Análise: “Kemono Jihen” (Netflix/Funimation)
Na passada temporada de animes de inverno de 2021, juntamente com a continuação de séries como “Dr. Stone” e “Attack on Titan”, tivemos algumas novidades e uma delas foi “Kemono Jihen”.
Nesta adaptação da manga original de Shō Aimoto (“Muddy” e “Hokenshitsu no Shinigami”), encontramo-nos num mundo onde criaturas do folclore japonês (kemono) são uma realidade e coexistem em segredo com a população humana.
A narrativa inicia-se com Inugami, um detetive de uma agência sobre o oculto, a visitar uma aldeia no interior do Japão após uma série de corpos de animais serem encontrados apodrecidos em noites seguidas. Ao investigar estas estranhas mortes depara-se com Kabane, um orfão peculiar, que apesar de ser ostracizado pelas restantes crianças parece manter o seu sentido de moral intacto.
Durante a investigação, Inugami apercebe-se que Kabane é algo mais do que um simples rapaz, é na verdade um meio-humano meio-ghoul, e o amuleto que lhe foi deixado pelos pais é a chave para impedir que a sua metade sobrenatural venha ao de cima. Inugami, ele próprio um bake-danuki (espécie sobrenatural de guaxinim com poderes de transfiguração), decide então colocá-lo sob a sua alçada e ajudá-lo a encontrar os seus pais biológicos. Kabane junta-se assim à sua agência de investigação, que tem como outros jovens membros Shiki (meio-humano meio-arachne), Akira (kemono da neve) e Mihai (vampiro).
Este é um anime que retratar alguns temas do folclore japonês poucas vezes falado, dando um twist de ação muito ao género shounen. As personagens são interessantes e o seu crescimento pessoal e as relações entre elas são visíveis ao longo dos episódios, onde vemos desenvolver-se um grupo familiar e unido. Cada novo episódio traz um novo caso, sempre com a história de fundo associada a alguma das personagens principais, revelando-se um pouco mais dos mistérios por detrás de cada um dos intervenientes.
Apesar do aparente aspeto infantojuvenil do anime, desde o primeiro episódio que podemos observar alguma violência e temas mais maduros, como as consequências do abandono, maus-tratos, o ciúme e sentimentos de culpa. Tudo questões que só enriquecem o crescimento destas personagens e nos fazem sentir mais próximo delas.
Em termos de qualidade de animação, não existe nada a apontar, muito pelo contrário, uma vez que apresenta um traço muito bom e nenhuma falha aparente, até mesmo nas cenas de ação. Uma vez que o estúdio por detrás desta animação, o Ajia-do Animation Works Inc, possui poucos trabalhos de renome, este anime acaba por ser um agradável reconhecimento do seu talento. A banda sonora por sua vez não se lhe fica atrás, com uma música final das melhores nos últimos tempos, dando pena não ser a própria intro do anime.
Como ponto negativo principal temos que infelizmente só está disponível ao público português através da utilização de uma VPN na Netflix Japão e Funimation nos USA e Inglaterra, não existindo nenhuma previsão futura de estar disponível em mais nenhuma plataforma.
Apesar do sucesso que o anime teve e da comunidade de fãs por detrás, não existe confirmação de futuras temporadas, mas o potencial da história de forma alguma impede que possa ainda vir a acontecer.
Na minha opinião recebe um 8 em 10.
Desde criança que nutre um carinho pelo audiovisual, ao ficar a ver as séries e filmes estrangeiros com os adultos, mesmo depois das horas de deitar. Mais tarde, como jovem, descobriu um gosto especial pela cultura japonesa, indo de anime a Nintendo.