição, quer em livrarias, quer em bancas, e de grande crise ao nível dos jornais impressos, não há grandes motivos para estar optimista.”
Em conclusão, “tivemos e teremos em 2013 a oportunidade de coleccionar alguns livros de qualidade e a preços muito mais acessíveis do que o normal. A crise da distribuição tradicional (lembremos a falência da Sodilivros, por exemplo, que chegou a ser distribuidora de quatro editoras de BD), também pode criar alguma oportunidade para editoras pequenas trabalharem o nicho da BD de modo independente, e funcionando como «fornecedoras de fundos», embora seja quase garantido que isso será em quantidades muito pequenas. Em parte já a Devir o faz, alicerçando-se no facto de possuir uma distribuição própria ligada aos jogos, que lhe permite chegar a algumas livrarias, e será certamente o caminho a desenvolver por outras pequenas editoras. Finalmente, não quero acabar esta minha resenha do ano sem falar da Polvo, que continua a manifestar a sua resiliência, muito por força e motivação do Rui Brito, e que editou um excelente Três Sombras**, numa edição de grande qualidade, qualidade aliás que a Polvo poucas vezes manifestou, já que muitas das suas edições eram mais simples, suponho que por motivos de orçamento disponível. Espero que seja um sinal que tenha continuação neste ano de 2013.”
(**Nota de Redator: Além de ter vencido recentemente o XI Troféu Central Comics para Melhor Publicação Estrangeira, com o álbum Três Sombras, o trabalho esmerado de Rui Brito na Polvo e a colaboração de longa data com o autor Rui Lacas, trouxe-lhe também os prémios Melhor Publicação Nacional, Melhor Artista e Melhor Argumentista, pela obra Hän Solo)
Assim sendo, dadas estas perspectivas profissionais, que acham vocês? É plausível dizer que passamos um mini-boom editorial, mesmo que não seja correspondido em vendas?
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Dário é um fã de cultura pop em geral mas de banda desenhada e cinema em particular. Orgulha-se de não se ter rendido (ainda) às redes sociais.
Parabéns pelo excelente artigo!
Está muito completo, bem escrito, e interessante.
Continuem com o excelente trabalho. No que toca a mim, venho diariamente espreitar 🙂
Abraço!
Filipe Atanázio
Por acaso não se esqueceram da Panini Portugal que praticamente todos os meses tem à volta de 9 lançamentos?
Não se referiu a Panini porque só se falou de edições nacionais e as revistas da Panini são edições brasileiras. A mesma coisa com as edições Maurício de Sousa…
Eu praticamente só compro com jornais se me agradar tipo Marvel/Dc os 4 primeiros Star wars,ou ediooes completas tipo Oh Miudas com desconto de 20% ou mais,o resto leio via importados,logo nao acredito nem acreditei no mini-boom,preços altos distribuição tosca quando ha,alias a goddy já comecou a despachar as 1as sobras da em packs dos titulos que lancaram a um ano,e a Devir para mim deu o 1 tiro no pé a passar a só distribuir via bertand mas lá mais para a frente se verá.Alem das da loja de lisboa a G-floy nem Hellboy nem nada será que tambem já-foi desta para outra.A net com tal coma a Asa tem bons titulos mas um preço upa,upa.
Coleçoes em Portugues de Portugal nunca mais e não sou o unico.
Eu basicamente também selecciono as opções de pvp para comprar o que agrada. Num mercado global as editoras têm de contar com os que os vizinhos e editoras originais oferecem também. Não são isoladas no seu pelouro, isso era antigamente.
Só desacordo do José de Freitas quando fala da pouca qualidade da Polvo: não sigo a editora desde o começo, mas desde que começou a editar livros franceses que as tiragens são ambiciosas e a qualidade impecável, seja a cartonado ou capa mole! E mesmo antes, a maioria dos livros de autores portugueses, pela qual sempre foi reconhecida, sempre teve bons acabamentos e alta projecção. Até lembro que alguns chegavam a ter várias reedições. Por isso sempre considerei a Polvo num nível mais perto da Asa, Devir e VitaminaBD do que as restantes editoras mais independentes.
Dário, talvez tenha sido por um lado injusto com a Polvo, por outro lado talvez me tenha explicado mal. Estava a pensar em edições que eles iniciaram. As coedições não contam, claro, porque se está sempre a trabalhar num projecto que outra editora fez, e a qualidade é dessa outra editora. Os álbuns franco-belgas que a Polvo editou foram impressos pelos detentores dos direitos, Delcourt ou Glénat, etc… Estava a pensar mais em livros como o Persépolis ou A Filha do Caranguejo, em que claramente, na minha opinião, a “pobreza” da edição prejudicou as vendas e mesmo a manutenção dos direitos (no caso do Persépolis). Mas de qualquer modo, como disse, acho que a Polvo está de parabéns porque a edição do Três Sombras é muito boa (e foi legendada aqui pelo nosso amigo Hugo Jesus!) e tem a qualidade necessária, nem mais, nem menos.
Como dizia meu professor de economia, a crise é a porta de grandes oportunidades, assim como foi no Brasil nos anos 80 e 90, com a crise, e foi uma das épocas mais promissoras em termos mercado de comics. O leitor vai gastar no que mais prefere BDs, é uma leitura gratificante que jamais saíra de moda.
O Manuel ali em cima referiu um ponto fundamental mas que é continuamente ignorado nestas análises de mercado: a disponibilidade quase imediata das inúmeras edições internacionais que são editadas todos os meses.
Se contabilizar-mos apenas as edições nacionais e as internacionais que aparecem nas bancas portuguesas então vemos que o leitor tem de fazer muitas opções e jogo de cintura económico todos os meses.
José de Freitas diz que “Em 2012, pouco teremos passado dos 120”. Ou seja uma média de 10 edições nacionais por mês para opção de compra fora as internacionais já referidas. Em termos globais até podem ser consideradas poucas edições mas eu sinceramente tenho dificuldade em adquirir tudo o que queria para a minha colecção e isto só em edições nacionais. As editoras portuguesas já há muitos anos que não estão sozinhas no mercado mas algumas continuam a pensar num mercado nacional isolado do resto. E isto é bem visível nas opiniões dadas no texto.
Enfim, de tudo o que foi dito estou mais inclinado para o que afirmou o sempre esclarecido Geraldes Lino: “mesmo em exígua quantitativamente, a produção editorial [do sector da BD] é capaz de ter ultrapassado a capacidade económica de muitos de nós, leitores/coleccionadores compulsivos.” Nem mais!
De resto fazem falta mais textos como este do Hugo Jesus de análise ao mercado que sejam motivadores de troca de opiniões.
Obrigado André, mas apesar da ideia ser minha e ter sido eu a abordar os convidados e a recolher as respostas, foi o nosso colega Dário Mendes que teve o trabalho de produção e escrita do artigo. 🙂
Parabéns ao Dário e Hugo Jesus pelo artigo.
Pois é Hugo, erro meu! E ainda por cima está o nome do Dário Mendes bem visível depois do título.
E agora que tal um artigo que contemple a edição de autor e a dita independente?
Gostei bastante do artigo e espero poder ler mais destes, mas a sério, e sem querer ferir susceptibilidades, é uma pena que um artigo desta excelente qualidade esteja povoado por palavras inglesas completamente desnecessárias. E por favor não me venham dizer que é força de hábito. Eu vivi, trabalhei, estudei em Inglaterra, os livros que leio são em inglês assim como os filmes, e nunca conheci ninguém que andasse lá por fora que fizesse isto num artigo. Só o pessoal de cá. Eu sei que são opções, se calhar até editoriais, e cada escritor é um escritor. Se achasse que o artigo está mal escrito, nem dizia nada. Mas considero este artigo dos mais completos que já li nesta página e acho uma pena que de três em três linhas haja um ‘insert here’ de uma palavra inglesa. Sem querer chatear mais, repito, gostei bastante do artigo. Não fosse os ‘inglesismos’, completamente profissional e ao nivel dos nossos melhores jornais. Abraço.
ps – E já agora, se o fizerem, façam-no com inlês correcto;
“…2012 and 2013 foram (are) ricos de…”
‘foram’ em inglês é ‘were’.
Apaguem este meu comentário se o desejarem, é só uma pequena correção ao texto que me saltou à vista e quase me arrancou os olhos 😀 Mais uma vez, abraço e continuação de um bom trabalho.
Olá Luís. Não vejo esse popular de estrangeirismos que referes. Esse “(are) não existe!! Podes dar mais exemplos? Eu penso que aí o teu browser é que está a traduzir automaticamente textos…
Já estive a verificar noutro computador e é mesmo do meu browser 🙂 Estava a ficar preocupado que isto fosse uma nova tendência popularizada pelo facebook e estava a ficar preocupado. De qualquer forma é estranho pois o browser só me faz isto neste site. Já agora deixo aqui algumas das ‘pérolas’ com que me deparei ao ler o artigo para melhor compreenderem porque me resolvi expressar 😀
1ª vez em que o José de Freitas fala “…Mas na verdade, não penso que o momento seja muito bom. Moreover…”
1ª vez em que a Maria José de Freitas fala “…dou-te um exemplo: estamos em crise, but [a Asa está] a aumentar as suas exportações).”
3ª vez em que José de Freitas fala “…propuseram editar BD regularmente. Furthermore, historicamente, estamos perto…”
Conclusão de José de Freitas “…(lembremos a falência da Sodilivros, for example, que chegou a ser…”
Conclusão do artigo “Thus, dadas estas perspectivas profissionais, que acham vocês?…”
Como disse, já estava a ficar com os olhos trocados.
Curioso, agora o meu browser também já parece estar ‘normal’ :S Bem, não interessa. Excelente artigo e o resto é conversa. Venham mais destes.
LOL! Boas pérolas!
Mas deve ser o plug-in de tradução que deve estar a dar problemas. Se der mais vezes avisa-me para desliga-lo.
Obrigado pelas palavras. Vontade temos em fazer este tipo de artigos, falta-nos é tempo! 😉