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Cinema: Crítica – Ninguém (2021)

Quando John Wick surpreendeu tudo e todos na sua estreia em 2014, tinha-se feito novamente história no cinema de acção, com cenas de luta e tiroteios altamente e brilhantemente coreografados, com uma narrativa simples o suficiente para nos deixar à beira da cadeira.

Duas sequelas depois, e uma fórmula mais ou menos consistente, junto com uma enorme legião de fãs, faz com que a série seja uma das mais admiradas dos últimos anos.

Mas, a perfeição de Wick também é a mesma que lhe retrata como uma personagem invencível, enfrente o que enfrentar. É por isso que a estreia de Ninguém, realizado por Ilya Naishuller (Hardcore) e escrito por Derek Kolstad, o mesmo argumentista dos três filmes de John Wick, faz com que o filme seja uma proposta, no mínimo, curiosa.

Hutch (Bob Odenkirk) é um homem comum, com uma rotina monótona, uma família que mais ou menos gosta dele, vivendo uma vida pacata à espera da próxima coisa entusiasmante. É quando ele se depara com um grupo de gangsters num autocarro, dando-lhes uma tareia e meia que nunca se esquecerão, que traz de volta uma série de habilidades que Hutch tem posto de lado durante muito tempo, acordando um monstro na forma de Yulian (Aleksey Serebryakov), que fará tudo para matar Hutch.

Existe um desencontro entre uma paródia que quer ser levada a sério, e o mesmo assumir-se como tal; tanto que há momentos que contradizem a sua mensagem cinematográfica, enquanto nos oferece doses divertidas de porrada e acção frenética, ou nos faz rir em como este aparente zé-ninguém é, afinal, alguém que, eventualmente, consegue muito bem se defender nas alturas de mais perigo. É o que acontece quando se está muitos anos fora do jogo e Hutch, naturalmente, terá que se adaptar novamente à realidade violenta perante ele.

Este herói improvável encara, mais uma vez, um grupo de assassinos russos, prontos a serem caçados, tal como aparentemente merecem. Só que desta vez, tem o privilégio de ter uma liberdade para fazer ênfase nos clichés e ser politicamente incorrecto, desde mafiosos com dotes musicais ou negros russos, algo que, pelos vistos, não é comum por aquelas bandas. Entretanto, o foco na acção é onde Ninguém brilha mais, com algumas das cenas mais brutais que veremos este ano, com muito sangue, ossos partidos e doses ilimitadas de dor.

Dito isto, Ninguém é um filme que irá agradar a fãs de acção, com um filme que peca por bater novamente nas teclas do costume, adicionando não muito mais que uma componente minimamente humana, vindo com a clara inspiração de John Wick carregado às costas.

Nota Final: 5/10

 

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