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Cinema: Crítica – A Lenda do Cavaleiro Verde

David Lowery surpreendeu tudo e todos em 2017 com o seu filme História de Um Fantasma, que mudou-nos a perspectiva perante o conceito de morte e perda. Mais tarde, realizou O Cavalheiro com Arma, que acabara por ser o último filme de Robert Redford como actor, uma carta de despedida a uma carreira imensa. Desta vez, as coisas tornam-se medievais com A Lenda do Cavaleiro Verde, adaptado da história Sir Gawain and the Green Knight.

Nos tempos onde do Rei Artur (Sean Harris), a certa noite de Natal, este vê a sua festa a ser invadida por um Cavaleiro Verde (Ralph Ineson), que desafia a mesa de cavaleiros nobres a um jogo. Um deles  podia atacá-lo, mas deverão reencontrá-lo daqui a um ano, para receber a sua retribuição justa. Gawain (Dev Patel), sobrinho do Rei Artur, aceita o desafio, que lhe põe numa aventura como nenhuma outra.

A ideia de novos realizadores abordarem histórias medievais num era pós-Senhor do Anéis e subsequente trilogia de O Hobbit, ou após termos assistido a muitas temporadas de Guerra dos Tronos, demonstra que o género ainda tem muito para oferecer, sobretudo se o material base for interessante o suficiente para um filme que tinha tudo para ser um épico, mas que Lowery não se estende para além do essencial. Não tendo particularmente conteúdo em demasia, onde podemos perder de vista vários detalhes, este filme opta pelo foco da missão de Gawain, na sua jornada, uma semana antes do reencontro.

Pelo meio, este encontra alguns obstáculos que tornam o seu caminho mais ou menos interessante, explorando um pouco o universo que existe fora do castelo e da sua vida de luxo. Mas por algum motivo, nenhum deles o põe em risco, ao ponto de nos deixar nervosos. Pelo contrário, Lowery certifica que o filme perante nós é uma viagem, puro e simples. É na sua contextualização individual que permite que haja alguma originalidade, sem nunca se apoiar em grandes referências ao Rei Artur, nem do seu reino. Esta obra é mesmo sobre Gawain, nem

Acima de uma narrativa determinada e estruturada dentro dos limites do conto original, está uma brilhante cinematografia, que ocasionalmente nos deixa confusos com os ângulos de luz. Por outro lado, está garantido que existe um alto estilo, com imagens notoriamente pensadas e cuidadas, que invocam muitos sentimentos; tudo acompanhado por uma incrível banda sonora, composto por Daniel Hart. Mesmo nas suas personagens, nomeadamente a forma como Alicia Vikander interpreta uma dualidade lendária, demonstra que há uma sensibilidade neste conto intemporal.

Assim, A Lenda do Cavaleiro Verde é, sem dúvida, um dos grandes filmes de 2021. Não muito longe dos outros épicos dentro do seu género, este prova ser uma abordagem alternativa, mais delicada em certos pontos, do cinema medieval visto até agora. No meio da escuridão e da frieza, existe uma beleza que a obra faz questão em mostrar e orgulhar-se disso, com um fantástico protagonista, tudo em apenas duas horas de filme.

Nota Final: 9/10

A Lenda do Cavaleiro Verde é o filme de abertura da 15ª edição do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa e estreia nas salas a 9 de Setembro.

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