Crítica: As Férias Loucas de Barb e Star (2021)
Culote: peça de roupa cuja entrada não consta em todos os dicionários da Língua Portuguesa. Mas não faz mal. A única coisa a saber é que se trata da indumentária preferida das protagonistas de As Férias Loucas de Barb e Star.
Com uns culotes para cada ocasião, Barb e Star (Annie Mumolo e Kristen Wiig) não são apenas melhores amigas, são como irmãs e partilham tudo: a casa, o quarto, o local de trabalho, o dia-a-dia. Férias são algo que há muito não faziam. Na verdade, nunca saíram da sua cidade. Uma viúva e a divorciada, são adeptas de uma vida simples, básica e sem grandes adornos. Vivem dos pequenos prazeres quotidianos e da irmandade entre as duas. É preciso um abanão do universo para as fazer mudar de perspectiva. De repente desempregadas e expulsas do “Grupo da Conversa” a que pertencem (oh e se falam pouco), alinham numas férias pela busca do brilho que acham estar a perder. O destino? Vista Del Mar, sítio solarengo e paradisíaco com muita gente, praia, música e mistério. O que ninguém sabe é que Sharon Gordon Fisherman (também interpretada por Kristen Wiig) planeia vingar-se desta cidade por toda a humilhação que lá sofreu em criança.
Há coisas que não podem ser explicadas e As Férias Loucas de Barb e Star é uma delas. Divertida, absurda, inesperada e surreal, esta é uma aventura que nos trai a confiança. É que a primeira palavra que surge para a descrever é “ridícula”. Ora, o dicionário aqui já nos diz que ridículo significa “irrisório ou de pouco valor”, mas o argumento das duas protagonistas e a realização de Josh Greenbaum mostram o que é ser bom de tão ridículo. O que será isso se não sucesso?
Annie Mumolo e Kristen Wiig são cativantes e entregam-se a estas duas personagens de forma tão intensa que é impossível não gostar delas e achá-las genuinamente cativantes e engraçadas. Transformam Barb e Star em seres humanos, mulheres reais que querem viver e sair da caixa uma vez na vida. Quanto a Jamie Dornan no papel de Edgar, o cúmplice de Sharon Gordon Fisherman, é melhor estar preparado. Apaixonado e de coração partido, compete com o Troy Bolton de Zac Efron em High School Musical 2 num dos melhores momentos do filme. A intensidade e dedicação são elevadas, é difícil escolher um vencedor.
Durante todo o filme paira uma loucura sóbria, sem cair no exagero ou na piada fácil. Enquanto argumentistas, Wiig e Mumolo criaram um cocktail de momentos diversos não só para elas mas também para presenças como Vanessa Bayer, Phyllis Smith, Rose Abdoo, Fortune Feimster e Damon Wayans Jr. Toda a construção das personagens, os seus maneirismos e traços de personalidade, parece ter sido pensada com o rigor que esses momentos exigem.
As Férias Loucas de Barb e Star é o filme de verão que devia ter chegado mais cedo, mas que com alguma sorte ainda vai levar os espectadores até ao ar condicionado do cinema. Poderá não ser um filme para todos, mas certamente é um filme que se adapta a várias ocasiões. Leve e bem-disposto fará as delícias de um fim de dia, de uma saída de grupo ou de uma festa do pijama. Ninguém está preparado para o que vai ver e ouvir. Não há trailer ou imagens que façam jus às férias de Barb e Star e só quem viu sabe.
Notal final: 8,5
O amor pela comida é uma constante. O gosto pelo chá de cidreira é variável. Os musicais são uma adi(c)ção crescente. A paixão pelo cinema multiplica-se. Teresa é muito dividida.