Crónica: Venda de comics (em papel) foge à crise!
Numa altura em que se esperava um queda acentuada da venda de comics nos EUA, o relatório de vendas de Março tem números surpreendentes. As vendas aumentaram 26.28% relativamente ao mesmo mês de 2012. [fbshare]
Em termos unitários a venda foi superior em 1,139,207 unidades!
Em 2011 o mercado de venda de comics tinha atingido níveis historicamente baixos e foi justamente nesse ano que várias editoras passaram a vender comics em formato digital de forma mais expressiva. Desde então que é possível ler a maior parte dos títulos em versão digital (num PC ou num Tablet) no mesmo dia em que são postos à venda as versões em papel.
Esta inovação causou muito medo, quer nos retalhistas quer nos consumidores, que temeram uma crise ainda maior.
Passados 2 anos vivemos momentos excitantes.
As vendas em formato digital e em papel tem aumentado e todos os meses temos lançamentos de novas séries. Colecções estas que tem sido cada vez mais diversificadas, abrangendo vários temas e com sensibilidades criativas muito diferentes daquelas que estávamos habituados a receber da DC e da Marvel.
Para este aumento podemos identificar alguns factores:
O Reebot da DC, chamado New 52. Este evento levou muitas pessoas às lojas e atraiu leitores que se tinham afastado. Foi a oportunidade de assistir ao renascimento de muitos dos heróis que todos conhecemos.
Filmes como The Avengers e The Dark Knight, que mostram ao grande publico que a BD não é só para geeks e que é no essencial uma forma diferente de contar boas historias.
A diversificação de temas e de séries. A Image tem desempenhado um papel preponderante, na medida em que tem recebido vários autores consagrados e lhes tem dado espaço para alargar ainda mais a sua criatividade. São cada vez mais os escritores/desenhadores que tem sucesso na DC ou na Marvel e depois dão uma “perninha” numa “Created owned series” (série independente cujos direitos são dos autores e não da editora).
Uma das coisas que tornava difícil pegar numa série era a numeração e a longuíssima biografia de alguns personagens.
Falando um pouco da minha experiência, lembro-me que há alguns meses o Francesco Francavilla desenhou um arco do Capitão América (#636-640, 2012–2013). Eu não sou fã do Capitão América, mas sou fã do Francavilla (quem é que não é 🙂 ) e só a numeração da revista foi intimidante! São 636 revistas! Perguntava-me: como é que eu vou perceber o que se passa neste arco? Tenho que ler revistas anteriores? Quantas?
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Também por este motivo a própria Marvel mudou recentemente a numeração da maior parte das suas revistas com o projecto Marvel Now.
O que nota neste momento é que as editoras estão a tentar facilitar ainda mais a vida dos seus leitores. É certo que ainda existem crossovers intermináveis, mas também existem cada vez mais opções.
Se não nos agradar o Crossover Age of Ultron podemos comprar a revista Powers (que é escrita pelo mesmo autor). Se não quisermos ler uma série muito longa podemos optar por uma mini-série como 47 Ronin.
Além destes argumentos, há algo que é muito singular na BD. O papel é insubstituível!
É certo que a versão digital pode ser mais barata e ocupar menos espaço, mas há séries que simplesmente queremos ter nas nossas prateleiras!
Há sempre uma revista com uma capa extraordinária que nós queremos ver, pegar e manusear ou emoldurar e colocar na parede. E também por isto a venda de comics em papel tem aumentado.
Quem é que não quer ter uma capa da série Hawkeye numa moldura?
Já agora, alguém sabe qual é o preço médio da primeira edição do Saga #1 no Ebay?
Nelson Vidal
Pub: Encomenda os teus comics na loja O Lobo Mau:
Dário é um fã de cultura pop em geral mas de banda desenhada e cinema em particular. Orgulha-se de não se ter rendido (ainda) às redes sociais.
O preço médio do Saga #1 no eBay é de 75USD!!