Jogos: Análise – Psychonauts 2
Foi na primavera de 2005 que a Double Fine Productions lançou o primeiro Psychonauts, um jogo que ninguém esperava que tivesse hoje um status de culto, muito menos que iria ter uma sequela que continuasse a aventura do tão querido Razputin, no seu desenvolvimento de habilidades psíquicas. Foram precisos 16 anos para que o jogo chegasse às mãos de fãs, que hoje recebem o lançamento do jogo com toda a antecipação que ele merece.
Desta vez, o mundo de Psychonauts mudou e cabe a Raz perceber o que se está a passar, enquanto embarca num conjunto de missões que lhe levam para além das mentes das personagens em seu redor, utilizando um conjunto de poderes como telepatia, pirotecnia e levitação, entre outros, mantendo o seu espírito aventureiro, nos cenários mais louco que verão num vídeojogo.
Na verdade, é na variedade de locais diferentes que Psychonauts 2 ganha mais pontos, com uma incrível originalidade e repletos de cor, mas que também cria uma empatia que reflecte no mundo real, ao pensarmos como seria a mente das pessoas que nos são mais próximas deste lado do ecrã. Isso é demonstrado de imediato nos primeiros momentos do jogo, ou o que poderá ser considerado um tutorial rápido para aqueles que já jogaram o primeiro jogo há muito tempo, onde um escritório rapidamente se torna num universo repleto de dentes. Estas mudanças aleatórias são o que fazem o charme do universo de Psychonauts, onde tudo pode literalmente acontecer.
Por outro lado, temos toda a componente de plataformas, que pode envolver momentos de combate com criaturas bizarras ou resolução de puzzles, das quais é importante prestar muita atenção, pois poderão surgir momentos em que andamos mais perdidos e nem sempre a abordagem correcta é a mais óbvia. A dada altura, fiquei em volta de uma área por cerca de 15 minutos, convencido que tinha que activar um elevador, quando na verdade o procedimento era outro. Não que nenhuma das outras personagens possam me ter dado qualquer tipo de ideia ou pista, mas reforça a necessidade de pensar e viver fora da caixa quando toca a este jogo.
Existe muitos elementos paralelos que merecem a nossa dedicação e atenção, desde coleccionar etiquetas de bagagem emocional, e encontrar ditas malas; a ligar pensamentos, que desbloqueiam um raciocínio, que permitem avançar a missão em mãos; nunca esquecendo das clássicas missões secundárias que nos mantêm extra atentos, caso queiramos apanhar tudo. Num universo com tantas cores, nem sempre será fácil ver tudo, mas explorar cada canto do mapa é essencial para cumprirmos a tarefa.
Em termos técnicos, o jogo beneficiou da evolução da tecnologia dos últimos anos, sendo este pensado para correr nas consolas de nova geração mas nunca alienando quem está na geração anterior. Na versão testada da Xbox Series X, tudo correu sem percalços, onde o framerate variável faz uma grande diferença na forma que o jogo corre. Um dos outros grandes pontos, é a sua fantástica banda sonora que nos acompanha todo o tempo, do momentos mais divertidos, aos mais inquietantes, esta está sempre presente, e não desilude.
Com isto, Psychonauts 2 é uma bomba de nostalgia numa era moderna, onde o mundo e as personagens cartunescas oferecem uma leveza a assuntos sérios da actualidade, sobretudo na compreensão da saúde mental, e que desmistificam os sentimentos que a sociedade tem perante a ideia de não nos cuidarmos mentalmente da mesma forma que o nosso corpo físico. Tudo é feito com uma boa dose de comédia, mas também de empatia e cuidado, onde o perigo tem uma forma mais caricata, retirando-lhe o poder que tem sobre nós.
Nota Final: 9/10
Psychonauts 2 está disponível na Xbox Series X|S (versão testada), Xbox One, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC. O jogo também está disponível no serviço Xbox Game Pass.
O Central Comics agradece à Xbox Portugal.
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.