A antevisão da BD portuguesa para 2022!
Tal como fizemos em 2021, destacamos algumas edições portuguesas que os fãs podem esperar na primeira metade de 2022 e antecipamos outros projectos planeados para mais tarde no ano.
2021 arrancou com a expectativa das vacinações irem reabrir o sector a tempo do verão, o que se verificou mais tarde do que esperado, no início do Outono, com o 16º Festival Internacional BD de Beja. As portas editoriais foram então escancaradas e os leitores obtiveram imensas novidades, tanto de origem nacional como traduções de obras estrangeiras, embora nem todas as edições anunciadas em Dezembro passado tenham sido materializadas.
Assim, começamos por frisar os projectos que acabaram por transitar para o próximo ano; falamos de Bird de Diogo Campos (arg.) e Hugo Teixeira (des.), Butterfly Chronicles de João Mascarenhas, Co.Br.A. – Operação Goa de Marco Calhorda (arg.) e Daniel Maia (des.), Espectro de Paulo Montes, O Jogo de Nil de Pedro Cruz, Guerra nas Margens do Rovuma de MAF, O (In)feliz Pacto de George Walden, de André Morgado (arg.) e Rodolfo Oliveira (des.), e O Paladino Amarelo de Diogo Almeia (arg.) e Paulo Montes (des.). No campo das antologias, ficou por sair 25 Anos aos Quadradinhos de Véte, Aurora Boreal em Reflexos Partilhados de José de Matos-Cruz e outros artistas, Fantasia Estúdios: 25 Anos de vários autores, O Terceiro Degrau de Sérgio Santos, e Zona: 10 Anos da Assoc. Tentáculo e autores convidados.
Destes, podemos antecipar os lançamentos de Co.Br.A. – Operação Goa em Janeiro e de Aurora Boreal no 1º trimestre e, no 2º trimestre, de Zona: 10 Anos e 25 Anos aos Quadradinhos.
Passemos a destacar as novidades frescas:
O autor Luís Louro prepara para edição no 1º trimestre o livro de tiras humorísticas Os Covidiotas 2, pela Ala dos Livros. Esta segunda compilação dos webcomics iniciados pelo autor durante os confinamentos de 2020 irá focar-se na fase posterior da pandemia e reunirá as tiras criadas no presente ano, indo incluir trabalhos inéditos. Resta saber que brinde trará a publicação desta vez, depois da oferta da máscara e do papel higiénico no 1º volume!?…
O autor também concluiu recentemente uma outra obra para edição no próximo ano, mas ainda guarda segredo sobre ela.
Da dupla André Oliveira (arg.) e André Caetano (des.), termina a espera pela muito aguardada sequela de Volta: O Segredo do Vale das Sombras, com a continuação deste bem-recebido álbum a devolver aos leitores o ciclista Campeão. Publicada pela Polvo em 2015 e distinguida nesse mesmo ano com o Prémio Nacional de BD para Melhor Argumento Português, a obra apenas aguarda por uma data de lançamento.
Também do André Oliveira está em preparação pela Kingpin Books uma reedição de Milagreiro, publicado originalmente pela Polvo em 2015, com arte de André Caetano, Filipe Andrade, Nuno Plati, Ricardo Cabral, Ricardo Tércio, Ricardo Drumond e Jorge Coelho, ilustrador da capa. Deste último, será também incluída na edição a BD curta “Monte Morte,” recuperada do TLS Series vol.2.
Os autores Pedro Serpa (arg.) e Rita Alfaiate (des. e cor) regressam ao sector numa parceria em novela gráfica dirigida ao público Jovem Adulto. Ainda sem data de edição prevista, Ninguém mora Aqui passa-se em Lisboa no início do novo milénio e conta a história de três rapazes de vinte e tal anos que herdam uma vida de crime e sofrem uma violenta mudança nas suas vidas após um acontecimento inesperado.
Para o ilustrador Pedro Serpa esta é a primeira obra de fôlego escrita para outro desenhador(a), após a breve colaboração no álbum antológico brasileiro Aqui e Acolá (2015), com Samanta Flor; assim como é o primeiro álbum ilustrado pela Rita Alfaiate em colaboração com um escritor, a par da participação com Nuno Duarte em história curta em Legendary Horror Stories (2019).
Do co-autor Daniel Maia e José de Mato-Cruz (arg.), teremos no 1º semestre a reedição de Infante Portugal em Universos Reunidos, que irá incluir novas páginas ao comic de 2017 (vencedor do XVI Troféu Central Comics para Melhor Obra Curta), divididas entre a narrativa principal e um epílogo inédito. O super-herói, criado em 2004 e publicado em trilogia de prosa ilustrada entre 2007-2012, terá assim uma edição definitiva em formato de álbum.
Ainda de Daniel Maia, agora com arte-final de Daniel Henriques e participação especial de Susana Resende, será publicado Mala-Posta (título provisório), um álbum promovido pelo município do Montijo, com cariz documental e aventura à mistura, que visa acompanhar as celebrações em volta dos 500 anos do Correio-mor em Portugal. Mala-Posta é baseado em relatos reais de meados do séc.18 e narra as viagens pela rota sul, entre a Aldeia Galega (actual Montijo) e Badajoz, onde as carruagens com o correio e passageiros enfrentavam terrenos acidentados e ataques de bandidos.
O autor Diogo Carvalho, criador de Obscurum Nocturnus e Free Lance, e ainda membro fundador das antologias Ditirambos, prepara o regresso a solo aos escaparates portugueses com Sol (título provisório), uma novela gráfica de 140 páginas a cores, alinhada nos géneros Western e Ficção Científica. A obra ainda não tem editora ou uma data de lançamento definida.
Também de regresso estará a dupla Henrique & Duarte Gandum, que voltam à floresta africana para continuar a sua colecção de horror & aventura, com Congo III. Neste volume, o explorador Silvano assume a chefia do grupo na sequência do desaparecimento do líder da expedição, Afonso Ferreira, dando-se seguimento à narrativa do vol.2, No Coração das Trevas, e do álbum intercalar Amélia: Uma História do Congo.
O autor Luís Guerreiro, que se estreou a solo com a Colecção Toupeira #13: Certo Senhor, Tijoleiro, de seu Nome (2018) e foi granjeado nesse ano com o Prémio Geraldes Lino, planeia uma nova edição em parceria com o município de Serpa, intitulado Os Besteiros de Serpa, uma obra que se prevê para o 1º trimestre do ano. O álbum terá 48 páginas a P/B e narra os acontecimentos reais sobre a criação dos Besteiros de Serpa, a primeira milícia (tropa de elite) do exército português, sob o reinado de D. Dinis, em 1299.
O autor/editor Mário André, que recentemente se estreou a solo com a novela gráfica A Implosão, anunciou estar a preparar uma nova série dedicada a adaptar os romances policiais de Fernando Pessoa, que constituem uma faceta literária menos conhecida deste gigante da língua portuguesa. A colecção Quaresma, o Decifrador será composta por álbuns autoconclusivos e independentes, onde o protagonista Abílio Quaresma, um médico sem clínica e assumido decifrador de charadas, aplica o seu inefável raciocínio dedutivo à resolução de mistérios insólitos que assolam as ruas de Lisboa do início do séc.XX.
Com o autor prestes a concluir a produção do 2º livro, o seu selo editorial Kustom Rats irá publicar pelo menos os primeiros dois álbuns em 2022, intitulados O Caso do Quarto Fechado e Crime.
Da autora Patrícia Costa, que entrou de rompante no sector com a auto-edição dos dois primeiros volumes da série Crónicas de Enerelis, financiados através de apoio público e totalizando mais de 300 páginas, vamos ter em Junho/Julho o Volume 03: Sombras. O livro será de novo acompanhado por um vislumbre do vol.4, em formato de fanzine exclusivo, com material da introdução e do 1º capítulo desse livro.
Em Sombras, a trupe do aprendiz de maegian Eyren Caeli continua a sua formação e, na missões seguintes, descobre novos poderes entre si. Porém, a magia acarreta sempre um lado sombrio e nenhum deles será excepção. Esses poderes têm um reverso que porá à prova todas as certezas!
Do autor Sérgio Santos, que referimos acima também ir editar a terceira compilação das suas histórias curtas, podemos ainda esperar uma outra coletânea de BDs, intitulada AS-1000, prevista igualmente para o último trimestre. AS-1000 será uma antologia de formato A4, com histórias de temática fantástica e de ficção científica.
O autor/editor Phermad, aliás Fernando Madeira, para além de ir colaborar noutros projectos previstos para 2022, também planeia uma compilação das suas histórias curtas, tiras humorísticas e cartoons, inclusive trabalhos premiados, alusivos aos seus 25 anos de actividade na comunidade de BD. Ainda sem data definida para lançamento, esta retrospectiva terá como título Vinte e tal.
Por último, da dupla Marco Fraga Silva (arg.) e Matthiew Pereira (des.), com Sofia Pereira (cor), vai estrear a 25 de Dezembro o webcomic Crónicas do Tempo e do Espaço: Uluru, um conto de ficção científica sobre um jovem que embarca numa viagem de exploração e autodescoberta pelo interior do continente Australiano, enquanto se tenta emancipar dos seus pais artificiais, o robot Talus e a entidade cibernética UCIA.
Uluru será publicado online até Maio de 2022, em quatros línguas, no website oficial e página do Facebook, estando também disponível nas plataformas Webtoon, Tapas e Flowfo. As traduções estão a cargo de Flávio Silva.
Em matéria de antologias, a duradoura colecção H-Alt retoma o calendário semestral e prevê publicar o #11 em Maio e #12 em Outubro, coincidindo com os principais eventos do país. Para a H-Alt #11 já se confirmam obras curtas de Daniel Maia (des.) e Pedro Serpa (arg.), Mateus Boga, Patrícia Costa (des.) e Mário André (arg.), e de Sérgio Santos, entre outros, sendo a capa ilustrada pelo autor Riccardo Latina.
Também o anuário antológico Apocryphus irá lançar um novo volume, algures no último trimestre do ano. Aprocryphus // Aventura será o 6º volume coordenado pelo autor Miguel Jorge e contará com colaborações de diversos autores, incluindo Artur Filipe, o autor da ilustração de capa.
No campo dos fanzines, o colectivo Tágide prevê publicar mais quatro números de Outras Bandas, começando com o #7 em Março. Este será uma edição com BDs curtas completamente inéditas, onde vão constar os autores António Coelho, Daniel Maia, João Raz, Jorge RoD! Rodrigues, José Bandeira, Mário André, Nuno Dias, Yves Darbos e outros, com capa assinada por Patrícia Costa.
O #8 está previsto para final do 2º trimestre, sendo os demais números lançados no 2º semestre.
E por último, mas definitivamente não menos importante, o ano não ficaria completo sem uma edição do Venham +5, pela Bedeteca de Beja, sempre com coordenação de Paulo Monteiro e capa de Susa Monteiro. O fanzine antológico, que em 2021 comemorou o 25º aniversário, apresenta o #12 onde vai novamente reunir BDs curtas de vários talentos de Beja e convidar também artistas exteriores àquele colectivo, sendo acompanhado por um novo número da Colecção Toupeira.
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.