Crítica: Tom & Jerry (2021)
Para ajudar a desconfinar, a dupla Tom & Jerry invadiu os cinemas portugueses . Na companhia de actores de carne e osso, guiados pelo realizador Tim Story e pelo argumento de Kevin Costello, resta saber se a nova aventura chega para satisfazer as memórias de várias gerações.
Companheiros de longa data, dispensam grandes apresentações. Tom é um gato que lida com a frustração constante de não conseguir apanhar o rato Jerry. Muitos foram aqueles que cresceram com as suas peripécias e, claro, levante a mão quem ainda achava que Jerry não passava de uma vítima inocente. Deve ser geral o entusiasmo despertado quando algo que marcou a nossa infância é anunciado no grande ecrã. Na verdade, não são novatos neste formato, mas o que os imortaliza são efectivamente as curtas-metragens.
Em Tom & Jerry, os dois são transportados para a vida real, para uma Nova Iorque invadida por animais animados (literalmente). Em busca de lar, os dois acabam por disputar um lugar no famoso Royal Gate Hotel. Para ajudar às complicações, este é o hotel que o casal sensação, Preeta (Pallavi Sharda/Soraia Tavares) e Ben (Colin Jost / Marco Medeiros) , escolheu para o seu mega casamento indiano. Para roubar as atenções, junta-se ainda à festa Kayla (Chloë Grace Moretz/Sara Matos ), uma jovem que vê uma oportunidade de quebrar o seu historial de empregos de curta duração.
Conheça aqui as vozes portuguesas: Tom & Jerry: as vozes portuguesas do novo filme
Com um elenco que cumpre, uma realização com o tacto necessário e alguma dose de entretenimento, o argumento fica um pouco a desejar. É uma história que se confunde na sua própria confusão e que poderá ser de mais fácil entendimento a graúdos do que a miúdos. Acredito que as novas gerações ainda não conhecem as peripécias de Tom e de Jerry; acredito também que um adulto quando acompanhado por uma criança tenha uma visão diferente do filme; mas é difícil fugir ao problema que Tom & Jerry carrega consigo: a falta de Tom e de Jerry. É inegável a presença das dinâmicas já conhecidas, e personagens como Spike (Bobby Cannavale/Quimbé) ou Butch (Nicky Jam/Renato Godinho) têm os seus momentos de destaque. Contudo, o que devia ser o centro das atenções acaba por se tornar secundário, perdendo até a graça a que nos habituaram. Na impossibilidade de arranjarem um gato e um rato com nomes diferentes, “Um casamento estrondoso com Tom & Jerry” podia ser um bom título alternativo.
Quando são feitas transições de formato como esta, espera-se algum tipo de transformação, um maior desenvolvimento, que as personagens tenham efectivamente um contributo essencial na história. Tom & Jerry não mereciam que o seu nome ficasse pelo título com efeito meramente decorativo. Cerca de cem minutos de filme acabam por ser demasiado. No final, fica a vontade de regressar a casa e rever os vários episódios que tanta vida dão a estas duas personagens de animação.
Tom & Jerry conta ainda com Michael Peña (Bruno Ferreira), Ken Jeong (Manuel Marques), Patsy Ferran (Adriana Moniz) e Jordan Bolger (Pedro Bargado).
Classificação: 4
O amor pela comida é uma constante. O gosto pelo chá de cidreira é variável. Os musicais são uma adi(c)ção crescente. A paixão pelo cinema multiplica-se. Teresa é muito dividida.